Américo Amorim parece querer dizer: "A minha fortuna ainda é só deste tamanho!" |
A notícia de que a fortuna do senhor Américo Amorim duplicou "em apenas um ano, com a subida de flecha do preço das ações que detém na Galp Energia, no Banco Popular e na Corticeira Amorim" faz-me invocar outras tantas notícias que dão conta que, no mesmo período de tempo, aumentaram o número de sem-abrigo, foram cortadas as pensões e os salários de milhões de portugueses e que as desigualdades económicas e sociais se extremaram em Portugal. Ora, se a fortuna de alguns aumenta pelo efeito benéfico dos mercados financeiros, que sentido faz que a desgraça de muitos outros aumente também pela ação dos mesmos mercados (que exigem cortes e sacrifícios para continuarem a financiar o Estado)? Que forças permitem que as mesmas bolsas sirvam para enriquecer alguns, enquanto prejudicam a vida de tantos outros? E como conseguir estar no lado certo dos mercados: aquele que enriquece e não aquele que destrói as nossas vidas? Se os mercados financeiros têm de existir (dizem que servem para distribuir de forma eficiente os recursos entre quem poupa e quem precisa de capital), não o poderão fazer de forma equilibrada, evitando a consequência perversa de estarem a construir um mundo preenchido apenas por milionários e pobres?
Estamos no século XXI, mas não muito diferentes das sociedades esclavagistas de há uns milénios, quando uma corte de poderosos era servida por uma legião de escravos, que apenas podiam optar entre a servidão e a indigência. Está na hora de pensarmos nisto.