sábado, 31 de outubro de 2009

Outubro


...e terminou Outubro. Um dos mais belos meses do ano (os outros são Novembro e Dezembro). Todavia, do Outono ainda não temos muitos sinais. Houve alguma chuva, pequenas oscilações de temperatura, mas nada de especial. Este Outubro tímido - um Outubro que ainda não se fez Outono - faz-me sentir saudades do tempo em que as quatro estações do ano assumiam a sua condição. Esperemos que isto não seja um (mau) sinal dos tempos, mas apenas um ano mais quente que o costume.

De resto, foi um mês com muito trabalho, eleições autárquicas que não ajudaram a esquecer a decepção dos resultados das legislativas, um novo e belíssimo disco dos Marillion ("Less is More"), dois bons filmes de ficção científica ("Distrito 9" e "Os Substitutos"), uma noite cheia de risos e humor old school ("Aqui Há Fantasmas!"), o convite para participar com o GAEDE no CALE-se 4 (Festival Internacional de Teatro Amador), a participação no Levanta-te e Actua pela erradicação da pobreza extrema, a colaboração no lançamento do novo livro de Rui Fonseca ("No Profundo da Alma Lusitana"), as caminhadas matinais ao Domingo com um amigo de longa data, a estreia das Escolas A do Oliveira do Douro (onde joga o meu filho) com uma vitória por 17-0 contra o Gulpilhares... Ah! E o meu irmão hoje faz anos, ainda por cima um número bem redondo e bonito - um 4 e um 0. Parabéns, Tomané!

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

"Os Substitutos" - tratado acerca da humanidade


Jonathan Mostow foi o autor do mal-amado "Exterminador Implacável 3: Ascensão das Máquinas", apesar de ser, na minha opinião, a única parte que recupera a força instintiva do primeiro filme realizado por James Cameron. É urgente, portanto, a sua reavaliação, sobretudo agora que acaba de estrear "Os Substitutos", a nova obra de Mostow.

O tema é semelhante e as questões por ele levantadas retomam a reflexão em torno da dialéctica homem-máquina. A acção decorre em 2054 numa sociedade utópica, onde os seres humanos vivem a vida remotamente, no conforto das suas casas, através de robôs substitutos, fisicamente perfeitos, quais representações mecânicas de si próprios. É um mundo ideal, onde o crime, a dor, o medo e as consequências das acções existem apenas virtualmente. Quando várias réplicas são assassinadas, cabe a uma dupla de polícias investigar o sucedido através do seu próprio substituto mecanizado. No entanto, os eventos que se sucedem acabam por forçar um deles a abandonar o isolamento artificial em que vivia para desvendar toda a teia conspirativa por detrás dos crimes. E é precisamente aqui que a película ganha um novo fôlego: à medida que vai desvendando o mistério, o personagem principal (Bruce Willis no seu habitual registo de underacting) começa a revoltar-se contra a realidade, até que é obrigado a deslocar-se para o mundo real com o seu corpo real.

Transmutação dos corpos, ontologia platónica, real-artificial, reflexão com contornos éticos, sci-fi em estado puro, "Os Substitutos" mata as saudades que tinhamos das grandes obras do cinema futurista e, à semelhança de "Blade Runner" de Ridley Scott, "O Homem Bicentenário" de Chris Columbus, "Eu, Robot" de Axel Proyas, "Reporter Minoritário" e "Inteligência Artificial", ambos de Steven Spielberg, ocupará, com certeza, lugar de destaque na moderna cinematografia norte-americana.

Trailer do filme "Os Substitutos", de Jonathan Mostow

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Salam Fayyad, um político honesto


Salam Fayyad nasceu em 1952 na Cisjordânia. Estudou ciência económica e fez carreira como Ministro das Finanças, liderando o combate à corrupção na Palestina. É primeiro-ministro da Autoridade Nacional Palestiniana desde 2007, lutando pela defesa da resistência pacífica em prol da criação do Estado Palestiniano até 2011.

Salam Fayyad é legitimamente visto como o mais provável político a conseguir concretizar o processo de paz entre Palestina e Israel.

Um político humanista a ter em conta na nova década que se avizinha.

domingo, 25 de outubro de 2009

Prémios Nobel 2009


Este ano cinco mulheres foram galardoadas com prémios Nobel, uma marca histórica num meio tradicionalmente masculino. O desempenho das mulheres no âmbito científico é cada vez maior e melhor. Prova disso são as vencedoras deste ano. Herta Müller (na foto) - Nobel da Literatura; Elizabeth Blackburn e Carl Greider - Nobel da Medicina; Ada Yonath - Nobel da Química; Elior Ostrom - Nobel da Economia.

Desde o nascimento dos prémios há 108 anos, apenas 41 mulheres foram premiadas, tendo este ano sido o primeiro em que uma mulher ganhou um Nobel da Economia.

A cerimónia de entrega dos prémios irá realizar-se a 10 de Dezembro, em Oslo e Estocolmo, dia do aniversário da morte do seu fundador, Alfred Nobel.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Estado do Mundo (5) - sem comentários


Segundo o Centro de Investigação de Energia do Reino Unido (UKERKC), a produção mundial de petróleo vai alcançar o seu expoente máximo antes de 2020. O acentuado declive da produção de petróleo está mais perto do que aquilo que seria expectável e as consequências serão o seu encarecimento, já que mais difícil de encontrar, de extrair e de produzir. O estudo revela que "há um risco significativo" de que o volume de petróleo disponível para o consumo mundial alcance o topo e comece a decair antes do previsto. O UKERKC considera que os estudos que diziam que o pico não seria atingido antes de 2030 carecem de fundamento científico. Até porque as recentes descobertas de novos poços no Golfo de México só atrasarão o processo numa questão de dias ou semanas. Na verdade, para manter o nível de produção actual seria necessário descobrir o equivalente ao território da Arábia Saudita, num período curto, de três em três anos.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Estado da Nação (9) - sem comentários


Segundo o boletim climatológico do Instituto de Meteorologia, o mês de Setembro foi o mais seco dos últimos 22 anos em Portugal Continental. Considerando como período de referência os anos entre 1971 e 2000, a quantidade de precipitação registada durante aquele mês foi bastante inferior ao valor médio. Já a temperatura do ar foi, de acordo com o mesmo boletim, 1,6 graus Celsius superior ao normal, tendo-se registado uma onda de calor em alguns pontos do país.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Banda sonora para o Outono (2)


Os Marillion são o segredo mais bem guardado da música anglo-saxónica. Responsáveis por alguns dos melhores álbuns rock dos últimos trinta anos, conseguem viver bem sem terem presença no airplay formatado das rádios generalistas. De facto, gravam e editam discos com regularidade (só nesta década já gravaram cinco álbuns de originais), mantendo um público fiel e atento aos seus novos trabalhos. As suas digressões discretas, mas contínuas e sempre esgotadas, são a clara prova de que há muita gente a seguir a banda com admiração.

As composições dos Marillion são inclassificáveis e, de disco para disco, revelam-se cada vez mais avessas a catálogos ou pré-definições. Talvez, por isso, a imprensa musical evite grandes referências aos seus trabalhos. Estéticamente, navegam com tanta segurança pelo rock progressivo como pela pop orelhuda, mas sempre sem serem óbvios ou cederem às soluções mais fáceis ou que, de modo imediato, mais agradem. Autores de discos conceptuais, são, na minha opinião, os melhores herdeiros dos Pink Floyd, mantendo a profundidade instrumental e lírica. Além disso, Steve Hogarth é dono da melhor voz da cena rock contemporânea.

Da sua discografia, destaco aos neófitos os discos "Brave" (1994), "This Strange Engine" (1997), "Anoraknophobia" (2001), "Somewhere Else" (2007) e "Happiness is The Road" (2008).

Os Marillion acabam de lançar um novo disco que provavelmente se tornará o CD mais rodado no meu leitor durante o presente Outono. Chama-se "Less is More" e constitui uma releitura acústica e minimal de onze belíssimos temas de álbuns anteriores, mais uma canção nova (e que canção, senhores!) - "It's Not Your Fault". Obrigatório!

"Hard As Love" - Marillion

domingo, 18 de outubro de 2009

Dia Internacional Para a Erradicação da Pobreza


Ontem, dia 17 de Outubro, foi o Dia Internacional Para a Erradicação da Pobreza. Nesse contexto, surge o apelo global contra a pobreza, Levanta-te e Actua, que corresponde a uma iniciativa que decorre entre 16 e 18 de Outubro. Pede-se para que cada um, como indivíduo, se levante por forma a exigir aos seus governos o cumprimento das promessas relativas ao fim da pobreza extrema. Exige-se também que sejam levados a cabo os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM) até 2015.

No ano passado, mais de 116 milhões de pessoas contribuíram, estabelecendo-se, por isso, um novo recorde mundial no Guiness. Portugal contou com a participação de 93 mil pessoas. Vamos ficar atentos aos números deste ano.

A minha contribuição resultou num vídeo realizado em colaboração com um amigo na escola onde lecciono, e já colocado no sítio do levanta-te e actua.

Levanta-te e Actua no Externato D. Dinis

"Aqui Há Fantasmas!" - comédia de Henrique Santana


A Companhia de Teatro Fundo de Cena apresenta amanhã, dia 18 de Outubro, no Teatro Sá da Bandeira, no Porto, o último espectáculo de "Aqui Há Fantasmas", comédia com a assinatura clássica de Henrique Santana (1924-1995) e agora encenada por Miguel Ribeiro. Trata-se de uma comédia de enganos à moda antiga, escrita com um rigor e mestria hoje infelizmente raros no Teatro português. O seu maior trunfo é a capacidade de comunicar, sem pudor, com todos os públicos (o espectáculo está classificado para maiores de 6 anos).

Partindo de um dispositivo enraizado na comédia popular, quer no Teatro quer no Cinema, Miguel Ribeiro encena e interpreta com rigor o texto original do saudoso autor e actor, filho de Arminda e Vasco Santana. O desenho de luz contribui com eficácia para criar o ambiente lúgubre da casa onde decorre toda a acção da peça, mas o que mais se destaca neste trabalho é a prestação dos actores, que demonstram estarem de facto a divertir-se com a história e os seus personagens. Um deles chama-se João Veloso, de quem fui professor de Psicologia e autor e encenador de um espectáculo do GAEDE que contou com a sua presença como actor - "O Eterno Retorno".

Votos de uma carreira cheia de sucessos, João!

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

A Arte de Liderar


Este é o título de um excelente artigo assinado por Ana Nobre na edição 513 da revista Focus.

"A capacidade de motivar colaboradores e orientá-los correctamente é uma porta para o sucesso de qualquer instituição. A arte de liderar um grupo que luta diariamente pelo mesmo objectivo é mais complexa do que se imagina.
A chegada de um novo líder à empresa implica pensamentos e situações inusitadas, tanto por parte do chefe, como do colaborador. O processo de mútua aprendizagem concerne ao superior hierárquico e também aos membros da equipa."

Surge o artigo publicado na dita revista a propósito da actual crise económica, uma vez que, mais do que nunca, uma decisão menos acertada poderá ter consequências graves para a empresa em questão. A crise do subprime representa, portanto, um desafio para qualquer gestor.

De acordo com a Focus, eis as onze principais características de um bom gestor:

1. Inova, não administra;
2. Não é uma cópia, mas um original;
3. Desenvolve mais do que mantém;
4. Centra-se nas pessoas e não na tecnologia ou capital;
5. Inspira confiança;
6. Possui visão de longo prazo;
7. Não imita, cria;
8. Desafia o satus quo;
9. Pensa estrategicamente;
10. Faz as coisas certas;
11. Ouve e aprende toda a vida.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Banda sonora para o Outono (1)


A boa surpresa vem de Portugal, mas com pergaminhos anglo-saxónicos. Trata-se de um EP da responsabilidade de Andrew Thorn (alter-ego de JP Coimbra), com o sugestivo título Brutes on the Quiet, que contém quatro temas originais e uma interessante versão de "Overcome" de Tricky. Destacam-se as canções "Me Jane" e "Strip Machine" como exemplos maiores de uma espécie de power-retro- pop para iniciar este Outono ainda de dias quentes, que é como quem diz, com um pé no Sol e outro na chuva.

"Me Jane" - Andrew Thorn

domingo, 11 de outubro de 2009

Escola a Tempo Inteiro - para quê?


As crianças passam demasiado tempo na escola - parece ser esta a opinião (que, de resto, subscrevo inteiramente) de Maria José Araújo, autora do livro "Crianças Ocupadas", obra lançada ontem numa livraria do Porto.

A desenvolver um trabalho de investigação sobre questões levantadas pelo conceito de Escola a Tempo Inteiro e as Actividades de Enriquecimento Curricular, Maria José Araújo considera que “as crianças estão muito ocupadas, têm muitos trabalhos e actividades para fazer todos os dias”, ficando sem tempo para brincar.

“Essas actividades podiam ser brincar, mas são sempre em função da escola”, sublinha, acrescentando que “os pais têm uma preocupação muito excessiva em relação ao tempo escolar”.

A investigadora ressalva que escola a tempo inteiro é uma medida óptima, mas as crianças deviam fazer as actividades que elas pudessem escolher. “A grande questão não é só a quantidade de actividades que fazem, mas o facto da metodologia prevalecente nessas actividades ser sempre orientada pelos adultos e elas nunca poderem escolher. São aulas atrás das aulas”, sustenta.

Para Maria José Araújo, é preciso “repensar o modelo da escola”. “Este modelo não pode continuar porque as crianças não aguentam”, realçou.

No livro, a autora, que trabalha há 19 anos com crianças, tenta responder às seguintes perguntas: “Fará sentido que, na sociedade contemporânea, as crianças trabalhem mais do que as 40 horas que achamos razoáveis para os adultos? Fará sentido prolongar de tal modo as suas ocupações que não lhes deixamos tempo para brincar e descansar? Será que temos o direito de ocupar e condicionar o tempo livre das crianças depois de um dia de Escola?".

“A angústia dos pais para que as crianças trabalhem muito para ser alguém, como se as crianças não fossem já hoje alguém, pode comprometer tanto o seu presente como o seu futuro”, sublinha.

Maria José Araújo explica que este livro é, sobretudo, o “resultado de muitos anos de trabalho com crianças e adultos, de muita brincadeira com ambos e de muita preocupação colectiva sobre as consequências negativas que resultam do excesso de trabalho e de actividade organizada para os mais pequenos”.

É, fundamentalmente, um alerta para a questão dos direitos das crianças. "Sobre as crianças aprendi mais com elas do que com os adultos ou com os livros", remata.

O livro "Crianças Ocupadas", de Maria José Araújo e editado pela Prime Books, foi lançado sábado, pelas 18:00, na Livraria Salta Folhinhas, no Porto.

A apresentação ficou a cargo de Agostinho Ribeiro, professor jubilado da Universidade do Porto, e Dulce Guimarães, da Comissão de Protecção de Crianças e Jovens do Porto Oriente e da Associação de Ludotecas do Porto.

Fonte: Agência Lusa (09 de Outubro de 2009)

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

"Para a Minha Irmã" - Jodi Picoult por Nick Cassavetes


Jodi Picoult tem escrito um punhado de romances que rapidamente se tornaram êxitos de público e de crítica. "Para a Minha Irmã" é a primeira adaptação ao grande ecrã de uma obra da aclamada autora e logo pela mão e olhar sensível de Nick Cassavetes, um dos cineastas norte-americanos mais coerentes dos últimos vinte anos.

A história do filme anda em torno de um tema actual, delicado e polémico:

Concebida através da fertilização in vitro, Anna Fitzgerald foi gerada com o intuito de constituir uma parelha genética perfeita com a sua irmã mais velha, Kate, que sofre de Leucemia Promielocitica Aguda. Devido à dependência que a irmã tem de si, Anna é incapaz de viver a vida que pretenderia. Sabendo que terá de doar um rim a Kate, Anna processa os pais, reclamando o direito ao seu próprio corpo e à emancipação médica.

Cassavetes revela-se, mais uma vez, um brilhante director de actores e um artesão capaz de recuperar com competência o espírito dos melodramas clássicos. O núcleo familiar é sempre filmado de modo a dar espaço aos actores para expressarem com realismo a tragédia que experienciam há catorze anos (altura em que foi diagnosticada a grave doença à filha), pelo que estamos perante uma realização subtil, que se revela sem se impor. Também a opção por diferentes narradores que, através de analepses e prolepses, nos vão dando a conhecer o drama intenso daquela família, flui de forma harmoniosa, sem nunca se dispersar.

Este está a ser, por enquanto, um Outono cheio de excelentes surpresas no que às estreias cinematográficas diz respeito (relembre-se o filme aqui analisado há uma semana atrás, "District 9").

Trailer de "Para a Minha Irmã", de Nick Cassavetes

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

FIB - Felicidade Interna Bruta


Há sempre uma lição positiva a tirar aos olhos do optimista. Portugal apresenta a segunda maior quebra na taxa de inflação entre os 27 países da UE, mas tem os consumidores mais pessimistas da Europa. Não se diga que há uma certa - ainda que perfeitamente justificada, em tantos casos - tendência para a dramatização da fatalidade na realidade lusa. O país tem ainda os cidadãos mais pessimistas face à situação de emprego e à situação económica, com a confiança em baixa há demasiado tempo e revelando tendência para afundar-se cada vez mais. É hora de dar a volta à crise.

Sendo verdade que em várias sondagens, mais ou menos recentes, os portugueses aparecem teimosamente como um dos povos mais pessimistas do mundo, também não é mentira que, face às circunstâncias económicas actuais, é de supor que a tendência seja melhorar, porque pior é difícil.

A Felicidade Interna Bruta não substitui o Produto Interno Bruto, mas pode sem dúvida melhorá-lo. Uma atitude positiva, auto-confiante, na vida e no trabalho, leva ao aumento de produtividade e o mundo dos negócios vira-se cada vez mais para a exploração do conceito de felicidade. Prova disso é o facto da Psicologia Positiva ter passado a figurar no topo das disciplinas académicas mais concorridas nas mais reputadas universidades internacionais. As investigações sobre o que nos torna felizes envolvem psicólogos, sociólogos, filósofos, religiosos e, agora, também os economistas. Tudo em busca da fórmula mágica da alegria que faz o mundo avançar.

Há, portanto, razões para sermos mais optimistas e acreditarmos que um futuro melhor é possível.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

"Exterminador Implacável: A Salvação" - Fusão homem-máquina


Foi já há 25 anos que James Cameron inaugurou a saga "Terminator", lançando Arnold Shwarzenegger para o pódium das estrelas mais populares de Hollywood, tornando-se um ícone da cultura pop. Cameron assinaria ainda mais um capítulo ("Exterminador Implacável 2: O Dia do Julgamento"), passando o testemunho a Jonathan Mostow ("Exterminador Implacável 3: A Ascensão das Máquinas") que, ao contrário do seu antecessor, não repetiu a empresa.

O quarto opus da saga traz agora a assinatura de McG, que, com certeza, foi beber influências à série "Mad Max", de George Miller, ao combinar habilmente uma visão futurista desencantada de um mundo apocalíptico com toda a tecnologia que lhe permite construir esses espaços e brincar com a fragilidade e a transmutação dos corpos humanos e artificiais. Agora, no campo de batalha, a luta contra as máquinas tornou-se realidade (lembremos que nos três capítulos anteriores, esse confronto surgia apenas em breves flashforwards) e John Connor (Christian Bale a fazer lembrar os heróis clássicos do cinema), o líder da resistência humana, enfrenta a maquinaria assassina que quer dominar o planeta. No entanto, com a ajuda de Marcus Wright (Sam Worthington a fazer lembrar Shwarzenegger), meio homem meio máquina, Connor vai tentar garantir o futuro da humanidade e salvar o seu pai.

"Exterminador Implacável: A Salvação" é um bom filme de acção, com um ritmo feérico, mas está alguns furos abaixo dos capítulos anteriores, que são incontornáveis fitas de culto. A fragilidade maior do filme prende-se com a excessiva esquematização dos personagens, não dando aos actores a oportunidade de lhes dar maior espessura.

Trailer de "Exterminador Implacável: A Salvação", de McG

Dia Mundial do Professor


Hoje relembra-se a importância dos professores enquanto mestres capazes de inspirar a nossa vida e ajudar-nos a construir a identidade pessoal e comunitária. Esta é, simultaneamente, uma das classes profissionais mais mal tratadas pelo poder político e pela opinião pública, mas unanimemente considerada a mais importante e insubstituível na construção de uma sociedade e de um futuro melhor.

Deixo aqui dois famosos aforismos, também eles inspiradores:

"O professor medíocre conta. O bom professor explica. O professor superior demonstra. O grande professor inspira." (William Arthur Ward)

"Um professor afecta a eternidade; é impossível dizer até onde vai sua influência." (Henry Adams)

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Morfopsicologia


Morfopsicologia é a ciência que estuda as relações da forma do rosto com a psique através de um método sintético. No fundo, a morfopsicologia estuda a individualidade de cada pessoa a partir da análise do seu rosto, tendo sido criada por Louis Corman, psiquiatra e psicólogo francês que se sentiu inspirado pela máxima de Lao Tsé: aquele que conhece as pessoas é inteligente, mas aquele que se conhece a si mesmo é um sábio.

Para se perceber melhor a pertinência e rigor desta ciência, recomenda-se a leitura de "O Rosto e a Personalidade", do morfopsicólogo espanhol Julián Gabarre. Em Portugal, o livro está editado pela Esfera dos Livros.

sábado, 3 de outubro de 2009

"District 9" - de Neill Blomkamp


O universo da ficção científica tem, por norma, um subtexto que metaforiza a realidade. No cinema, à semelhança da literatura, são muitos os exemplos de obras maiores que, para além de reflectirem acerca do tempo presente, apresentam a visão de um futuro provável. "2001 - Odisseia no Espaço", de Stanley Kubrick, "Blade Runner - Perigo Iminente", de Ridley Scott, "AI - Inteligência Artificial" e "Relatório Minoritário", ambos de Steven Spielberg, são apenas algumas das obras-primas inscritas em celulóide que, de resto, beberam a sua inspiração em grandes obras da literatura sci-fi.

Vem esta introdução a propósito de "District 9", filme produzido por Peter Jackson e realizado pelo jovem cineasta sul-africano, Neill Blomkamp. A acção situa-se precisamente na África do Sul, em 2009, tendo já passado vinte anos desde que vida extraterrestre caiu em Joanesburgo e a presença destes estranhos visitantes tornou-se parte do dia-a-dia da grande cidade. No entanto, humanos e alienígenas não convivem em harmonia. Estes últimos foram empurrados para guetos, estando agora confinados ao Distrito 9, controlado pela sinistra organização Multi-National United (MNU), uma empresa privada que está interessada em usar os aliens para a sua pesquisa em armamento. Os ET's passam a estar totalmente impedidos de se juntar em grupos, viajar, receber assistência médica ou aproximarem-se dos humanos.

A realização é dinâmica, sentindo-se a garra de um cineasta genuinamente empenhado em criar um filme distinto. Este é, aliás, o aspecto mais marcante do estilo narrativo da película: na opção pela recriação de um (falso) documentário, Blomkamp não procura imitar os blockbusters de Hollywood, antes pretendendo percorrer um caminho divergente e colar o filme ao cinema indie. Os primeiros minutos de "District 9" são, a este nível, exemplares ao tentarem credibilizar a história através do hiper-realismo proporcionado pela estética da reportagem televisiva, que aqui funciona como dispositivo que introduz com eficácia o problema que dá sentido à fita. Por outro lado, a escolha de Joanesburgo não parece ser fortuita, uma vez que Neil Blomkamp claramente transfigura no filme o regime de apartheid que vigorou até aos anos 90 do século passado no país do extremo sul do continente negro.

Não chega a ser uma obra-prima, mas é um filme inteligente e garante momentos de pura adrenalina.

Trailer de "District 9", de Neill Blomkamp

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

"No Profundo da Alma Lusitana"


Rui Fonseca nasceu em Vila Nova de Foz-Côa, no ano de 1957. Licenciado em Filosofia, em 1996 publicou "Desejos de Amar o Porto" (obra poética que surge como uma belíssima homenagem à cidade invicta), seguido dos visionários ensaios histórico-filosóficos "Portugal e o Quinto Império por Cumprir" (2006) e "O Primado da Reencarnação" (2008). Hoje, pelas 21h30 no Auditório da Junta de Freguesia do Bonfim, este autor apresentará a sua nova obra poética - "No Profundo da Alma Lusitana", sessão na qual terei o prazer e o privilégio de declamar três dos seus poemas. Trata-se de um projecto conceptual que retoma os temas de eleição do poeta e filósofo, a saber: a reinterpretação da história de Portugal e a urgência do renascer da verdadeira alma lusitana.

O livro encontra-se dividido em três partes (Do passado profundo, Do presente da história, De um futuro em breve), passando pela Fundação de Portugal, os Descobrimentos, Alcácer-Quibir, a Implantação da República, o Salazarismo, o 25 de Abril e o desejo de um Portugal por cumprir. Rui Fonseca presta ainda uma justa homenagem aos autores e pensadores que mais o inspiram - Camões, Pessoa, Manuel Alegre e Agostinho da Silva.

Um autor a descobrir e que, com certeza, encontrará nesse futuro desejável um lugar de referência entre os maiores vultos da poesia lusa.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

O Sonhador da Montanha Oriah


Não me interessa saber o que fazes para ganhar a vida. Quero saber o que desejas ardentemente, se ousas sonhar em atender aquilo pelo qual o teu coração anseia. Não me interessa saber a tua idade. Quero saber se tu te arriscarás a parecer um tolo por amor, por sonhos, pela aventura de estar vivo. Não me interessa saber que planetas estão em quadratura com a lua. Quero saber se tocaste o âmago da tua dor, se as traições da vida te abriram ou se ficaste murcho e fechado por medo de mais dor! Quero saber se podes suportar a dor, minha ou tua, sem procurar escondê-la, reprimi-la ou narcotizá-la. Quero saber se podes aceitar alegria, minha ou tua; se podes dançar com abandono e deixares que o êxtase te domine até às pontas dos dedos das mãos e dos pés, sem nos dizeres para termos cautela, sermos realistas, ou nos lembrarmos das limitações de sermos humanos. Não me interessa se a história que me contas é a verdade. Quero saber se consegues decepcionar outra pessoa para seres autêntico contigo mesmo, se podes suportar a acusação de traição e não traíres a tua alma. Quero saber se podes ver beleza mesmo que ela não seja bonita todos os dias, e se podes procurar a origem da tua vida na presença de Deus. Quero saber se podes viver com o fracasso, teu e meu, e, ainda, à margem de um lago gritares para a lua prateada: Posso! Não me interessa onde moras ou quanto dinheiro tens. Quero saber se te consegues levantar após uma noite de sofrimento e desespero, cansado, ferido até os ossos, e fazer o que tem que ser feito pelos teus filhos. Não me interessa saber quem és e como vieste parar aqui. Quero saber se ficarás comigo no centro do incêndio e não te acobardarás. Não me interessa saber onde, o que, ou com quem estudaste. Quero saber o que te sustenta a partir de dentro, quando tudo à tua volta se desmorona. Quero saber se consegues ficar sozinho contigo mesmo e se, realmente, gostas da companhia que tens nos momentos vazios.
The invitation, inspirado por Sonhador da Montanha Oriah, índio ancião americano, Maio de 1994

Breves notas sobre o cinema de Wong Kar Wai (6) - "Disponível Para Amar" (2000)

E, no ano da graça de 2000, Wong Kar Wai alcançou o zénite da sua (sétima) arte com a obra-prima Disponível Para Amar . É (mais) uma históri...