terça-feira, 15 de junho de 2021

Pablo Larraín (3) - "Não" (2012)


No final dos anos 80 do século XX, e após 15 anos de ditadura, o general Pinochet cede à pressão internacional e decide convocar um referendo nacional para averiguar se os chilenos pretendem (ou não) que o regime governe por mais 8 anos. Aproveitando os 15 minutos diários de tempo de antena concedidos pela estação pública de televisão, os defensores do "não" encomendam a campanha a uma equipa de publicitários que, servindo-se das técnicas de publicidade da TV  norte-americana, encenam uma série de vídeos otimistas que apelam a um hipotético futuro risonho e colorido que os chilenos merecem ter após tantos anos sem liberdade.

Larraín filma com a estética dos anos 80 (cores garridas, imagem gasta, câmara à mão), como se o filme resultasse da montagem de imagens de arquivo. E, sobretudo, sobra o filme mais feliz de Pablo Larraín até à data.

segunda-feira, 14 de junho de 2021

"Julieta" (2016) - de Pedro Almodóvar


Julieta é uma mulher de meia-idade que vive há mais de 18 anos atormentada com o drama do misterioso desaparecimento da sua filha, mas o reencontro com uma amiga de infância desta leva a protagonista à procura das respostas que nunca teve e, forçosamente, a confrontar-se com memórias do passado que jamais partilhara com alguém.

O penúltimo filme de Almodóvar (até à data de hoje) apura os temas de sempre e a estética pessoal (diria, clássica) do maior cineasta de Espanha. "Julieta" é uma película fascinante, que se vê do princípio ao fim como o mais viciante e intrigante dos romances. E há por aqui vestígios evidentes de Hitchcock e Cukor. Obrigatório!


domingo, 13 de junho de 2021

Estado da Nação (35) - Um País desgovernado por quem se governa a si próprio: o poder dos discípulos de Sócrates (7)


É mesmo bom ser socialista em Portugal. Aliás, nunca foi tão bom em quase 50 anos de convivência democrática. Senão vejamos.

O (des)governo de António Costa (AC) emprega o número-recorde de 1.259 boys. Entre assessores, adjuntos, técnicos especialistas, motoristas, secretários e pessoal administrativo, o atual Executivo gasta anualmente mais de 73 milhões de euros com os gabinetes de 70 (des)governantes. Só AC tem 10 assessores, 10 adjuntos e técnicos especialistas, 11 motoristas e 8 secretários pessoais. São 40 colaboradores que representam um encargo mensal de 140 mil euros. 

Haja tributação fiscal que suporte todos estes encargos do Estado socialista.

sábado, 12 de junho de 2021

Estado da Nação (34) - Um País desgovernado por quem se governa a si próprio: o poder dos discípulos de Sócrates (6)


Vale a pena ler a Resolução do Conselho de Ministros nº 70/2021, que "determina a realização das comemorações da Revolução de 25 de Abril de 1974 e cria a estrutura de missão que as promove e realiza". Talvez porque, como reconhece a Resolução, "a maioria da população portuguesa já nasceu depois da Revolução, e estando próximos de cumprir mais anos em democracia do que aqueles que durou a ditadura", a Resolução permite-se materializar ao abrigo da lei a utopia socialista. São só jobs for the boys

Para Presidente da Comissão Executiva das comemorações do 50º aniversário da dita revolução, o (des)Governo de António Costa nomeou o comentador socialista Pedro Adão e Silva (PAS), que é um boy, um arauto da ciência política nascido, precisamente, no ano da Revolução (um miúdo, portanto). 

PAS é a prova viva do pragmatismo socialista a que estamos habituados: quem semeia colhe. Este filho querido de Abril jogou sempre pelo seguro, passando PSD para o PS e envergando o trabalho sujo de defensor do Governo PS. Para além de um elevadíssimo salário (4,500 euros) ao longo de cinco anos e meio, PAS disporá ainda de ajudas de custo e de uma equipa de colaboradores, igualmente pagos.

PAS foi, recorde-se, um fervoroso defensor da honestidade de José Sócrates. O apoio ao modesto e íntegro senhor engenheiro ainda dá os seus frutos. Mas são só jobs for the boys num país que há muito se conformou - e aceita - o nepotismo.

Breves notas sobre o cinema de Wong Kar Wai (6) - "Disponível Para Amar" (2000)

E, no ano da graça de 2000, Wong Kar Wai alcançou o zénite da sua (sétima) arte com a obra-prima Disponível Para Amar . É (mais) uma históri...