quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Dezembro


Dezembro é um mês diferente, o mais cruel, dizem alguns. Leva o Outono e, num repente, lembra-nos que já estamos no Inverno. Paradoxalmente, celebra o Amor incondicional, aquele que vincula pais e filhos (ou não fosse o Natal a celebração da Natividade), mas obriga-nos a repensar aquilo que fizemos/realizámos/concretizámos/escolhemos durante o ano prestes a findar. É por isso que no dia 31 de Dezembro se prepara de forma vívida o novo ano e, à meia-noite, abrem-se as garrafas de champanhe, comem-se doze uvas-passas e pedem-se doze desejos. Esperamos que no ano que começa sejamos mais corajosos, lutadores, coerentes, melhores do que éramos no ano anterior. Todavia, esquecemo-nos que o melhor princípio de mudança interior é aceitarmo-nos nas potencialidades e limitações, reconhecermos introspectivamente o que temos de melhor e pior, virtudes e defeitos. A partir dessa consciencialização, devemos agir responsavelmente, tendo em conta que a liberdade é a capacidade de escolher dentro dos limites que nos são impostos (biológicos, sociais, culturais, económicos, políticos...). Acima de tudo, viver e deixar viver, essa é uma máxima universal, um imperativo categórico do qual nunca nos devíamos afastar. Até porque, como diz o ditado, tristezas não pagam dívidas.

Votos de um ano de 2010 pleno de Luz.

"December" - The Waterboys

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

"Avatar" - o melhor filme de 2009


Foi preciso esperar dez anos para que o cineasta megalómano, James Cameron, regressasse (a sua anterior longa-metragem foi "Titanic") com um filme operático, grandioso, wagneriano, visionário, profético, soberbo e visualmente fascinante. São muitos os adjectivos que servem para qualificar e elevar "Avatar" ao seu real estatuto - uma obra-prima!

Lição cinematográfica de conjugação feliz entre Cinema (sim, com C maiúsculo) e efeitos especiais, reduz à menoridade a maioria das super-produções estreadas em 2009 ("2012", de Roland Emmerich, por exemplo).

Avatar tem vários significados. Em termos religiosos, surge associado à materialização de um ser divino; num plano mais prosaico, significa a representação gráfica adoptada por um qualquer utilizador da internet; pode ainda ser entendido como uma metamorfose, sendo este o sentido que melhor justifica o título da nova obra de James Cameron.

"Avatar" é uma fábula ecológica escrita pelo próprio realizador, fantasiosa, recheada de efeitos especiais e personagens em 3D, que em certos momentos replica a estética do cinema de animação digital. O protagonista é Jake Sully, um ex-marine interpretado pelo actor-revelação do ano - Sam Worthington -, que tendo ficado paraplégico em virtude de um ferimento de guerra faz agora parte do programa Avatar, o qual lhe devolverá a capacidade de locomoção. Avatar é precisamente um programa dotado de uma tecnologia avançada que permite a criação de um ser híbrido, meio humano meio alienígena. O herói, na sua versão avatar, será envolvido numa expedição militar às florestas do planeta Pandora, onde a raça humana tem interesses económicos. Em concreto, os minérios ali existentes, cuja exploração obriga a que os invasores se internem cada vez mais na floresta de Pandora, interferindo na vida dos Navi, povo decidido a lutar pelo seu território ancestral. Sully rapidamente se encontrará dividido entre dois mundos, num dilema ético sem solução diplomática, que só poderá ser resolvido numa guerra sem quartel.

Percebe-se a razão pela qual Cameron demorou uma década a preparar "Avatar". É preciso tempo para alcançar tal depuração formal, conseguir montar uma película sem nenhum plano a mais e em que os efeitos especiais estejam ao serviço da história e não sejam um fim em si mesmo. "Avatar" é um filme a ver, obrigatoriamente.

Trailer de "Avatar", de James Cameron

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

"Fúria Cega" - directo ao osso


O cinema de acção sempre foi o prato forte da produção hollywoodesca. Cineastas como Walter Hill, John McTiernan, Peter Yates, Peter Hyams, Don Siegel, John Frankenheimer, Andrew Davis ou Samuel Fuller construiram uma carreira respeitada privilegiando a acção pura e dura. Tratava-se de cinema directo ao osso, uma vez que o espaço e tempo fílmicos eram preenchidos com personagens de real espessura e dimensão enredados num drama que nos convencia e agarrava durante cerca de duas horas.

Actualmente, o cinema de acção subjuga-se a efeitos especiais digitais e mais ou menos pirotécnicos, com personagens de plástico, cujo efeito é provocar sonolência no espectador.

Vem isto a propósito de "Fúria Cega", realizado por Phillip Noyce em 1989 e protagonizado por uma estrela à moda antiga, Rutger Hauer (actor holandês lançado por Paul Veroheven, muito popular na década de 80 do século passado). Vi o filme há 20 anos atrás no cinema e revi-o recentemente em DVD (bendito conceito de home cinema, verdadeiro passaporte para a liberdade de escolha). São cerca de 80 minutos de lição de cinema de acção série B, sem efeitos especiais, com tiros, pancadaria, esgrima e artes marciais q.b.. Acima de tudo, estão personagens definidos nos primeiros 10 minutos de filme, como se de uma breve lição de construção de guião cinematográfico se tratasse.

A história é simples: Nick Parker foi dado como desaparecido em combate, após ter sido abandonado, cego e moribundo no Vietname. Quando finalmente regressa aos EUA, decide procurar e perdoar o seu antigo camarada de armas, Frank Deveraux, o qual se encontra sob o domínio de um traficante que o obriga a manipular drogas.

Veja-se a película de Phillip Noyce e compare-se com grande parte das fitas de acção dos últimos dez anos. As diferenças no conceito são evidentes. De resto, a edição em DVD está à venda ao preço da chuva. Um excelente exercício de memorabilia cinéfila e uma boa descoberta para os cinéfilos neófitos.

Trailer de "Fúria Cega", de Phillip Noyce

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

"Sweeney Todd" - Sondheim por Burton


Continuando a reflexão em torno de grandes autores do cinema contemporâneo, registo aqui um filme que vi recentemente numa magnífica edição em DVD. Trata-se de "Sweeney Todd - O Terrível Barbeiro de Fleet Street", adaptação do musical de Stephen Sondheim por Tim Burton.

Comecemos por referir que o universo concebido por Sondheim encaixa perfeitamente no imaginário de Burton, senão vejamos: na Londres industrial, cinzenta e miserável do século XIX, um barbeiro regressa da ilha onde esteve deportado e, de lâmina em punho, só pensa em vingar-se do juiz que o condenou injustamente a um exílio forçado, separando-o assim da mulher que amava. Sangue, mistério, humor, música arrepiante e um trabalho de design gráfico fabuloso (para o qual muito contribui a extraordinária direcção de fotografia de Dariusz Wolski), conferem ao filme o estatuto de obra-prima, mais uma a acrescentar à mais coerente carreira construída por um cineasta norte-americano nas últimas três décadas. De facto, compreender a forma como Tim Burton consegue filmar regularmente (em 25 anos dirigiu catorze longas-metragens, se contarmos com "Alice No País Das Maravilhas", que estreará em 2010) no contexto actual de produção dos grandes estúdios de Hollywood, e tendo em conta o seu universo singular, é um case study com interesse sociológico.

Mais que um autor, Burton é um verdadeiro artista, com um sentido estético único e facilmente reconhecível em todos os seus filmes, sendo "Sweeney Todd" a síntese formal de tudo o que Burton realizou anteriormente: barroco ("Batman"), gótico ("Sleepy Hollow"), onírico ("O Grande Peixe"), surreal ("Charlie e a Fábrica de Chocolate"), cínico ("Beetlejuice"), moral ("Eduardo Mãos-de-Tesoura"), quixotesco ("Ed Wood") e existencialista ("A Noiva Cadáver"). Vibrante, ousado e provocador, "Sweeney Todd" é uma obra de arte cinematográfica a ver, obrigatoriamente.

Trailer de "Sweeney Todd - O Terrível Barbeiro de Fleet Street", de Tim Burton

domingo, 27 de dezembro de 2009

"Abraços Desfeitos" - elegia ao melodrama clássico


É inegável a influência de cineastas da época de ouro de Hollywood sobre o cinema de Pedro Almodóvar. Qualquer cinéfilo reconhecerá na sua última película, "Abraços Desfeitos", traços estéticos recolhidos dos filmes de Douglas Sirk, Alfred Hitchcock, Vincente Minnelli e, agora, também de Antonioni, Roberto Rossellini e Louis Malle ("Blow-Up", "Viagem a Itália" e "Fim-de-semana no Ascensor" são homenageados neste filme). Daí que se assistir a uma fita de Almodóvar seja um exercício fascinante de cinefilia, um autêntico deleite para sentidos, memória e razão, o mesmo não se poderá dizer em relação ao público generalista, que se concentra meramente na narrativa - e diga-se que este talvez seja o guião do realizador espanhol com mais pontas soltas.

"Abraços Desfeitos" é a história de um escritor que, pretendendo apagar todas as marcas da sua verdadeira individualidade, vive uma existência emprestada ao seu próprio pseudónimo - Harry Caine. Catorze anos antes, ainda como Mateo Blanco, realizador e argumentista, um acidente de viação em Lanzarote roubou-lhe a visão e o seu grande amor e musa inspiradora - Lena (interpretada pela cada vez mais musa de Almodóvar, Penélope Cruz). Determinado a esquecer Lena e a sua anterior existência, abandona uma parte de si mesmo, optando pelo nome que tinha escolhido no mundo literário - precisamente, Harry Caine.

Se ainda há pouco escrevia aqui sobre Lucio Fulci e a arte perdida de falhar a ligação entre planos (vulgo, raccord), Almodóvar é cada vez mais um mestre na arte de bem filmar e conectar planos (tome-se como exemplo a sequência em que a imagem de uma bobine dá lugar ao plano com o protagonista a descer uma escadaria em caracol). Há uma delicadeza subtil que transparece em cada fotograma, contribuindo para tal o belíssimo trabalho de fotografia de outro grande mestre, Rodrigo Prieto. As maiores fragilidades de "Abraços desfeitos" encontram-se precisamente nas marcas autorais de Almodóvar, a saber: a tentativa de contar uma história romântica, poética e com apontamentos de comédia de costumes (introduzindo as suas personagens-tipo) sem conferir a devida espessura e sentido aos personagens de Lena (era escusado colocá-la como secretária de dia e prostituta de luxo à noite), do seu companheiro milionário (cujo amor obsessivo por Lena nunca chega a convencer) e respectivo filho (o seu impulso voyeur surge como mecanismo dramático forçado).

Por todo o filme sente-se o amor ao cinema e, em particular, ao melodrama clássico, mas enquanto neste a força emocional das imagens provinha de um argumento bem urdido, em "Abraços Desfeitos" Almodóvar sustenta-se na crença de que as imagens chegam para criar uma emotion picture, o que neste caso se revela insuficiente (compare-se esta película com "Em Carne Viva", filme onde Almodóvar dá uma lição de Cinema em duas horas). Mesmo assim, um Almodóvar menor é sempre um bom filme, a ver com prazer.

Trailer de "Abraços Desfeitos", de Pedro Almodóvar

sábado, 26 de dezembro de 2009

Natal 2009 (2)


De origem pagã, o Natal celebrava inicialmente o Solstício de Inverno, a noite mais longa no Hemisfério Norte. A celebração cristã do Natal só foi instituída após a formação da Igreja Romana (século IV d.C.) pelo Papa Júlio I, isto apesar de não ser conhecida a data exacta do nascimento de Cristo, substituindo assim a veneração ao deus Sol - a contagem do tempo tal como a conhecemos no calendário actual existe apenas desde 1582.

A árvore de Natal, o presépio, os Reis Magos, o Pai Natal, os presentes e a tradicional ceia são os símbolos que enquadram a época natalícia. Durante o Advento somos invadidos pelo espírito natalício e valores como o Amor Fraterno, a Amizade, a Solidariedade e a Generosidade tornam-nos mais altruístas. No entanto, a tradição já não é o que era e há muito que a celebração da Natividade deixou de ser apenas uma comemoração em que se reúne toda a família, uma vez que o consumismo tomou conta da época. Centros comerciais decorados a preceito e apinhados de gente, são, infelizmente, a imagem (quase total) do Natal contemporâneo.

"Do They Know It's Christmas?" - Band Aid

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Natal 2009 (1)


O Natal é a época em que a Solidariedade, a Amizade, o Amor incondicional e a Luz se tornam mais presentes. Que neste Natal o absurdo dos preconceitos, amarras e muros interiores se desmoronem. Ou, pelo menos, que cada um de nós destrua mais um tijolo do muro.

"I Believe In Father Christmas" - U2

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Giallo (1) - Lucio Fulci


Em dias de Advento os filmes de terror não são os mais recomendáveis, optando-se por revisitar películas como "Do Céu Caiu Uma Estrela" (Frank Capra, 1946) ou "O Feiticeiro de Oz" (Victor Fleming, 1939), mais apropriadas para esta época de união familiar. No entanto, nada melhor que uns dias de pausa no trabalho para se redescobrir obras mal-amadas, às quais o tempo se encarregou de elevar ao estatuto de filmes de culto - no presente caso, refiro-me a "A Casa do Cemitério", realizado por Lucio Fulci em 1981, obra de um género único conhecido como giallo (a variante italiana do cinema de terror gore).

Para quem procura no Cinema algo mais que uma narrativa, "A Casa do Cemitério" é um delírio estético, filmado à luz de um trabalho de fotografia soberbo, repleto de zoom's e grandes planos numa clara aproximação aos western spaghetti (de que Fulci também foi percursor). A história está cheia de pontas soltas e ausências de raccord (para quem não sabe, raccord designa os efeitos utilizados na linguagem cinematográfica para garantir a coerência ou ligação entre dois planos ou duas cenas), sendo pouco digna de nota. Todavia, à semelhança dos westerns de Sergio Leone ou dos giallo de Dario Argento (os nomes maiores desses singulares géneros cinematográficos), há um charme rude nesta história de uma família que se muda de Nova Iorque para uma velha mansão em Boston, precisamente ao lado de um velho cemitério, descobrindo que na cave se esconde um louco assassino sedento de sangue.

Não chega a ser tão ousado quanto os filmes de Argento, nem tem a sua classe, mas, "A Casa do Cemitério", é, sem dúvida, uma película com lugar obrigatório na DVDteca de qualquer cinéfilo coleccionador.

Trailer de "A Casa do Cemitério", de Lucio Fulci

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Banda sonora para o Inverno (3)


Transatlantic é um supergrupo de rock progressivo constituído por Pete Trewavas (baixista dos Marillion), Mike Portnoy (baterista dos Dream Theater), Roine Solt (dos The Flower Kings) e Neal Morse (ex-Spock's Beard). O terceiro disco da banda - "The Whirlwind" - é uma peça musical de 77 minutos que merece ser escutada sem interrupções. Construído como um álbum conceptual, trata-se de uma gravação exemplar que acentua harmoniosamente todos os instrumentos, transparecendo uma química rara em projectos musicais deste género (leia-se: reunião de músicos pertencentes a outros projectos). Não se trata apenas de um mero exercício de virtuosismo artístico (e que instrumentistas, senhores!), mas de uma obra-prima sinfónica, que parece ter sido gravada por uma grande orquestra.

"The Whirlwind" narra a história de uma grande viagem através dos céus, aproximando-se do universo imagético de Júlio Verne. Passam pelo disco diversas influências musicais, destacando-se a aproximação aos melhores momentos dos Pink Floyd, Genesis e Camel, aqui revistos com uma garra e entrega de fazer corar as bandas rock mais jovens.

Se "Let's Change The World With Music", dos Prefab Sprout, foi o disco mais memorável do Outono 2009, a nova obra dos Transatlantic afirma-se como um sério candidato ao melhor CD de Inverno. É um excelente presente de Natal para um amigo melómano.

"The Wind Blew Them All Away" (excerto de "The Whirlwind") - Transatlantic

Banda sonora para o Inverno (2)


Continuando a celebrar a estação que acaba de entrar (e de forma tempestuosa!), nada como um disco de Natal à moda antiga. Trata-se de "Christmas In The Heart", de Bob Dylan. Neste álbum o mítico trovador canta o Advento com a sua voz gasta e anasalada, conferindo uma magia folk aos standards que reinterpreta com garra e vontade de abordar o Natal de forma pagã e festiva.

"Christmas In The Heart" é o CD ideal para cantar e dançar junto à lareira, e, apesar do tom despretensioso (as vendas revertem inteiramente para duas organizações de combate à fome - a World Food Program e a Crisis), integra-se com pleno direito na discografia de Dylan. "Winter Wonderland", Here Comes Santa Claus" ou a desvairada "Must Be Santa" são acompanhadas por steel guitar, mandolins, harmónicas e coros gospel-folk, em orgiástica consoada panteísta.

Um bonito presente de Natal.

"Must Be Santa" - Bob Dylan

domingo, 20 de dezembro de 2009

Banda sonora para o Inverno (1)


Para assinalar a chegada do Inverno, nada melhor que ouvir repetidamente o novo disco de Sting - "If On A Winter's Night". Disco sobre a estação fria, é resultado de uma viagem reflexiva por séculos de música clássica, folk popular, canções de embalar, música sacra e profana que têm como tema o imaginário de Inverno. Só não surpreende, uma vez que já há muito que Sting se tem destacado como um músico heterodoxo, paradigma da harmonia entre música clássica, jazz e Beatles (ouça-se o anterior "Songs From The Labyrinth", sob o signo do compositor elizabetiano John Dowland).

É um disco repleto de fantasmas a vaguear nas florestas ("Hurdy Gurdy Man"), navios encalhados em bancos de nevoeiro ("Christmas at Sea"), anunciações divinas ("Gabriel's Message"), mendigos a sonhar com a ceia de Natal ("Soul Cake") em pleno solstício de Inverno ("Cold Song"), crianças ansiosas pela chegada do Pai Natal ("Lullaby For An Anxious Child"), numa viagem até aos primeiros raios de Sol da Primavera ("The Snow It Melts The Soonest").

Sting é um músico com provas dadas ao longo de trinta anos de carreira, dando-se agora ao luxo de compor, cantar e gravar a música que quer e gosta. Embarque-se nesta quente viagem pelos nevões de Inverno. É garantidamente uma excelente audição em dias de Advento.

"If On A Winter's Night" - Sting

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

"O Corpo da Mentira" - a guerra contra o terrorismo, por Ridley Scott


Baseado no livro de David Ignatius, "O Corpo da Mentira" marca o regresso de Ridley Scott aos grandes temas da actualidade. Neste caso, trata-se do tema do combate ao terrorismo sob o signo do cinema engajado na denúncia à ausência de ideologia na política externa americana. Nele cruzam-se os principais focos de uma guerra silenciosa sem fim à vista, ao ritmo de uma partitura visual orwelliana (o Big Brother, ou a CIA, está sempre a vigiar os passos do protagonista).

Leonardo DiCaprio (sempre no registo certo) interpreta o papel de um agente da CIA a procurar infiltrar-se numa célula terrorista, mas acaba desgastado e corroído pela engrenagem política, sentindo-se uma marioneta manipulada por agentes com comandos à distância. Russell Crowe assume o personagem de um espião burocrata que dirige as pessoas como peões de um jogo de guerra (graças às tecnologias de comunicação digital): vê, decide e ordena confortavelmente sentado em sua casa, enquanto toma o pequeno-almoço ou leva os filhos à escola, acreditando que os meios justificam sempre os fins.

Ridley Scott filma com garra um mundo instrumentalizado por lobbys, terrosristas, mafiosos, traficantes e políticos desonestos, onde os grandes ideais dão afinal lugar ao cinismo mais exacerbado, não havendo espaço para o amor.

Trailer de "O Corpo da Mentira", de Ridley Scott

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Cimeira de Copenhaga (3) - luxos pouco ecológicos


Nas estradas da capital dinamarquesa andam, em média, 12 limusinas por dia. Em período de cimeiraJustificar completamente com o objectivo de conter a emissão de CO2 para a atmosfera, os chefes de estado não poupam em euros nem em emissões. Majken Friss Jorgensen estima que, desde o dia 7 deste mês, circulem nas estradas de Copenhaga mais 1200 carros de luxo para transportar os líderes dos 196 Estados que participam nos trabalhos.

Mas nem só nos carros se vislumbram os excessos pouco amigos do ambiente. No primeiro dia da cimeira, aterraram 140 jactos privados em Copenhaga!

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Banda sonora para o Outono (11)


Qualquer dia alguém tem que erigir uma obra que reavalie a discografia de Tori Amos. Como é possível passarmos ao lado de tão dotada compositora? O seu novo disco - "Midwinter Graces" - é um ilustre exemplo das suas qualidades como instrumentista, cantora e letrista. Álbum conceptual que, à semelhança de "If On A Winter's Night" de Sting (sobre o qual brevemente colocarei aqui um texto crítico), de forma sublime canta o Inverno como só os grandes poetas conseguem.

Pela voz cristalina de Tori Amos em "Winter's Carol" sentimos a noite de Natal junto à lareira mais quente da casa mais fria dos romances de Charles Dickens; ouça-se "A Silent Night With You" e respire-se os três meses de Inverno; o ar inspirado e expirado pelas narinas num fim de tarde com dois graus abaixo de zero está todo em "Snow Angel"; contemple-se um plano fixo com neve a cair sobre os cedros ao som de "Emmanuel" ou antecipe-se a melancolia de Ano Novo em "Our New Year"; há uma luz que brilha em dias cinzentos ("Pink and Glitter") e uma genuína esperança no futuro ("Harps of Gold").

É banda sonora de Outono a anunciar o Inverno frio que se aproxima.

"A Silent Night With You" - Tori Amos

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Estado da Nação (17)


"O palhaço compra empresas de alta tecnologia em Puerto Rico por milhões, vende-as em Marrocos por uma caixa de robalos e fica com o troco. E diz que não fez nada. O palhaço compra acções não cotadas e num ano consegue que rendam 147,5 por cento. E acha bem.

O palhaço escuta as conversas dos outros e diz que está a ser escutado. O palhaço é um mentiroso. O palhaço quer sempre maiorias. Absolutas. O palhaço é absoluto. O palhaço é quem nos faz abster. Ou votar em branco. Ou escrever no boletim de voto que não gostamos de palhaços. O palhaço coloca notícias nos jornais. O palhaço torna-nos descrentes. Um palhaço é igual a outro palhaço. E a outro. E são iguais entre si. O palhaço mete medo. Porque está em todo o lado. E ataca sempre que pode. E ataca sempre que o mandam. Sempre às escondidas. Seja a dar pontapés nas costas de agricultores de milho transgénico seja a desviar as atenções para os ruídos de fundo. Seja a instaurar processos. Seja a arquivar processos. Porque o palhaço é só ruído de fundo. Pagam-lhe para ser isso com fundos públicos. E ele vende-se por isso. Por qualquer preço. O palhaço é cobarde. É um cobarde impiedoso. É sempre desalmado quando espuma ofensas ou quando tapa a cara e ataca agricultores. Depois diz que não fez nada. Ou pede desculpa. O palhaço não tem vergonha. O palhaço está em comissões que tiram conclusões. Depois diz que não concluiu. E esconde-se atrás dos outros vociferando insultos. O palhaço porta-se como um labrego no Parlamento, como um boçal nos conselhos de administração e é grosseiro nas entrevistas. O palhaço está nas escolas a ensinar palhaçadas. E nos tribunais. Também. O palhaço não tem género. Por isso, para ele, o género não conta. Tem o género que o mandam ter. Ou que lhe convém. Por isso pode casar com qualquer género. E fingir que tem género. Ou que não o tem. O palhaço faz mal orçamentos. E depois rectifica-os. E diz que não dá dinheiro para desvarios. E depois dá. Porque o mandaram dar. E o palhaço cumpre. E o palhaço nacionaliza bancos e fica com o dinheiro dos depositantes. Mas deixa depositantes na rua. Sem dinheiro. A fazerem figura de palhaços pobres. O palhaço rouba. Dinheiro público. E quando se vê que roubou, quer que se diga que não roubou. Quer que se finja que não se viu nada.

Depois diz que quem viu o insulta. Porque viu o que não devia ver.

O palhaço é ruído de fundo que há-de acabar como todo o mal. Mas antes ainda vai viabilizar orçamentos e centros comerciais em cima de reservas da natureza, ocupar bancos e construir comboios que ninguém quer. Vai destruir estádios que construiu e que afinal ninguém queria. E vai fazer muito barulho com as suas pandeiretas digitais saracoteando-se em palhaçadas por comissões parlamentares, comarcas, ordens, jornais, gabinetes e presidências, conselhos e igrejas, escolas e asilos, roubando e violando porque acha que o pode fazer. Porque acha que é regimental e normal agredir, violar e roubar.

E com isto o palhaço tem vindo a crescer e a ocupar espaço e a perder cada vez mais vergonha. O palhaço é inimputável. Porque não lhe tem acontecido nada desde que conseguiu uma passagem administrativa ou aprendeu o inglês dos técnicos e se tornou político. Este é o país do palhaço. Nós é que estamos a mais. E continuaremos a mais enquanto o deixarmos cá estar. A escolha é simples.

Ou nós, ou o palhaço."
Mário Crespo, Jornal de Notícias

domingo, 13 de dezembro de 2009

Estado da Nação (16)


"Moranguizámos as nossas crianças e o resultado é assustador."
Alice Vieira, 24 horas

Estado da Nação (15)


"Aumentar os impostos é um convite às empresas e às pessoas para saírem do País."
Soares Santos, Diário Económico

sábado, 12 de dezembro de 2009

Estado da Nação (14)


"Violar o segredo de justiça pode ser injusto para os inocentes. Mas não violar pode tornar tudo ainda mais fácil para os culpados."
João Miguel Tavares, Diário de Notícias

Estado da Nação (13)


"O exercício de funções políticas, antes uma honrosa forma de dedicação à causa pública, é hoje um reduto, salvo honrosas excepções, dos que mais não têm ou não sabem que fazer."
Rita Marques Guedes, Diário Económico

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

"Artur e a Vingança de Maltazard" - Besson por Besson


À semelhança de Robert Zemeckis, sobre quem ainda há três semanas registei aqui um texto a propósito do seu último filme ("Um Conto de Natal"), Luc Besson parece ter enveredado definitivamente pelos caminhos do cinema de animação, uma vez que acaba de estrear a sequela de "Artur e os Minimeus" (adaptação de um romance infanto-juvenil escrito pelo próprio Besson). Aliás, o cineasta francês, que chegou a afirmar que não voltaria a filmar depois daquela película, volta a surpreender-nos com "Artur e a Vingança de Maltazard", apostando, uma vez mais, nos efeitos especiais que conjugam a animação digital com cenários reais (encontrando-se aqui mais uma aproximação ao universo gráfico de Zemeckis).

Desta vez, Artur anseia pelo 10º ciclo lunar para voltar a ver Selénia e a terra dos Minimeus, onde o aguarda um fausto banquete. No entanto, o pai do herói resolve abreviar o seu período de férias em casa da avó. Quando está prestes a partir, Artur recebe um pedido de socorro escrito num bago de arroz entregue por uma aranha. Pensando ser um apelo de Selénia, o nosso herói não pensa duas vezes e regressa à terra dos Minimeus, sob a forma de duende, percorrendo um caminho cheio de perigos (aranhas peludas, sapos ameaçadores, ratazanas malvadas...). Todavia, Artur acabará por descobrir que o pedido de ajuda foi feito por alguém cujo único propósito terá sido atraí-lo para uma armadilha.

Tal como a prequela deste filme, "Artur e a Vingança de Maltazard" assume-se como uma fábula ecológica que pretende passar a sua mensagem a todos os públicos, destacando-se nesta segunda parte a tentativa de cativar o público adolescente que, à imagem e semelhança de Freddie Highmore (actor que interpreta o papel do Artur de carne e osso), cresceu desde o filme anterior. Deste modo, os personagens surgem com uma atitude mais cool e um visual mais teen. Nada de errado na estratégia, o cinema é uma arte cara e é importante saber vendê-la. Luc Besson sabe, melhor que ninguém, como comercializar um filme e sempre conseguiu competir mano a mano com a indústria de Hollywood. Convém relembrar que "Artur e os Minimeus" - o filme anterior - facturou cerca de 113 milhões de dólares nas bilheteiras e só em França vendeu um milhão e meio de DVD. Não mata saudades, claro, das obras-primas da primeira fase do realizador ("Subterrâneo", "Vertigem Azul", "Nikita - Dura de Matar", "Léon, o Profissional", "O Quinto Elemento" e "Joana D'Arc" já fazem parte do imaginário cinematográfico popular, sendo obras incontornáveis em qualquer análise do cinema europeu dos últimos 20 anos), mas é um bom entretenimento para toda a família.

Ficamos a aguardar a terceira parte da saga - "Artur e a Guerra dos Dois Mundos" -, que irá estrear somente daqui a um ano, mas foi rodado em simultâneo com "Artur e a Vingança de Maltazard" de modo a evitar diferenças na aparência física do actor Freddie Highmore.

Trailer de "Artur e a Vingança de Maltazard", de Luc Besson

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Banda sonora para o Outono (10)


Eis que uma ou duas vezes por década surge um projecto pop-rock fascinante. Foi assim nos anos 80 com "Boy" dos U2, "Rattlesnakes" de Lloyd Cole and The Commotions; nos anos 90 com "Pablo Honey" dos Radiohead, "Grace" de Jeff Buckley; e, já nesta década, com o lindíssimo "Parachutes" dos Coldplay, e este ano, com "xx", álbum homónimo dos xx.

xx são uma banda londrina liderada por Oliver Sim, cujas influências musicais passam por Pixies e The Cure, materializando-se em guitarras em espiral, silêncios tocantes e vozes de embalar. Além das bandas mencionadas, na primeira audição pensei nos Hugo Largo do álbum "Drum", mas também em Durutti Column (ouça-se "Sex and Death", disco de 1990).

Disco minimalista, "xx" seduz-nos logo aos primeiros acordes ("Intro", lindíssimo e outonal tema instrumental), tornando-se viciante ao longo das suas 11 músicas. Trata-se de um sério candidato a melhor disco do ano ("Let's Change The World With Music" dos Prefab Sprout é, no entanto, claramente superior), ideal para ouvir em fins de tarde nestes últimos dias de Outono.

"Crystalised" - xx

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Banda sonora para o Outono (9)


Quando em 1982 Francis Ford Coppola assinou, com "Do Fundo do Coração", o seu filme maior de entre as suas muitas obras-primas, o universo da música cresceu também com um disco que ficou para a História desta Arte: trata-se de "One From The Heart", totalmente constituído por canções escritas por Tom Waits e cantadas em parceria com uma inspirada Crystal Gayle.

"One From The Heart" parece ter sido composto sob o poder de uma iluminação divina, tendo hoje o seu lugar garantido, único e insubstituível no Olimpo da arte sem formas. São texturas sonoras jazzísticas, dominadas pelas vozes de Waits e Gayle, acompanhadas por arranjos orquestrais de uma subtileza transcendente. Não é um disco criado na terra, tal é a elevação de sentimentos que ele proporciona. Além disso, nunca o Amor romântico foi interpretado desta forma, nem antes nem depois.

Eleger um tema preferido é tarefa hercúlea, mas tratando-se da presente etiqueta (Banda sonora para o Outono) selecciono a mais bela canção de Outono (apesar de aqui se tratar do advento dessa estação, em Setembro) - "Broken Bicycles". Não hesito afirmar que o mundo dos melómanos divide-se em dois: aqueles que amam "One From The Heart" (e, já agora, os restantes álbuns de Tom Waits) e aqueles que nunca escutaram o disco.

"Broken Bicycles" - Tom Waits

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Cimeira de Copenhaga (2) - efeitos do aquecimento global


De acordo com um gráfico do Centro Britânico de Pesquisa do Clima Hadley, um grau por zona e quatro graus mais quente e a Terra seria um lugar inóspito. Segundo a previsão do painel intergovernamental sobre mudanças climáticas (IPCC), sem contramedidas este cenário poderá tornar-se numa realidade no final do século.

O descongelar das zonas frias faz derreter as planícies Tendra desde o Alasca até ao Canadá e à Rússia. Do chão congelado saem gases com efeito de estufa que podem acelerar o aquecimento global.

O derreter do gelo faz subir o nível médio do mar em 53 centímetros e dar força aos ciclones e furacões. As inundações de Nova Orleães podem desalojar 350 milhões de pessoas.

Perto dos glaciares perder-se-á um importante armazenamento de água. Vinte e três por cento dos chineses estarão dependentes durante as secas de água descongelada proveniente dos Himalaias.

As secas poderão aparecer em dobro do que acontece nos dias de hoje. Principalmente na América do Sul, no Sul de África e na Ásia central os rios poderão ter menos 70 por cento de água.

Na Argentina e no Brasil poderão cair para metade as colheitas de soja, milho e trigo. Nos trópicos e subtrópicos cada grau reduz os rendimentos de 2,5 a 16 por cento.

A malária é encontrada nas zonas de grande altitude em África e as doenças transmitidas pela água contaminada estão a aumentar. Vagas de grande calor podem também matar na Europa central.

Os mexilhões terão dificuldade em formar as conchas calcárias e, em águas mais quentes, morrerão os corais.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Cimeira de Copenhaga (1) - redução de emissões em 50% em 2050


A Dinamarca apresentou, a 30 de Novembro, um projecto em que mostra ser essencial a redução das emissões com efeito de estufa em 50 por cento em 2050, a partir dos valores apresentados em 1990. A proposta indica que os países mais desenvolvidos deveriam reduzir ainda mais do que o previsto as suas emissões, apostando em 80 por cento para 2050. Esta matéria torna-se ainda mais relevante numa altura em que a ONU e o Mundo iniciam hoje um debate sobre as alterações climáticas, que decorrerá até 18 de Dezembro, em Copenhaga.

Hoje estou em Copenhaga!

domingo, 6 de dezembro de 2009

"O Último Grande Herói" - o filme de culto de John McTiernan


Por onde andará John McTiernan? Àquele que já foi considerado o intelectual do cinema de acção parece ter acontecido o mesmo que a Orson Welles na década de 40 do século passado, a Michael Cimino nos anos 80 ou até a Paddy McAloon em relação à indústria musical.

De facto, por ande andará John McTiernan? Aconteceu-lhe o mesmo que a outros grandes cineastas: após o sucesso de público e crítica (sobretudo, nas receitas geradas no box-office norte-americano), os produtores só se interessaram por McTiernan enquanto ele foi capaz de gerar o mesmo lucro. A tais gestores não interessa a qualidade artística, mas apenas o dinheiro que a Arte é capaz de gerar.

Depois de um debut fulgurante, raro no cinema de acção contemporâneo, com os filmes "Nómadas" (1986), "Predador" (1987), "Assalto ao Arranha-Céus" (1988), "Caça ao Outubro Vermelho" (1990) e "Os Últimos Dias do Paraíso" (1992), assinou a sua obra maior em "O Último Grande Herói" (1993), mas um passo em falso na relação com o seu público e o do action hero Arnold Schwarzenegger. Na verdade, esta última película foi, injustamente, um flop comercial e de crítica. Trata-se de um filme demasiado ousado para a época (relembre-se que no início da década de 90 a indústria lutava por competir com o mercado de vídeo, dando início à construção de multiplex em grandes centros comerciais e à junção cinema e pipocas) ao desconstruir o cinema de acção e aventura, e reflectir acerca do sentido do star-system (foram poucas as estrelas de Hollywood que tiveram a capacidade de Schwarzie para se rir dele próprio e da essência do american dream).

História de um miúdo de 12 anos, fã do serial Jack Slater (Schwarzenegger himself), que, com a ajuda de um bilhete mágico que pertencera a Houdini, é transportado para dentro do novo filme do seu herói. O resto é uma fita de acção imparável, filmada com uma energia, inteligência e um sentido de mise-en-scène raros no cinema de acção contemporâneo (compare-se com as catástrofes naturais filmadas por Roland Emmerich ou os filmes assinados por Michael Bay, para se verificar a maioridade de McTiernan). Talvez seja um filme demasiado complexo para ser amado pelo público generalista (vejam-se as referências a "O Sétimo Selo" de Ingmar Bergman ou ao "Hamlet" de Shakespeare), que não se sentiu capaz de meditar em torno da relação Arte/Indústria, Vida/Arte, nem revelou estar à altura da ironia e sentido de humor de McTiernan.

"O Último Grande Herói" precipitou a carreira de McTiernan (os seus filmes posteriores não foram capazes de gerar receitas que compensassem o flop comercial da obra em análise), mas já é tempo de o transformar num filme de culto, à semelhança de "Citizen Kane - O Mundo A Seus Pés" (Orson Welles, 1941), "Às Portas do Céu" (Michael Cimino, 1980) e "Do Fundo Do Coração" (Francis Ford Coppola, 1982).

Trailer de "O Último Grande Herói", de John McTiernan

Breves notas sobre o cinema de Wong Kar Wai (6) - "Disponível Para Amar" (2000)

E, no ano da graça de 2000, Wong Kar Wai alcançou o zénite da sua (sétima) arte com a obra-prima Disponível Para Amar . É (mais) uma históri...