Já estreou no início de 2015 e foi ignorado na cerimónia dos Óscares desse ano. Só agora vi o filme e fiquei impressionado: trata-se de um verdadeiro regresso de Michael Mann à sua melhor forma, a de um cineasta urbano empenhado na sua singular visão de cinema.
"Blackhat: Ameaça na Rede" é, na sua aparência, um filme de ação puro e duro, mas é, na sua essência, um drama político em torno do poder da internet sobre as agências secretas das maiores potências mundiais. Os mercados podem ser manipulados com relativa facilidade por hackers, centrais nucleares são potenciais alvos de programadores e piratas informáticos mal intencionados, e programas de desencriptação de ficheiros podem não ser usados por razões de espionagem e por motivos políticos, mesmo que em causa estejam milhares de vidas humanas.
E, depois, há aquela estética tão única, desde a fotografia até aos movimentos de câmara, passando pela bruma trágica que enleva as personagens. Uma obra-prima à altura de "Caçada ao Amanhecer" (1986) e "Heat - Cidade Sob Pressão" (1995).