quinta-feira, 31 de agosto de 2017

E foi agosto...

E foi agosto
Por entre a espuma dos dias
Embalado pelas ondas do entardecer
E agasalhado pelo sorriso de uma criança

Galga as rochas
Atira o pequeno seixo ao mar
Fá-lo saltar sobre a água salgada
E, assim, enche-te de maresia

Por agora foi agosto
Que regressará, retornará um dia,
No próximo verão, tenho a certeza,
O teu rosto será ainda mais exultante!

E foi agosto
Em teus olhos.
Sabes, eles são o Sol
Que em ti se faz a aurora de um novo dia.

Playlist para o verão 2017 (1) - Lana Del Rey: "Summer Bummer" (do álbum "Lust For Life")

domingo, 27 de agosto de 2017

"Mechanic: Assassino Profissional" - Videojogo a fazer de filme

Mechanic: Assassino Profissional representa aquilo em que o cinema de ação se tornou nas duas últimas décadas: um produto fabricado em série por uma indústria à procura de lucro imediato.

Dennis Gansel, o realizador (?), concebe um trabalho que não se distingue de uma qualquer série de televisão norte-americana. Em boa verdade, a realização é tão televisiva e anódina que torna as obras de Menahem Golam, dos anos 80 do século XX (dos populares estúdios Canon, lembram-se?), delicadas fitas sem propósitos comerciais. Por sua vez, Jason Statham é tão expressivo quanto um qualquer paralelo de uma qualquer rua esburacada. O ator (?) inglês parece acabadinho de sair de um workshop de representação orientado pelo veterano Chuck Norris. O argumento (?) consegue a proeza de acreditar que nos convence do amor à primeira vista entre Statham e Jessica Alba, aqui também a fazer pela vida num papel tão estereotipado como há muito não via no cinema foleiro, a parecer querer replicar personagens femininas de películas baratas de ação saídas dos estúdios Canon. Por fim, Tommy Lee Jones também aparece em piloto-automático a relembrar os piores papéis da sua carreira (alguém disse Two-Face de Batman Para Sempre?).

sexta-feira, 25 de agosto de 2017

"Cartas da Guerra" - Lição de cinema, a partir de António Lobo Antunes

Começo por aqui: Cartas da Guerra é uma obra-prima. É um filme como todo o Cinema devia ser. E Ivo M. Ferreira consegue a proeza da realização de um filme perfeito sem fazer cedências que não as da sua própria demanda estética: trata-se da busca pelo plano certo, da captação da luz desejada, da interpretação honesta dos atores, do respeito pelos veteranos da Guerra do Ultramar e pelas vítimas civis, de uma vénia ao continente africano (que raramente foi tão bem filmado como aqui), de preocupação com as palavras (é uma esplendorosa ode à língua portuguesa) e com as cartas originais de António Lobo Antunes.

Não estamos apenas perante o melhor filme de 2016. Trata-se tão-só da obra maior do cinema português dos últimos 25 anos. Um objeto sublime a figurar, certamente, nos anais do cinema português e do Cinema enquanto arte. Cartas da Guerra é um óvni cinematográfico. Um filme como todos os filmes deviam ser.

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Estado do Mundo (42) - Temperatura a subir


As temperaturas dos últimos dois mil anos estão agora reunidas numa base de dados recolhidos pela Universidade da Tasmânia, na Austrália, recorrendo a amostras de corais, gelo polar e sedimentos aquáticos. Para a criação da base de dados foram analisadas as temperaturas entre os séculos I e XIX, confirmando que as temperaturas vinham a descer até ao século XX e começaram a subir pronunciadamente a partir de então.

quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Estado do Mundo (41) - É urgente salvar os oceanos


Cientistas da Universidade de Oxford alertaram para o perigo causado pelo aumento da temperatura dos oceanos e da poluição marítima.

Depois de compilarem 271 estudos feitos desde 2012, os oceanólogos do Departamento de Zoologia da universidade britânica concluíram que os oceanos são muito mais complexos do que se pensava antes e que há regiões que estão à beira do colapso ecológico.

O aumento da temperatura provocado pela atividade humana é um problema global que significa que o mar fica mais ácido porque absorve dióxido de carbono, além de levar ao aumento de bactérias responsáveis por doenças.

terça-feira, 22 de agosto de 2017

"A Voz da Mãe Dava Sentido às Estrelas" - Um livro para a eternidade de Rabindranath Tagore


A Assírio & Alvim vem, no ano da graça de 2017, lembrar-nos de um escritor algo esquecido por cá, Prémio Nobel da Literatura em 1913, poeta, pintor, pedagogo, músico, ser humano com tudo o que ser humano devia representar, autor dos mais belos textos sobre a infância de que há memória. Rabindranath Tagore (1861-1941) é o seu nome e a obra agora publicada reúne a versão integral do livro The Crescent Moon, que o autor dedicou ao filho após a morte de sua mãe, e textos extraídos dos livros My Reminiscenses e My Childhood Days. A natureza destes escritos resulta da apurada sensibilidade poética do autor, estimulada pela presença da beleza que envolve o nascimento de uma criança e pelo encantamento que é observar o seu crescimento, havendo também lugar para delicadas reflexões sobre o mistério e o significado da morte.

Tagore foi um exímio manipulador de palavras, cuidadoso nos objetivos, primoroso nas imagens e poético na prosa.

A propósito da morte da sua mãe, escreveu: 

"Mais tarde, vagabundeando eu pelo mundo na liberdade da juventude, quando chegava a primavera prendia no meu cachecol um ramo de brancos jasmins; estes roçavam suavemente na minha testa, e sentia-os como se fossem os dedos da minha mãe que me tocavam; e concluía que a ternura que se desprendia da ponta daqueles doces dedos era a mesma que desabrochava todos os dias na pureza daqueles jasmins em botão; e, hoje, tenha ou não consciência disso, sei que a mesma ternura está espalhada por toda a terra em doses infinitas."

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

"Águas Perigosas" - Thriller exemplar de Jaume Collet-Serra


Aquele que julgávamos ser um mero aspirante a tarefeiro da indústria de produção rápida de filmes série B é afinal um cineasta de corpo inteiro. Jaume Collet-Serra demonstra-o em Águas Perigosas, um dos melhores (senão mesmo o melhor) thrillers do século XXI. E, para tal, bastou meia dúzia de atores (quase meros figurantes), uma atriz (fabulosa Blake Lively) que se entrega de corpo e alma a esta espécie de via-sacra balnear e uma mise-en-scène primorosa.

Nos primeiros cinco minutos de filme ficamos a saber tudo o que há para conhecer acerca da involuntária heroína da história. Os restantes 80 minutos são uma lição de cinema só comparável a Duel - Um Assassino Pelas Costas, obra seminal de Steven Spielberg.

domingo, 20 de agosto de 2017

"Ressurreição" - thriller bíblico de Kevin Reynolds


Kevin Reynolds foi responsável por um punhado de filmes de má memória (Robin Hood - Príncipe dos Ladrões, Waterworld, Rapa Nui e O Conde de Monte Cristo), embora, aqui ou ali, haja lugar para obras meritórias (A Besta da Guerra e Condenação à Morte). O seu último filme, Ressurreição, reatualiza e reconfigura o género de filme bíblico, contando a história de Clavius (muito bem defendido por Joseph Fiennes), tribuno romano que, após a crucificação de Cristo, é encarregado por Pôncio Pilatos de investigar os rumores acerca da ressurreição do alegado Messias. Depois de buscas infrutíferas em todos os lugares e sepulturas, Clavius procura os seguidores de Yeshua, que lhe mostram as razões das suas crenças. Suspeitando de traição, Pilatos envia um contingente de tropas romanas para capturar Clavius e matar todos os discípulos de Yeshua, achando que desse modo evitará um provável levantamento popular em Jerusalém. Clavius, de natureza cética, depois de ver com os seus olhos Yeshua ressuscitado, vê-se numa luta interior ao tentar conciliar o que lhe dizem os sentidos com a sua crença prévia nos limites e possibilidades do entendimento humano.

Não sendo filme para mudar o rumo do cinema popular contemporâneo, é ainda assim uma fita competente mas que peca por nunca questionar a ressurreição de Cristo, substituindo a dúvida metódica de Clavius pelo dogma empírico. Ficamos assim com um ato de fé de Reynolds e não com uma obra maior, como foram as películas de inspiração bíblica de Cecil B. DeMille.

terça-feira, 15 de agosto de 2017

"A Lenda do Dragão" - como devolver dignidade à tradição hollywoodesca de filme para a família


Em A Lenda do Dragão, David Lowery consegue a justa proeza de devolver dignidade à tradição hollywoodesca (neste caso, sob a égide da Disney) do filme para a família.

Um menino de 10 anos é encontrado na floresta onde vive (na companhia de um dragão!) desde que um acidente de automóvel tirou a vida aos pais. A partir daqui tudo se torna obviamente previsível, mas a realização é segura (sempre ao serviço da história e nunca dos efeitos especiais), as interpretações são convincentes (com claro destaque para Robert Redford) e a banda sonora é uma lição de bom gosto (onde mais encontrar So Long, Marianne, do saudoso Leonard Cohen?).

Assim se recupera o espírito classicista de King Kong, E.T. e O Gigante de Ferro. Só é pena alguns lugares-comuns que Lowery não teve coragem (ou a ousadia) de evitar.

domingo, 13 de agosto de 2017

Filmes tão maus, que são tão bons! (3) - "O Duende" (1993), de Mark Jones


O que se passaria na cabeça de Mark Jones quando, em 1993, arregaçou as mangas para escrever e dirigir Leprechaun, um terrível filme de terror (?), tão mau, mas tão mau, que é um espetáculo de humor (quase sempre) involuntário.

Tudo é funesto em O Duende, desde o argumento (uma péssima coleção de clichés), passando pelas personagens e pela hilariante caracterização dos atores, até aos efeitos especiais, que não seiam desdenhados por Ed Wood.

No meio de uma película tão atabalhoada sobram inúmeras cenas de antologia na história da patetice cinematográfica: as tintas na roupa da equipa de trolhas, o deficiente mental defendido por Mark Hilton, o corte de cabelo de Ken Olandt, os cenários da loja de penhores, a fuga no automóvel guiado pelo duende, as teias de aranha na casa assombrada...

O Duende deu origem a cinco sequelas, por sinal tão boas quanto o primeiro tomo.

sábado, 12 de agosto de 2017

"Blackway" - o mal pelo mal


Blackway é uma delicada pérola herdeira dos melhores clássicos série B. Misto de thriller e road movie, traz a assinatura do sueco Daniel Alfredson, que aqui dirige pela segunda vez o grande Anthony Hopkins (lembram-se de O Rapto de Freddy Heineken?).  

A partir do romance Go With Me, de Castle Freeman Jr., Alfredson arquiteta uma espécie de geografia do mal, filmando as montanhas da Colúmbia Britânica como lugar inóspito e que quase impossibilita qualquer forma de redenção. Ray Liotta faz o que sabe fazer melhor (a encarnação do mal em si mesmo), Julia Stiles é a loira vítima de um mal para o qual procura solução, Alexander Ludwig é a possibilidade do bem, a luz num inverno perpétuo, e Anthony Hopkins o anjo redentor (sobretudo, em demanda da auto-redenção).

Blackway é cinema puro no meio de filmes-espetáculo. E é, talvez, a grande surpresa de mais um triste verão cinematográfico. 

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

Cinema Fora do Sítio (2)


O filme Alien: Covenant, de Ridley Scott, é exibido hoje, às 22 horas, nos Jardins do Palácio de Cristal, no âmbito do Ciclo Cinema Fora do Sítio. 


Ciclo de Cinema "A CIDADE: IMAGEM-TEMPO" (1)


É à volta das cidades que se move o ciclo de cinema que começou ontem, dia 10 de agosto, no Museu Nacional Soares dos Reis, no Porto. Trata-se de um ciclo constituído por quatro filmes, que integra um programa mais vasto, o Porto Art Fest: Orbital, promovido pela Cooperativa Árvore e por aquele Museu, e comissariado por Paulo Mendes.

A abrir A CIDADE: IMAGEM-TEMPO foi exibida a obra-prima de Roberto Rossellini, Alemanha, Ano Zero, filme de 1948 que mostra Berlim nos anos que se seguiram à 2ª Guerra Mundial, com a capital alemã reduzida a escombros e a ser gerida pelos Aliados. Rossellini reflete sobre o relativismo moral que se sucedeu à guerra e se instalou entre alemães de todas as classes sociais, que, naqueles tempos de pós-guerra, passaram a subjugar todos os valores às necessidades de sobrevivência. Quem conduz a narrativa (e o espectador) é uma criança sem tempo - e sem direito - para viver a sua infância, que, após perder a inocência, se confronta com a solidão, o desamparo afetivo, a ausência de sentido, a rejeição, o mal absoluto e - inevitavelmente - com o destino trágico para o qual foi conduzida.

Um filme singular de um artista maior.

quinta-feira, 10 de agosto de 2017

"Angry Birds - O Filme" - cinema de animação na era da internet


Péssimo filme de animação, inspirado em figuras de um jogo do Google. Não se gastará aqui nem mais uma linha a discorrer sobre os deméritos de tão desinspirada fita. 



quarta-feira, 9 de agosto de 2017

"Histórias Curtas" - a ficção, segundo Rubem Fonseca


Contista, romancista, ensaísta e guionista, Rubem Fonseca já há muito que convive com o estatuto de um dos mais originais prosadores brasileiros contemporâneos. De resto, em 2003 ganhou o Prémio Camões, o mais importante da língua portuguesa.

As suas Histórias Curtas (Sextante Editora, 2016) são constituídas por 38 narrativas velozes e sofisticadamente urbanas, cheias de violência, erotismo, irreverência e construídas num estilo elíptico, quase cinematográfico. Lêem-se num ápice, com prazer. 

Contudo, convém fazer um aviso à navegação: nem todos os leitores aguentam este nível de violência (crua é a palavra certa) e aceitam o sentido de humor (negro, há que dizê-lo sem pudor) tão característico e comum à prosa de Rubem Fonseca.

terça-feira, 8 de agosto de 2017

Banda sonora para o verão (43) - Uriah Heep: "Demons and Wizards"


A obra-prima dos Uriah Heep. Álbum constituído por 9 canções que poderiam ter resultado em 9 singles. Impossível e injusto, portanto, destacar alguma faixa, sob pena de desrespeitar o todo. É certo que não há aqui nenhuma July Morning, mas há um disco despudorada e assumidamente rock and roll. É 1972 em 2017.

segunda-feira, 7 de agosto de 2017

Banda sonora para o verão (42) - Uriah Heep (2): "The Magician's Birthday"


The Magician's Bithday é um álbum fabuloso, reeditado este ano. Contém clássicos intemporais como Spider Woman (canção destrambelhada, puramente hedonista), Blind Eye (lição de harmonias fundadoras do melhor rock progressivo), Rain (balada exemplar) ou Sweet Lorraine (a reedição contém a versão single desta canção).


domingo, 6 de agosto de 2017

Banda sonora para o verão (41) - Uriah Heep (1): "Look At Yourself"


De entre as quatro maiores bandas britânicas da década de 70 do século passado (Deep Purple, Led Zeppelin, Black Sabbath) os Uriah Heep terão sido aqueles que, fazendo o percurso mais discreto, melhor sobreviveram ao tempo. Não porque tenham construído uma carreira mais duradoura (os Deep Purple ainda estão aí para as curvas), mas porque as suas canções (mormente as dos três álbuns que agora se reeditam) bem podiam ter sido gravadas em 2017, empalidecendo tantos outros grupos que se esforçam por recuperar neste século o rock clássico mais desgarrado e encorpado dos Uriah Heep.

Look At Yourself foi o primeiro tomo de uma trilogia editada num período de 13 meses (entre novembro de 1971 e o Natal de 1972). Aqui encontramos a power ballad July Morning (consta-se que é o hino rock mais popular na Bulgária) e o tema-título, Look At Yourself, intensificados pela portentosa voz de David Byron.

sábado, 5 de agosto de 2017

"Cinzento e Negro" - thriller existencialista em mãos de mestre


Com partitura composta por Mário Laginha, direção de fotografia de André Szankowski, interpretações perfeitas de Filipe Duarte, Miguel Borges, Joana Bárcia e Mónica Calle, argumento e realização do mestre Luís Filipe Rocha, Cinzento e Negro só podia ser a pérola insinuante que é. Um filme que é também uma homenagem aos Açores, território que Rocha já tinha captado em toda a sua luminosidade na obra "Adeus, Pai" (1996). 

Daqui a 20 anos, Cinzento e Negro figurará, com certeza, como um dos grandes filmes portugueses do século XXI.

sexta-feira, 4 de agosto de 2017

"Capitão Fantástico" - desvio rumo à utopia primordial


Finalmente, alguém em Hollywood decidiu não temer a caução filosófica e construir um filme singular sob o signo de Noam Chomsky.

Realizado por Matt Ross, Capitão Fantástico narra a história de uma família norte-americana que vive em comunhão com a natureza, numa espécie de paraíso perdido, longe da civilização capitalista. O patriarca (o sempre natural Viggo Mortensen, que, este ano, esteve nomeado por este papel ao Óscar de Melhor Ator) educa de forma exigente os seis filhos, ensinando-lhes Filosofia, Literatura, História, Matemática, Arte, exercício físico e técnicas de sobrevivência. No entanto, a morte da matriarca vai obrigar pai e filhos a regressar à civilização consumista e a constatar que os anos de isolamento social distanciaram aqueles desta.

Enquanto assistia ao filme, outra película saltou-me à memória: o esquecido A Costa de Mosquito, realizado por Peter Weir em 1986. Todavia, apesar dos méritos evidentes do filme de Matt Ross, a comparação não abona a seu favor. Viggo Mortensen está sempre no tom certo; os filhos são representados por jovens atores de forma superlativa; contudo, a reatualização de Coração das Trevas por Peter Weir (que, por sua vez, adaptava um romance de Paul Theroux) é eletrizante e, ao invés de Capitão Fantástico, nunca resvala para o drama adolescente. Não se depreenda daqui que a fita de Ross cede em algum momento a algum tipo de facilitismo, mas sim que esta possibilidade de encenar A República de Platão no século XXI opta deliberadamente por evitar a tragédia, resignando-se, de algum modo, à inevitabilidade da civilização que pretende criticar.


quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Banda sonora para o verão (40) - "The Comedian": banda sonora de Terence Blanchard


Enquanto The Comedian, película de Taylor Hackford, não tem honras de estreia por cá, temos o privilégio de poder desfrutar de um dos melhores discos do ano que vai já a meio. É jazz do melhor composto por um dos mais respeitados trompetistas das últimas três décadas, Terence Blanchard, que aqui toca na companhia de outros músicos de eleição: Ravi Coltrane, Kenny Barrow, Carl Allen, David Pulphus e Khari Allen Lee.

quarta-feira, 2 de agosto de 2017

"Dunkirk" - obra-prima de Cristopher Nolan

O cinema quer-se cru, puro, instintivo, visceral como, de resto, toda a arte. Christopher Nolan consegue com Dunkirk materializar essa visão depurada do cinema. Alguns críticos dirão que falta psicologia ao filme. Tal poderá ser sustentado pelo facto de Nolan colocar as personagens (soldados, oficiais do exército e da marinha, pilotos da RAF) em situação: a evacuação de 400 mil soldados Aliados encurralados nas praias de Dunquerque pelo exército alemão, na Primavera de 1940. 

O autor de Interstellar limita os diálogos ao mínimo indispensável, assumindo-os como apenas um (dos) alicerce(s) para a construção de um épico sobre sobrevivência, heroicidade, cobardia e altruísmo. E Nolan fá-lo direto ao osso, com uma mise-en-scène prodigiosa, naquele que será, indubitavelmente, um dos melhores filmes de 2017.

Vamos ver se a Academia de Hollywood premiará, finalmente, Chrisptopher Nolan com o Óscar de Melhor Realizador.

terça-feira, 1 de agosto de 2017

Estado da Nação (19) - Portugal tem a terceira maior dívida da Europa

Segundo indicou há dias o Eurostat, a dívida pública em Portugal aumentou no primeiro trimestre do ano, tanto na comparação com igual período do ano passado como em relação ao trimestre anterior, equivalendo agora a mais do dobro do limite fixado de 60% do Produto Interno Bruto. Temos agora a terceira maior dívida pública da União Europeia (130,5%), logo a seguir à Grécia e à Itália.

Breves notas sobre o cinema de Wong Kar Wai (6) - "Disponível Para Amar" (2000)

E, no ano da graça de 2000, Wong Kar Wai alcançou o zénite da sua (sétima) arte com a obra-prima Disponível Para Amar . É (mais) uma históri...