terça-feira, 24 de julho de 2012

Nunca te deixei partir - dias 26 e 27 de julho, 21h45, no Rivoli

Nos dias 26 e 27 de julho apresentaremos os dois últimos espetáculos de "Nunca te deixei partir", adaptação da obra "Morreste-me", de José Luís Peixoto.

Trata-se do relato comovente e avassalador da morte de quem mais amamos, a descrição do luto e, ao mesmo tempo, uma homenagem sentida sob a forma de memória redentora. Em palco, 17 atores desdobram-se no papel do filho que procura ultrapassar o momento de dor. Formalmente, é um texto contínuo, aqui repartido por vários monólogos e pequenos diálogos.

"Nunca te deixei partir" é um espetáculo intenso e sincero, que procura celebrar a vida, o amor entre pais e filhos, os laços afetivos mais puros, sólidos e incondicionais. O elenco da peça é constituído por jovens que se dedicam a este projeto em regime de complemento curricular, mas com a entrega dos melhores profissionais aliada à motivação e prazer genuíno de um artista amador.

Bilhetes à venda no Rivoli Teatro Municipal, Bilheteiraonline.pt, FNAC e CTT.
Reserva de bilhetes: 22 339 22 01


segunda-feira, 9 de julho de 2012

Carta aberta ao reitor da Universidade Lusófona - por João Miguel Tavares

Exmo. Reitor,

Foi com grande satisfação que soube que a Universidade Lusófona conferiu uma licenciatura em Ciência Política ao Dr. Miguel Relvas em apenas 14 meses, reconhecendo dessa forma a sua elevada estatura intelectual. Sempre sonhei com o alargamento das Novas Oportunidades ao Ensino Superior e fiquei muito feliz por terem dado o devido valor à cadeira de Direito que o senhor ministro fez há 27 anos com nota 10. Depois, naturalmente, o processo foi "encurtado por equivalências reconhecidas" (palavras do Dr. Relvas), após análise do seu magnífico currículo profissional.

É dentro desse mesmo espírito que vinha agora solicitar igual tratamento para a minha pessoa. Embora seja licenciado pela Universidade Nova com uns simpáticos 17 valores, a verdade é que o curso levou-me quatro anos a concluir e o Jornalismo anda pela hora da morte. Nesse sentido, e após análise da oferta disponível no site da universidade, venho por este meio requerer a atribuição do grau de licenciado em: Animação Digital (tenho visto muitos desenhos animados com os meus filhos), Ciência das Religiões (às vezes vou à missa), Ciências Aeronáuticas (já viajei muito de avião), Ciências da Nutrição (como imensa fruta), Direito (fui duas vezes processado), Economia (sustento uma família numerosa), Fotografia (tiro sempre nas férias) e Turismo (visitei 15 países). Já agora, se a Universidade Lusófona vier a ministrar Medicina, não se esqueça de mim. A minha mulher é médica, e tendo em conta que eu durmo com ela há mais de dez anos, estou certo de que em seis meses posso perfeitamente ser doutor.
Respeitosamente,
João Miguel Tavares
in Correio da Manhã, 06/07/12

domingo, 8 de julho de 2012

As trafulhices de quem se arroga de nos (des)governar - ainda a propósito da licenciatura "honoris causa" de Miguel Relvas

Entre as várias características que podem determinar a vantagem competitiva de um país, uma cultura de seriedade é, sem sombra de dúvida, uma das mais significativas. Desde logo, porque a cultura deve ser entendida como o espelho de um povo, pelo que uma forte cultura organizacional pode servir para transformar a própria cultura sem que daí resultem as habituais resistências à mudança. Essa é uma indubitável vantagem competitiva, uma vez que os países, nessas circunstâncias, mudam porque os seus concidadãos têm consciência de que devem mudar e não porque são constrangidos a mudar. Em tais contextos, uma cultura de seriedade deve ser uma consciência quotidiana, de onde se segue que aquele que prevaricar - políticos incluídos -, para além dos tribunais, é ostracizado pela própria sociedade.

Hoje, quando olhamos para o país verificamos que, de há demasiados anos a esta parte, vivemos uma cultura de corrupção. Foi o BPN e a SLN, o Freeport, a Face Oculta, o caso da Cova da Beira, múltiplas parcerias público-privadas e tantos outros casos que já caíram no esquecimento porque, infelizmente, a memória dos portugueses é curta e, por essa razão, estamos a viver cada vez pior. Mas parece que, para além de terem memória curta, os portugueses aceitam resignadamente viver paredes meias com gente corrupta. O problema é que esta cultura de corrupção está a sair demasiado cara ao país.

É urgente tomarmos consciência de que a mentalidade permissiva que há muito habita no nosso espírito, sobretudo daqueles a quem o poder subiu à cabeça, atingiu os limites do impossível e, similarmente à democracia tão criticada por Sócrates - o filósofo - na Grécia Antiga, tornou-se legal. Senão vejamos: o que se ouve dizer é que Miguel Relvas do ponto de vista moral prevaricou, mas do ponto de vista jurídico não se lhe pode acusar de nada, o que significa que a corrupção aconteceu em conformidade com a lei e, como tal, passa a fazer parte dos não assuntos. Conclusão: legalizaram-se as trafulhices.

Ora, um país cujos governantes pensam desta maneira vai a caminho do cano de esgoto da História. Portugal não resiste muito mais tempo a esta cultura de corrupção. Haja vergonha!

quinta-feira, 5 de julho de 2012

O dilema de Passos Coelho - a propósito da licenciatura "honoris causa" de Miguel Relvas

Segundo a edição de ontem do jornal Público, o currículo profissional de Miguel Relvas no exercício de diversos cargos públicos permitiu-lhe concluir a sua licenciatura em Ciência Política e Relações Internacionais, na Universidade Lusófona, em pouco mais de um ano. 

Passos Coelho tem rapidamente de decidir se quer sacrificar o Governo para salvar Miguel Relvas, ou sacrificar Miguel Relvas para salvar o Governo. Porque a questão é simples: pode um país ser governado por gente que não merece confiança? Claro que não pode, e ainda pode menos quando os tempos são de grande sacrifício, sobretudo para as camadas da população mais desfavorecidas.

De há uns anos a esta parte, os portugueses habituaram-se a ver a população, mais ou menos manipulada, a perder o respeito por aqueles que a governam. E quando o povo perde o respeito por aqueles que o governam, então, todos estamos sujeitos à falta de respeito. Ora, sem respeito não há confiança, sem confiança não há economia e sem economia não há sociedade que resista.

Assim sendo, o primeiro-ministro devia precaver-se. Já não se trata de uma disputa jornalística ao estilo do diz tu, direi eu. Agora, o caso fia mais fino porque se trata da credibilidade de uma das mais velhas instituições do País: a instituição universitária. Por isso, a dita licenciatura tem de ser esclarecida. Desde logo, quem foram os júris que assinaram as várias peças do processo de equivalência, na medida em que não podemos crer que tal assunto tenha resultado de uma decisão unipessoal.

Faz mal Passos Coelho considerar a licenciatura em causa como um "não assunto". Porque, ou mata o assunto de uma forma definitiva, ou o "não assunto" passará a ser ele próprio, Passos Coelho. E nessa altura só lhe resta a demissão ou, em alternativa, a desconsideração dos portugueses. 

O primeiro-ministro tem de decidir urgentemente se quer sacrificar o Governo para salvar o Miguel ou sacrificar o Miguel para salvar o Governo. Poderá, por exemplo, sugerir a Relvas que vá tirar um curso de Ciência Política para Paris...

terça-feira, 3 de julho de 2012

Legendar o silêncio icónico (21) - a Índia também somos nós (2)

As autoridades indianas revelaram, no dia 1 de julho, que pelo menos 61 pessoas morreram e cerca de dois milhões foram afetadas pelas inundações que se têm registado desde o final de junho no estado de Assam. As cheias, provocadas pelas fortes chuvas da monção, alagaram duas mil aldeias, levando a que cerca de meio milhão de pessoas tenha procurado abrigo em acampamentos preparados pelas autoridades.

domingo, 1 de julho de 2012

Banda sonora para o verão (22) - a propósito do concerto dos Echo and the Bunnymen na Serra do Pilar

Os Echo and the Bunnymen estão no ativo desde 1978. Desde então, lançaram 11 álbuns de estúdio, entre coletâneas, registos ao vivo e algumas desavenças, que levaram o carismático vocalista e cofundador, Ian McCulloch, a abandonar, durante alguns anos, a banda para se dedicar a uma curta, mas interessante, carreira a solo. 

Ontem à noite, deram um bom concerto em Gaia, na Serra do Pilar, com vista privilegiada para o Rio Douro. Foi, sobretudo, uma oportunidade para o público revisitar memórias de adolescência e conhecer algumas canções da segunda fase da discografia dos autores de "Crocodiles" (o álbum de estreia, de 1980). Para muitos críticos, "Ocean Rain" (editado em 1984) foi um disco de uma qualidade melodiosa irrepetível. Quanto a mim, tenho "What Are You Going To Do With Your Life?" (gravado já em 1999) como a obra mais inspirada dos Echo and the Bunnymen. É, de resto, um dos CD que levaria para uma ilha deserta... no verão.

Echo and the Bunnymen - "Rust"

Breves notas sobre o cinema de Wong Kar Wai (6) - "Disponível Para Amar" (2000)

E, no ano da graça de 2000, Wong Kar Wai alcançou o zénite da sua (sétima) arte com a obra-prima Disponível Para Amar . É (mais) uma históri...