À semelhança de Robert Zemeckis, sobre quem ainda há três semanas registei aqui um texto a propósito do seu último filme ("Um Conto de Natal"), Luc Besson parece ter enveredado definitivamente pelos caminhos do cinema de animação, uma vez que acaba de estrear a sequela de "Artur e os Minimeus" (adaptação de um romance infanto-juvenil escrito pelo próprio Besson). Aliás, o cineasta francês, que chegou a afirmar que não voltaria a filmar depois daquela película, volta a surpreender-nos com "Artur e a Vingança de Maltazard", apostando, uma vez mais, nos efeitos especiais que conjugam a animação digital com cenários reais (encontrando-se aqui mais uma aproximação ao universo gráfico de Zemeckis).
Desta vez, Artur anseia pelo 10º ciclo lunar para voltar a ver Selénia e a terra dos Minimeus, onde o aguarda um fausto banquete. No entanto, o pai do herói resolve abreviar o seu período de férias em casa da avó. Quando está prestes a partir, Artur recebe um pedido de socorro escrito num bago de arroz entregue por uma aranha. Pensando ser um apelo de Selénia, o nosso herói não pensa duas vezes e regressa à terra dos Minimeus, sob a forma de duende, percorrendo um caminho cheio de perigos (aranhas peludas, sapos ameaçadores, ratazanas malvadas...). Todavia, Artur acabará por descobrir que o pedido de ajuda foi feito por alguém cujo único propósito terá sido atraí-lo para uma armadilha.
Tal como a prequela deste filme, "Artur e a Vingança de Maltazard" assume-se como uma fábula ecológica que pretende passar a sua mensagem a todos os públicos, destacando-se nesta segunda parte a tentativa de cativar o público adolescente que, à imagem e semelhança de Freddie Highmore (actor que interpreta o papel do Artur de carne e osso), cresceu desde o filme anterior. Deste modo, os personagens surgem com uma atitude mais cool e um visual mais teen. Nada de errado na estratégia, o cinema é uma arte cara e é importante saber vendê-la. Luc Besson sabe, melhor que ninguém, como comercializar um filme e sempre conseguiu competir mano a mano com a indústria de Hollywood. Convém relembrar que "Artur e os Minimeus" - o filme anterior - facturou cerca de 113 milhões de dólares nas bilheteiras e só em França vendeu um milhão e meio de DVD. Não mata saudades, claro, das obras-primas da primeira fase do realizador ("Subterrâneo", "Vertigem Azul", "Nikita - Dura de Matar", "Léon, o Profissional", "O Quinto Elemento" e "Joana D'Arc" já fazem parte do imaginário cinematográfico popular, sendo obras incontornáveis em qualquer análise do cinema europeu dos últimos 20 anos), mas é um bom entretenimento para toda a família.
Ficamos a aguardar a terceira parte da saga - "Artur e a Guerra dos Dois Mundos" -, que irá estrear somente daqui a um ano, mas foi rodado em simultâneo com "Artur e a Vingança de Maltazard" de modo a evitar diferenças na aparência física do actor Freddie Highmore.
Trailer de "Artur e a Vingança de Maltazard", de Luc Besson