quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Estado da Nação (21) - Portugal lá fora...

O Ministro das Finanças da Suíça abordou no Parlamento do seu país o recente desentendimento entre os líderes dos dois maiores partidos de Portugal, José Sócrates e Pedro Passos Coelho. Hans-Rudolf Merz não conseguiu conter as gargalhadas. E não é para menos - a situação política do nosso país é mesmo para rir. Andam a brincar aos políticos à custa dos nossos impostos...





domingo, 26 de setembro de 2010

Dois livros, dois filmes (2) - "Visto do Céu"

"Visto do Céu" adapta o romance impressionista "The Lovely Bones", de Alice Sebold. Peter Jackson assume a arriscada tarefa de transpor a obra literária para o grande ecrã. Isto porque, por um lado, trata-se de um best seller calorosamente recebido pela crítica e, por outro lado, é um livro labiríntico, com a aura de inadaptável. Que fique claro: em minha opinião, trata-se de um filme que agradará a quem não leu o livro, mas que dificilmente entusiasmará os leitores de Sebold. É que são muitas as alterações em relação à história original, ficando-se por uma espécie de versão compactada da história original.

Uma nota positiva para o fabuloso trabalho de fotografia, a prestação dos actores (sobretudo, a perturbadora interpretação de Stanley Tucci), apesar de ficar a sensação de que Peter Jackson seria capaz de assinar um filme bem superior a este (não nos esqueçamos de que foi ele o responsável pela adapatção da ainda mais difícil trilogia de Tolkien, "O Senhor dos Anéis").

Trailer de "Visto do Céu", de Peter Jackson



sábado, 25 de setembro de 2010

Dois livros, dois filmes (1) - "Millennium 1 - Os Homens Que Odeiam As Mulheres"

Já registei aqui apreciações críticas aos capítulos 2 e 3 da série de livros "Millennium", do malogrado Stieg Larsson, e a "Visto do Céu", de Alice Sebold (ler posts de 21 de Janeiro, 15 de Agosto e 8 de Abril de 2010, respectivamente). Nos últimos dias, vi as adaptações cinematográficas de "Os Homens Que Odeiam As Mulheres" (primeira parte da série "Millenium") e do impressionista livro de Sebold.

O primeiro filme traz a assinatura de Niels Arden Oplev e o melhor que se pode dizer é que é a adaptação possível e desejável do best-seller de Larsson. Não me desiludiu, pelo que, tendo em conta que a trilogia de Larsson é o maior monumento literário da primeira década do presente século, os cento e cinquenta minutos de duração de "Os Homens Que Odeiam As Mulheres" fazem jus ao livro ao conseguir transpor para o celulóide a complexidade psicológica dos personagens (sobretudo, no que se refere à heroína Lisbeth Salander, defendida por uma fabulosa Noomi Rapace) e a densidade dramática da história. Acima de tudo, estamos perante um thriller electrizante, que esconde uma profunda reflexão premonitória acerca das cada vez mais reais reminiscências da extrema-direita nazi na Suécia (país onde decorre a acção da película).

Trailer de "Millennium 1 - Os Homens Que Odeiam As Mulheres", de Niels Arden Oplev



sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Estado do Mundo (14) - perigo no Árctico

O oceano Árctico teve, este ano, um dos maiores degelos de sempre. Neste momento, o gelo que resta no oceano Árctico ocupa apenas uma extensão de 4,76 milhões de quilómetros quadrados.

domingo, 19 de setembro de 2010

"A Desconhecida" - exercício hitchcockiano de Tornatore

Giuseppe Tornatore é um dos maiores cineastas contemporâneos. Ponto. Tem sido injustamente tratado por críticos de cinema que insistem em comparar todos os seus filmes com a obra-prima que assinou em 1988, "Cinema Paraíso". Veja-se, por exemplo, "A Desaparecida", película de 2006 e a última a ter estreado em salas nacionais. Trata-se de um exercício de suspense filmado com uma mestria só comparável a cineastas como Hitchcock e De Palma. Ao mesmo tempo, funciona como retrato cruel do tráfico e escravatura sexual de mulheres oriundas da Europa de Leste. 

"A Desaparecida" narra a história de Irena, uma emigrante ucraniana que se aproxima de uma família italiana rica, de modo a recuperar a sua filha. No entanto, o seu passado como prostituta continua a persegui-la e a amaeaçar a sua (nova) vida. O filme está construído como se de peças de um puzzle se tratasse, com um ritmo feérico e vertiginoso, funcionando como um soberbo exercício de estilo. Não é a repetição de "Cinema Paraíso" - e ainda bem! É antes o crescimento natural de um grande film maker italiano que procura permanentemente inovar e experimentar um registo diferente.

Uma nota final para a electrizante banda sonora do sempre sublime Ennio Morricone.

Trailer de "A Desconhecida", de Giuseppe Tornatore



quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Uma aventura no Ministério (2)

Isabel Alçada acaba de protagonizar um vídeo fabuloso, onde surge num inesperado registo de humor, diria, britânico, caso não estivéssemos neste pacífico rectângulo à beira-mar plantado. Os Gato Fedorento que se cuidem, uma vez que finalmente encontraram uma equipa de produção à altura - a EDU TV PORTUGAL, precisamente.

Mensagem de Ano Novo da Sra. Ministra da Educação a alunos, pais e professores

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Sócrates, o humorista (2)

"José Sócrates parece ter um especial gosto por incentivar o investimento das empresas portuguesas em ditaduras. Já se conhecia, com detalhes, o caso da Venezuela, que por vezes assume proporções quase fetichistas. Esta semana, tornou-se mais visível a sua irresistível atracção pela Líbia, depois de o primeiro-ministro português ter participado em Tripoli nos festejos do 41º aniversário da revolução naquele país - a qual, recorde-se consagrou o regime que, entre outras maravilhas, se tornou um dos principais financiadores do terrorismo internacional."
[Excelente] Editorial da revista Sábado

domingo, 12 de setembro de 2010

Banda sonora para o Verão (14)

Nos próximos dias, registar-se-ão aqui alguns bons discos editados neste fim de Verão, que ficam como o melhor que a silly season teve no que às novidades musicais diz respeito.

Comecemos pela estreia a solo de Brandon Flowers, vocalista dos The Killers, banda que nunca consegui compreender e gostar verdadeiramente. No entanto, no disco-debute em nome próprio, Brandon Flowers revela-se um cantautor de corpo inteiro e - diga-se - com uma alma enorme. Flamingo revela-se uma autêntica pérola preciosa da pop para esta nova década. De texturas aparentemente simples, o álbum é de uma excelência musical só comparável às melhores composições de Paddy McAloon. Claro que há que mencionar o toque de midas dos magos Daniel Lanois e Brendan O'Brien, que co-assinam a produção de Flamingo

Atente-se à complexidade pop de "Jacksonville", ao single straight to the chorus "Crossfire" ou à aproximação aos territórios do prog-rock com "Welcome To Fabulous Las Vegas" para se perceber porque é que este disco vai ser muito rodado nas rádios ou, pelo menos, no meu CD-player.

"Crossfire" - Brandon Flowers

sábado, 11 de setembro de 2010

11 de Setembro - que a tragédia nunca mais se repita!

Em 11 de Setembro de 2001 perderam-se três mil vidas no ataque ao World Trade Center, em Nova Iorque. Nesse dia, a realidade superou a ficção através de um acto irracional que abalou uma civilização - a ocidental - responsável pelo mais belo texto alguma vez escrito: a Declaração Universal dos Direitos do Homem. Não o esqueçamos para que, tal como o Holocausto, nunca mais se repitam estas tragédias provocadas por decisão humana.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

"Infidelidades" - 3 peças sob um signo comum

Woody Allen está para a Sétima Arte como Hergé para a Nona. Daí que qualquer novo filme do realizador norte-americano, ainda que menor comparativamente aos seus grandes clássicos (com "Annie Hall" à cabeceira), seja sempre um acontecimento cultural merecedor de figurar nas capas de diários ou revistas mais exigentes. Os seus livros são também bem conhecidos, relembrando-se aqui a edição da sua "Prosa Completa" pela Gradiva, livro que reúne as suas 3 bíblias do humor - "Sem Penas", "Para Acabar de Vez Com a Cultura" e "Efeitos Secundários". Li-os aos 17 anos de uma assentada e, de quando em vez, revisito-os para me lembrar que não devemos levar a História, a Arte, a Ciência, a evolução, os artistas (e a nós próprios) demasiado a sério.

Vem esta prosa a propósito de três peças de teatro assinadas por Allen reunidas num só livro e publicadas entre nós pela Relógio D'Água. Trata-se de três comédias hilariantes, com um ritmo, cadência, fluidez e naturalidade (ou, se quiserem, espontaneidade) como não encontramos em qualquer outro dramaturgo contemporâneo. Em Portugal, torna-se urgente um autor assim, no cinema e no teatro, capaz de despretensiosamente, mas com classe, inteligência e bom gosto, fazer rir o espectador ao sabor do absurdo existencial vivido por personagens, afinal tão parecidas com cada um de nós.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Uma aventura no Ministério


Isabel Alçada (ou Veiga na papelada oficial) prometeu hoje, em mais uma inauguração (porque quando se abre uma escola fecham-se logo duas ou três), que "vamos ter Magalhães" para todos os alunos do 1º ciclo do Ensino Básico. "Yupi!" - rejubilam os petizes, que assim terão mais razões para não terem que ler mais um dos livros da ministra (Alçada, e não Veiga).

terça-feira, 7 de setembro de 2010

O Paquistão também somos nós (2)


As cheias no Paquistão já afectam 17 milhões de pessoas. E nós, fechamos os olhos a esta tragédia e continuamos a ver o Goucha e a Cinha na televisão?

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

"Julie & Julia" - um épico de cozinha...


Julie Powell assina um livro (já adaptado ao cinema) que teve como ponto de partida uma empresa, no mínimo, bizarra, a saber: conseguir cozinhar, no espaço de um ano, cada uma das 524 receitas de um clássico livro de culinária da célebre Julia Child. As peripécias, quase sempre hilariantes, foram registadas num blogue homónimo, que rapidamente se tornou fenómeno de culto numa parte significativa da blogosfera.

Sob a forma de diário íntimo, "Julie & Julia" está escrito num ritmo feérico, sempre com um humor acutilante e verdadeiramente mordaz; simultaneamente, a autora introduz breves interlúdios novelescos que romanceiam delicadamente a vida de Julia Child, acabando, aliás, por assumir a presente obra como uma elegia à famosa cozinheira norte-americana.

Infelizmente, o filme de Nora Ephron, que este ano tivemos oportunidade de ver nos ecrãs nacionais (já tem edição em DVD), não foi capaz de captar o sabor pop da escrita de Powell, valendo sobretudo pela interpretação empenhada de Meryl Streep. Mas o livro, esse, é um verdadeiro guilty pleasure para saborear em noites quentes de Verão.

Breves notas sobre o cinema de Wong Kar Wai (6) - "Disponível Para Amar" (2000)

E, no ano da graça de 2000, Wong Kar Wai alcançou o zénite da sua (sétima) arte com a obra-prima Disponível Para Amar . É (mais) uma históri...