Reflexão em torno das mudanças de paradigma enquanto produto da inciativa individual (e não da vontade de uma comunidade), Vontade Indómita (1949) é, talvez, a mais ousada das obras-primas de King Vidor, cineasta (também ele) individualista e obstinado na sua apologia de um cinema rigoroso e sem cedências.
Em boa verdade, esta memorável adaptação do romance The Fountainhead, de Ayn Rand, é o filme em que King Vidor expõe sem pudor a sua forma de ver o mundo e o seu espírito individualista. Gary Cooper encarna um arquiteto que prefere destruir com dinamite um edifício que projetara, a permitir a sua adulteração por empresários mais sedentos de lucro fácil do que ansiosos por criatividade. Qual metáfora de uma indústria cinematográfica exclusivamente preocupada com receitas de bilheteira e não com a educação do público a partir de novas abordagens estéticas. De resto, o julgamento final é uma declarada profissão de fé do individualismo contra as utopias coletivistas.
Quase ao nível de Citizen Kane (1941), Vontade Indómita, em boa verdade, é só comparável à obra maior de Orson Welles.
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