Na semana em que iremos passar à hora de inverno, e em pleno mês de outubro, nada como escutarmos um disco pensado, precisamente, como banda sonora para o outono. Trata-se de música de câmara com harmonias eletrónicas que traduzem a imagética desta estação do ano em paisagens sonoras executadas com a mestria própria de dois compositores gigantes, oriundos do rock progressivo e da música clássica. October Is Marigold deve ser fruído do princípio ao fim.
Ideias, opiniões, gostos, prazeres, fruições, sensibilidades e rotinas serão aqui registadas.
terça-feira, 25 de outubro de 2022
domingo, 23 de outubro de 2022
Banda sonora para o Outono (41) - a-ha: "True North"
Uma dezena de álbuns de originais depois, o grupo norueguês continua em boa forma, tendo lançado esta semana um disco orquestral, pleno de canções compostas com o cuidado e o rigor próprios da maturidade que os quarenta anos de experiência musical tornam possível. Convém sublinhar que True North (assim se chama o LP) é um disco pop, sim, mas contra a corrente, avesso a modas ou a sonoridades mais modernas, optando por harmonias intemporais, muito graças à colaboração com a Orquestra Filarmónica do Árctico.
Carta de amor à natureza, True North é uma obra maior do que a soma das suas partes. Um dos discos do ano - vale a pena ouvi-lo do princípio ao fim.
segunda-feira, 17 de outubro de 2022
“Uma Paixão Simples” – Annie Ernaux (1) por Danielle Arbid
Para
muitos, Annie Ernaux talvez seja maior descoberta literária de 2022. No entanto,
apesar da postura discreta, a escritora já há muito que é, sobretudo em França,
um nome prestigiado das letras. A sua obra é pioneira num registo que vem sendo
designado como autoficção, embora na entrevista que deu ao Expresso
(publicada na edição do último fim de semana) a autora considere mais ajustado
o termo cru e direto ao osso – biografia.
Um
dos seus livros mais conhecidos é, precisamente, Uma Paixão Simples (editada em Portugal pela Livros do Brasil),
que, em 2020, foi adaptado ao grande ecrã por Danielle Arbid, tendo obtido a
honra de integrar a seleção oficial de Festival de Cannes desse ano.
Se
quisermos identificar um bom exemplo de narrativas que, em mãos capazes,
funcionam da melhor forma em livro mas não em cinema, Uma Paixão Simples
será uma escolha adequada.
Conta
a história de uma professora universitária que se envolve romanticamente com um
enigmático diplomata russo (e, já agora, fervoroso admirador de Putin).
Imagino
que um mestre como Wong Kar Wai faria de tal material narrativo (que, como o
título indica, é bem simples) um grande melodrama, mas não é o cineasta de
Hong Kong quem quer. Por isso, enquanto cinéfilos, ficaremos infinitamente
melhor servidos revendo a obra seminal de Kar Wai, Disponível Para Amar.
Uma
nota positiva para o bom trabalho dos atores e para a excelente banda sonora. Contudo,
estes são pormenores que não bastam para salvar o filme do imenso vazio a que
se entrega.
domingo, 16 de outubro de 2022
Estado da Nação (39) - Um Governo a governar-se a si próprio
Pedro Nuno Santos, ministro das Infraestruturas e da Habitação (e putativo futuro primeiro-ministro), atribuiu dinheiros públicos a uma empresa da sua família.
Manuel Pizarro, ministro da Saúde, é casado com a bastonária da Ordem dos Nutricionistas e, até há uns dias, detinha uma empresa na área da Saúde.
Ana Abrunhosa, ministra da Coesão Territorial, concedeu milhares de euros em fundos europeus a duas empresas do marido.
É a maioria socialista a reforçar que este é mesmo o País rosa.
sábado, 15 de outubro de 2022
"Blonde" - Marilyn por Andrew Dominik
Adaptação
do romance (inspirado na vida de Marilyn Monroe) de Joyce Carrol Oates com o
mesmo título, Blonde é, por enquanto, o acontecimento cinematográfico do
ano. É verdade que o filme de Andrew Dominik, estreado no Festival de Cinema de
Veneza de 2022, foi produzido (e diretamente disponibilizado) pela plataforma
Netflix, quando merecia visionamento no grande ecrã, mas é de Cinema que
estamos a falar.
O
filme não pretende ser um biopic, embora os espetadores mais incautos
possam vê-lo enquanto tal. É antes uma adaptação tão fiel quanto possível de um
romance com o epíteto de inadaptável.
Blonde é uma obra barroca, grandiloquente - mesmo
quando assume laivos de filme de câmara (e com uma Marilyn onírica e não poucas
vezes mostrada em surdina) -, psicanalítica e esteticamente ousada. É de
destacar também a admirável (e impressiva) entrega da atriz Ana de Armas
ao papel da mítica diva do cinema, assumindo-se de corpo e alma como Marilyn
Monroe.
Ao
invés de ter a pretensão de ser a biografia realista e fiel aos factos,
Dominik opta pela encenação do arquétipo, começando pelo pesadelo (quase
lynchiano) de uma infância trágica, passando pela representação da ingénua
Norma Jean (nome verdadeiro da atriz mais icónica de Hollywood) no inferno
machista dos castings nos grandes estúdios até à sua transfiguração na persona
modelar e que acaba por se tornar (pelo menos, para a Norma representada em Blonde)
um fardo insuportavelmente artificial. Domink reconstrói – e aí sim, de modo
claramente mimético – algumas das fotografias mais célebres da atriz e cenas
arquetípicas de alguns clássicos do cinema com Marilyn.
Convém
não ir ao engano: Blonde não é para todos, e aqueles que procurarem no
filme mais uma biografia realista ou um melodrama a glorificar a atriz, desengane-se.
O filme transcende deliberadamente as convenções formais das fitas sobre uma
figura histórica, tomando Marilyn (ou, se quisermos, a persona da atriz)
como ponto de partida para uma reflexão sobre a Sétima Arte, no
período do star system de Hollywood, como criadora de personas
descartáveis e fabricante de sonhos tornados pesadelos freudianos.
Quanto
a mim, Blonde é uma obra-prima.
sexta-feira, 14 de outubro de 2022
Paul Schrader (3) – “The Card Counter – O Jogador”
William
Tell é um ex-militar com grande talento para o jogo de cartas, a que se dedica
obsessivamente, de modo a manter o passado convenientemente recalcado. Em boa
verdade, este jogador profissional, metódico e ritualista (cobre com lençóis
brancos todos os móveis dos quartos de hotel onde fica hospedado) esteve muitos
anos preso devido à cumplicidade nos crimes cometidos na prisão de Abu Ghraib
durante a Segunda Guerra do Golfo. No entanto, as memórias desses anos
ressurgem quando assiste a uma palestra de um antigo oficial responsável por
treinar militares em técnicas de tortura.
Com
The Card Counter regressámos ao cinema de autor daquele que é,
porventura, a par de Woody Allen, um dos mais coerentes e intransigentes
cineastas norte-americanos. Uma vez mais, Schrader cria uma obra pessoal,
marcada por personagens trágicas em busca de redenção. Ora, para um
intelectual tão marcado pela teologia cristã como Schrader só o sacrifício
possibilita a redenção. Por isso, desde o argumento de Taxi Driver que
este autor parece estar (quase) sempre a contar a mesma história – mas fá-lo
sempre com ousadia e inconformismo.
William
Tell (meticulosamente interpretado por Oscar Isaac) não é um sucedâneo de
Travis Bickle (o icónico personagem imortalizado por Robert De Niro em Taxi
Driver), embora com ele estabeleça pontos de contacto, senão vejamos: (i)
são os dois ex-veteranos de duas guerras que, em tempos diferentes, mancharam a
reputação libertária do exército norte-americano; (ii) sentem-se acossados pela
participação numa guerra cujo propósito não compreenderam; (iii) vivem como
presbíteros mundanos em busca da virtude. Todavia, William Tell, na sua
aparente lucidez, está mais próximo de Ernest Toller, personagem central de No
Coração da Escuridão, filme anterior de Schrader. Mas é tão-só isso: a
(aparente) lucidez e – diria até – a formação intelectual de William Tell e
Ernest Toller (Travis Bickle era demasiado autocentrado e indiferente à cultura
académica). Porque, de resto, a loucura e a violência sacrificial mantêm-se à
flor da pele.
quinta-feira, 13 de outubro de 2022
Contos de Silvina Ocampo (2) - "Os Dias da Noite"
A
propósito dos contos de Silvina Ocampo, Jorge Luís Borges fez notar que, neles,
há uma particularidade difícil de compreender, a saber: “o seu estranho amor
por uma certa crueldade inocente ou oblíqua”. O incontornável autor argentino
atribuía essa singularidade “ao interesse, o interesse atónito que o mal
inspira numa alma nobre”.
Na
verdade, tal como nos contos de Borges, tudo coabita no universo elegíaco de
Silvina Ocampo: vidas enredadas na ficção, traições ardentes e vinganças
geladas, espelhos ou sonhos que refletem fantasmas de carne e osso; o quotidiano
banal que se faz mágico, fruto de agoiros e presságios, ora bons ora maus. A unir
a maioria dos contos de Os Dias da Noite (editado em Portugal pela
Livraria Snob) está sempre a infância, essa etapa dada ao fantástico, mas que
Ocampo também vê como propensa para a crueldade. A infância como a fina fissura
entre inocência e perversão.
A
Fúria e outros contos e Os Dias da
Noite constituem-se como leituras urgentes de uma escritora a
(re)descobrir.
quarta-feira, 12 de outubro de 2022
Contos de Silvina Ocampo (1) – “A Fúria"
Escritora
dotada de uma imaginação prodigiosa e de uma técnica narrativa singular,
Silvina Ocampo é usualmente apontada como uma destacada rebelde das letras
argentinas. Foi companheira de Adolfo Bioy Casares e amiga íntima de Jorge Luís
Borges.
A
Fúria e outros contos é, talvez, a sua
obra-prima. Neste livro, editado em Portugal pela Antígona,
reúnem-se trinta e quatro contos com narrativas plenas de notas de insólito,
humor, drama, fantasia e terror, que reclamam leitura ávida e apuram o bom
gosto literário.
terça-feira, 11 de outubro de 2022
Estado do Mundo (51) - Um Prémio Nobel num mundo desinteressado pela Paz
segunda-feira, 10 de outubro de 2022
Prémio Nobel da Literatura 2022
Quanto a mim, irei começar, em breve, a ler a obra "O Acontecimento", editada, este ano, em Portugal pela editora Livros do Brasil.
domingo, 9 de outubro de 2022
Estado da Nação (38) - Cinismo republicano
António Costa, 05 de outubro de 2022
sábado, 8 de outubro de 2022
Estado da Nação (37) - Pois, temos pena...
"O meu marido perdeu uma fortuna. Do ponto de vista económico, a minha passagem pelo Governo foi uma tragédia (...). Um ministro não ganha para o que faz. Há uma exposição pública tremenda que afeta o próprio e as famílias."
Francisca Van Dunem, Ex-ministra da Justiça, Expresso, 7 de outubro de 2022
sexta-feira, 7 de outubro de 2022
Mudar
quinta-feira, 6 de outubro de 2022
Autonomia
Na sua autobiografia,
Woody Allen confessa que a sua maior fobia é o medo de entrar. Convidado frequentemente a festas de gente ilustre (por
vezes, políticos ou artistas que ele muito admirava) deixava-se ficar à porta a
esforçar-se por superar o medo de entrar
e ser forçado a estar presente, a ter que sorrir e socializar.
Na verdade, sempre vimos com melhores olhos
pessoas populares e altamente sociáveis do que aquelas que preferem estar sós. Contudo,
tal como Woody Allen, na maior parte das vezes, também eu “prefiro ficar no meu
apartamento”. Por isso, há que conseguir dizê-lo alto e bom som; sabermos recusar o convite sem receio do que os outros
possam pensar. Nesse aspeto, a personalidade daquele cineasta norte-americano é
admirável, aliás, chegou a recusar prémios pela sua obra porque a condição para
os receber seria ter que estar presente na cerimónia de entrega e recebê-los pessoalmente.
No início, pode custar, mas cedo nos habituaremos
a decidir autonomamente, não cedendo a pressões ou a preocupações com aquilo que
os outros irão pensar. Diz um conhecido aforismo que se é verdade que não posso controlar o que os outros pensam, posso controlar
aquilo que penso.
quarta-feira, 5 de outubro de 2022
Correr
Há cerca de dez anos, redescobri um dos meus prazeres de infância: correr. A corrida (tal como a caminhada) é um exercício terapêutico: liberta toxinas, reequilibra mente e corpo, mas também proporciona momentos de introspeção, reflexão e balanço interior.
Correr regularmente reposiciona-nos perante o mundo, ajudando-nos a mitigar problemas e preocupações. Em boa verdade, correr produz efeitos semelhantes à meditação e, ainda que possamos treinar em grupo ou em equipa, os resultados são mais benéficos quando corremos sozinhos. Primeiro, porque exercitamos a motivação intrínseca (dependemos apenas de nós próprios para superarmos limites); segundo, porque definimos o nosso ritmo individual e as metas que pretendemos alcançar, tornando a prática mais livre e saudável; e, por último, porque desenvolvemos a capacidade para nos concentrarmos no silêncio, apurando o foco e depurando o pensamento.
Por isso, correr também é um ato solitário.
terça-feira, 4 de outubro de 2022
Detox
Na canção
referida no capítulo anterior, Rui Veloso canta (…) e vale mais uma palavra / que mil imagens por minuto. Embora a
música tenha sido composta na década de 90 do século XX, a letra está mais
atual do que nunca.
De facto, vivemos, definitivamente, na era
das imagens, aceleradas por redes sociais virtuais como o Instagram. Publicamos
fotografias das férias de Verão em poses encenadas, dos aniversários dos
filhos, da iguaria prestes a degustar à mesa do restaurante, enfim, um
sem-número de atos quotidianos triviais que tornamos públicos, esbatendo a
fronteira com a esfera privada. É a distopia Orwelliana materializada pela
vontade individual (egocêntrica e acrítica, diria eu).
Mas não será esta aparente obsessão
coletiva com as imagens uma máscara da solidão individual? Uma forma de nos
iludirmos (e de iludirmos os outros) de que somos populares, bem-sucedidos e
levamos a vida perfeita?
Tal banalização do quotidiano sobrepõe-se
ao prazer espontâneo que outrora sentíamos naquilo que experienciávamos. Agora,
há que registar tudo na câmara do smartphone e publicar as imagens,
identificando devidamente o local.
Afinal, queremos ser permanentemente
observados? E estamos a comunicar com quem? Com centenas, quando não milhares
de amigos virtuais, muitos deles seguidores que nunca vimos fora do ecrã do
telemóvel?
Há que redescobrir o prazer da fruição do
instante, viver o momento apenas para vivê-lo
e esquecer a pressão da foto, exercitando, desse modo, a memória afetiva.
Ao invés de querer encenar mais uma
fotografia, experimente o prazer de apenas
conversar com a pessoa que o/a acompanha. Ou, em alternativa, concentre-se
no silêncio, na paz que o momento lhe transmite, na música que está a ouvir no
concerto, no prato que está a saborear ou, simplesmente, limite-se a comungar com
a Natureza. Vai ver que vale a pena!
segunda-feira, 3 de outubro de 2022
Lentidão
No mundo urbano
do século XXI, tanto em países ricos como em países pobres, precisamos que tudo
seja rápido, desde o nascer do dia até ao cair da noite. Pensemos sobre há quanto
tempo não contemplamos a aurora ou o anoitecer com o devido vagar. E, a seguir,
tomemos consciência do quanto isso nos faz falta. Será que a forma como vivemos
corresponde ao modelo de vida que desejamos? Poderá a voragem dos dias proporcionar
sentido para a existência?
A reflexão, seja sob a forma de introspeção ou de pura meditação, exige lentidão. O mesmo acontece com tudo aquilo que nos dá mais prazer: degustar um delicioso prato de comida, visitar um museu, ver um bom filme, ouvir um disco do princípio ao fim, amimar as pessoas que amamos, contemplar uma paisagem natural e até descansar. Tudo isto são prazeres superiores que nos fazem sentir vivos e dão propósito à existência. Ou, pelo menos, proporcionam encontros com sentido. Dito de outro modo: todas as experiências pessoais positivas contribuem para encontrar um sentido, uma orientação ao afirmarem-se como o Norte da nossa bússola interior.
Proponho ao leitor que faça uma pausa e ouça a canção Do meu vagar, composta por Rui Veloso e Carlos Tê. Atente na letra e, depois, reflita.
domingo, 2 de outubro de 2022
Educação e cultura
Um aspeto
importante a ter em conta é o do papel da educação na forma como perspetivamos
e até no modo como desejamos a solidão, o recolhimento interior. Sem educação
(e aqui referimo-nos, sobretudo, à educação formal, institucional e académica)
teremos dificuldade em compreender a relevância da solidão na busca pelo autoconhecimento,
mas também para sabermos manter o foco e disciplinar a capacidade de
concentração.
Por outro lado, sem sede de conhecimento,
sem interesse pela cultura (tanto a baixa
como a alta cultura, se quisermos
adotar tal distinção elitista, mas, quanto a nós, são ambas igualmente
importantes e o seu acesso deve ser justamente democratizado) não saberemos
como desfrutar do tempo em tebaida, teremos até aversão à perspetiva de
dedicarmos tempo a nós próprios, considerando-o inútil e o equivalente a um certo
descaminho. Mas, também nesse caso, seremos incapazes de entender o valor de um
livro (não o conseguiremos verdadeiramente ler, dada a concentração e o foco
que a leitura exige), não poderemos desfruir da audição de um disco de John
Coltrane, o êxtase proporcionado pela contemplação do Belo (por exemplo, um
quadro de Vermeer) ser-nos-á inacessível, assim como será impossível perceber o
puro prazer estético proporcionado pelo visionamento de um filme de Ingmar
Bergman.
sábado, 1 de outubro de 2022
Autoconhecimento
Postulámos anteriormente
que a solidão é condição indispensável para o autoconhecimento.
Frequentemente, evitamos o isolamento (no sentido
de estarmos connosco próprios) porque tememos não gostar de nos confrontarmos com
os nossos pensamentos. Talvez tenhamos algum receio daquilo que possamos descobrir.
Mas quem somos nós realmente? Quem sou eu
na verdade?
Por isso, enganamo-nos ao considerar que (o
convívio com) os outros são condição suficiente (se não mesmo necessária) para a
nossa felicidade. Procuramos sistematicamente estar com, buscamos o frenesi, ansiamos pelo bulício, apreciamos ruído
e sentimo-nos desconfortáveis quando o silêncio se instala. Estes paraísos artificiais,
ainda que importantes (em proporções moderadas) para o bem-estar individual, funcionam
quase sempre como fugas (uma espécie de escapismo urbano-hedonista) mas (em doses
desproporcionadas) são igualmente obstáculos à introspeção, à predisposição para
a autoanálise.
Em boa verdade, a solidão (acompanhada pelo
silêncio) é fundamental, na medida em que ela é o primeiro alicerce para a auto-observação
que devemos aprender a cultivar.
Breves notas sobre o cinema de Wong Kar Wai (6) - "Disponível Para Amar" (2000)
E, no ano da graça de 2000, Wong Kar Wai alcançou o zénite da sua (sétima) arte com a obra-prima Disponível Para Amar . É (mais) uma históri...