Para muitos, Mitchell Leisen foi apenas o "costureiro de Hollywood", dado ter-se destacado na criação de figurinos para muitos clássicos da Sétima Arte, sobretudo nos inícios do cinema sonoro. No entanto, Leisen teve uma interessante carreira como realizador. "Traição", fita de 1950 protagonizada por Alan Ladd, é bem elucidativa das suas qualidades de artesão. Típico filme do pós-guerra, foca-se na história de Webb Carey, um oficial do exército norte-americano que regressa a Milão para tentar descobrir quem traiu a sua equipa de agentes especiais, durante a Segunda Guerra Mundial. A sua antiga amada, que ele julgava morta às mãos dos nazis, está afinal viva, mas casada com um Barão local, que Carey suspeita ser o principal responsável pelo conluio que quase o matou às mãos das tropas alemãs.
"Traição" é uma lição de economia narrativa, sem preocupações estilísticas, para além de enquadramentos simples, que deixam espaço para a história fluir na sua essência narrativa.