sábado, 11 de agosto de 2018

"Blindspot" - Onde as mulheres são as heroínas

Blindspot, a série de Martin Gero que já teve três temporadas, é a corroboração de um novo paradigma na ficção audiovisual: agora, o protagonismo, não só de dramas ou comédias românticas mas também de filmes e séries de ação, é, definitivamente, das mulheres.

Em Blindspot elas pensam, solucionam, planeiam, decidem e, sobretudo, lideram e lutam melhor do que os homens.

Outro aspeto curioso da série televisiva é o facto de as action hero serem heroínas e vilãs, pelo que não se trata da entrega idílica dos destinos do mundo às mulheres, pois elas, tal como, tradicionalmente, os homens, são capazes de tomar as melhores e as piores decisões (no sentido de intencionalmente acarretarem as melhores e as piores consequências).


terça-feira, 7 de agosto de 2018

Estado do Mundo (49) - O comunismo no mundo

Até ao final do ano, a inflação na Venezuela pode chegar a um milhão por cento, caso o (des)Governo de Nicolás Maduro continue a imprimir dinheiro para tapar o seu descomunal buraco orçamental. O aviso foi feito por especialistas do Fundo Monetário Internacional, que acrescentam que, com estes números, a economia venezuelana deverá encolher 18% em 2018.

segunda-feira, 6 de agosto de 2018

"Como Cães Selvagens" - Schrader, o resistente

Paul Schrader é, sobretudo, reconhecido como argumentista de alguns dos filmes mais icónicos de Martin Scorsese (Taxi Driver, O Touro Enraivecido, A Última Tentação de Cristo e Por Um Fio), embora, em boa verdade, tenha mantido uma das carreiras mais regulares (e singulares!) do cinema independente norte-americano dos últimos 40 anos. Para citar apenas dois exemplos, foi ele quem realizou American Gigolo (1980) e A Felina (1982).

Como Cães Selvagens é o seu penúltimo filme (até à data) e nele volta a trabalhar com dois dos seus atores-fetiche: Nicolas Cage e Willem Dafoe, que aqui desempenham os papéis de Troy e Mad Dog, dois ex-presidiários que, unindo esforços com um terceiro compincha, de nome Diesel (um fabuloso Christopher Matthew Cook), decidem aceitar um último contrato de um mafioso (interpretado pelo próprio Schrader), esperando desse modo mudar as suas vidas e abandonar o mundo do crime. Mas nada corre da forma esperada e a tragédia abate-se sobre os três criminosos. Ou não fosse esta uma obra de Schrader.

Como Cães Selvagens é uma comédia nigérrima, que adapta uma novela de Edward Bunker (ele próprio com um historial de crimes e prisões) e que se assume como uma divertida homenagem ao grande Humphrey Bogart, ator clássico que, no seu tempo, também desempenhou papéis de pequenos criminosos caídos em desgraça.

Não é um dos melhores filmes de Paul Schrader, mas regista, ainda assim, as suas principais marcas autorais. O que significa que quem escolher ver esta fita sem saber ao que vai (por exemplo, achando que é mais um filme de ação com Nicolas Cage) ficará desorientado e dececionado. Salvo as devidas diferenças, é como assistir, por acaso, a películas de David Lynch ou Terry Gilliam.

domingo, 5 de agosto de 2018

"Valerian e a Cidade dos Mil Planetas" - Luc Besson na sua praia

Publicada entre 1967 e 2010, a célebre banda desenhada (BD) francesa Valérian e Laureline foi um dos elementos-chave que esteve na génese de A Guerra das Estrelas, o episódio IV (mas cronologicamente a primeira produção da icónica série de George Lucas) realizado em 1977. 

Luc Besson, desde a infância fã da referida BD e cineasta que ostenta os melhores pergaminhos na área do cinema do cinema de ficção científica (são dele as fitas O Último Combate, O 5º Elemento e Lucy), transpôs agora para a tela a adaptação mais fiel de Valérian e Laureline naquele que ficará como o melhor filme de entretenimento do verão de 2017 - Valerian e a Cidade dos Mil Planetas.

Com Dane DeHaan e a belíssima Cara Delevigne nos papéis principais (eles são, precisamente, Valerian e Laureline, agentes espaciais que procuram manter a paz entre os mundos dos humanos e de civilizações extraterrestres, que embarcam numa missão para proteger a diversa metrópole Alpha), que outro cineasta conseguiria reunir no mesmo filme um elenco constituído por nomes como Ethan Hawke, Rutger Hauer, Herbie Hancock, Clive Owen, Mathieu Kassovitz, John Goodman e até Rhianna? Se mais não bastasse, eis a prova do prestígio internacional do realizador gaulês, indubitavelmente um autor de culto.

sábado, 4 de agosto de 2018

"Doutor Estranho" - Bom Marvel de Scott Derrickson

Mais um filme saído dos estúdios da Marvel, desta vez em torno de Stephen Strange, um prestigiado, mas arrogante, neurocirurgião novaiorquino que, após um grave acidente de automóvel, fica com as mãos debilitadas, comprometendo assim a capacidade para continuar o seu trabalho. Num último esforço para encontrar a cura, viaja para os Himalaias em busca de um enigmático curandeiro. Aí, o Doutor Estranho descobre um universo multidimensional onde o Bem e o Mal estão em guerra perpétua, submetendo-se a um intenso treino psíquico que o ajudará a explorar dentro de si poderes sobrenaturais num processo de autoconhecimento que o conduzirá à missão da sua vida de ora em diante: a luta contra o Mal.

Não é o filme definitivo sobre super-heróis (acho que esse já foi assinado por Richard Donner no Superman de 1978), mas a realização de Scott Derrickson é competente e Benedict Cumberbatch um improvável protagonista, o que por si só já justifica o visionamento da fita.

sexta-feira, 3 de agosto de 2018

"A Seita" - Fraquíssimo filme de Phil Joanou

Facto: Phil Joanou foi um dos realizadores-sensação surgidos no final da década de 80 do século XX. A corroborá-lo estão aí, para a posteridade, os filmes U2: Rattle And Hum (1988), Anjos Caídos (1990) e Desejos Finais (1992). O primeiro é uma brilhante lição sobre como o documentário pode ser grande cinema; o segundo é um policial como todos os policiais deveriam ser; o último é um thriller psicanalítico digno da ousadia estética de Hitchcock.

Todavia, a partir daí, Joanou, apesar de continuar a assinar filmes, eclipsou-se, transformando-se num tarefeiro de terceira categoria.

O seu último filme, A Seita (2016), pretende ser uma película de terror e, em boa verdade, parte de uma premissa interessante e que daria o mote para uma obra digna do melhor daquele género: em 1984, uma seita religiosa liderada por um psicopata, que se afirma extraterrestre, comete suicídio coletivo; 30 anos mais tarde, uma equipa de documentaristas regressa ao local do crime, acompanhada pela única sobrevivente. Contudo, este ponto de partida é completamente desperdiçado pelo vazio de ideias, quer do argumento quer da realização televisiva até à medula. Sobra, portanto, um filme inútil.

quinta-feira, 2 de agosto de 2018

Estado da Nação (27) - Portugal democrático, um País desigual

A fortuna das 25 famílias mais ricas de Portugal equivale a 10% da riqueza nacional. De acordo com os números apresentados ontem pelo jornal i, 3849 milhões de euros é a fortuna avaliada da família Amorim, 1818 milhões de euros é a fortuna avaliada da família Alexandre Soares dos Santos, e 1463 milhões de euros é a fortuna avaliada dos herdeiros de Belmiro de Azevedo. "Entre os mais ricos estão, em quarto lugar, a família Guimarães de Mello, (...) com um total de 1456 milhões de euros. Segue-se António da Silva Rodrigues (...) na quinta posição, com uma fortuna avaliada em 1050 milhões de euros."

quarta-feira, 1 de agosto de 2018

Estado da Nação (26) - A coordenadora do BE a tratar os portugueses como idiotas

Ontem, Catarina Martins recuou naquilo que foram as suas posições sobre o caso Roubos, perdão, Robles. Em entrevista à RTP-3, assumiu "um erro de análise da comissão política" quando saiu em defesa do agora ex-vereador da Câmara de Lisboa e, qual Ministro da Defesa da geringonça, admitiu que apenas soube que o prédio de Robles existia pelas notícias. Sempre com o discurso pensado para branquear a imagem do colega de partido, a coordenadora do BE insistiu que este atuou com "lisura" e que "não existiu nenhum aproveitamento do cargo", embora reconheça que "havia uma opção da sua família que contrariava aquilo que seriam os princípios do Bloco". Todavia, o novo registo da atriz só surge passados quatro dias após o eclodir da polémica provocada pelo Jornal Económico ao noticiar que Ricardo Robles tinha comprado um imóvel por 347 mil euros a meias com a irmã em Lisboa, cujo investimento de cerca de 600 mil euros em reabilitação permitiu que uma imobiliária de luxo avaliasse o prédio em 5,7 milhões de euros. Caso tivessem conseguido vender o imóvel nos seis meses em que esteve no catálogo da Christie's, Robles e a irmã teriam mais-valias de vários milhões de euros.

Breves notas sobre o cinema de Wong Kar Wai (6) - "Disponível Para Amar" (2000)

E, no ano da graça de 2000, Wong Kar Wai alcançou o zénite da sua (sétima) arte com a obra-prima Disponível Para Amar . É (mais) uma históri...