sexta-feira, 29 de abril de 2011

Deputados ingleses

Os deputados do Reino Unido, na "Mãe dos Parlamentos":

1. Não têm lugar certo onde sentar-se, na Câmara dos Comuns;
2. Não têm escritórios, nem secretários, nem automóveis;
3. Não têm residência (pagam pela sua casa em Londres ou nas províncias);
· Detalhe: e pagam, por todas as suas despesas, normalmente, como todo e qualquer trabalhador;
4. Não têm passagens de avião gratuitas, salvo quando ao serviço do próprio Parlamento.
E o seu salário equipara-se ao de um Chefe de Secção de qualquer repartição pública.
Em suma, são SERVIDORES DO POVO e não PARASITAS do mesmo.

A propósito, sabiam que, em Portugal, os funcionários não deputados que trabalham na Assembleia têm um subsídio equivalente a 80 % do seu vencimento? Isto é, se cá fora ganhasse 1000,00 € lá dentro ganharia 1800,00 €. Porquê? Profissão de desgaste rápido! E por que é que os jornais não falam disto? Porque têm medo? Ou não podem?

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Portugal com Sócrates (2) - o legado de 6 anos de (des)governo

Do legado socrático ficam mais de 600 mil desempregados, o nível mais alto em cerca de 30 anos, mas os economistas estimam que a trajectória de subida de desemprego ainda demore algum tempo a passar. Segundo o Eurostat, a taxa de desemprego em Portugal atingiu em Janeiro os 11,2 por cento, mantendo o mesmo valor registado em Dezembro, mas tendo aumentado 0,7 pontos percentuais face ao mesmo mês do ano anterior.

A juntar à herança está a nova onda de emigração: jovens quadros técnicos e científicos optam, cada vez mais, por fazer carreira no estrangeiro devido às melhores oportunidade e salários. E fazem eles muito bem!....

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Portugal com Sócrates (1) - o legado de 6 anos de (des)governo

Portugal tem uma dívida externa bruta de 230 por cento (são  cerca de 410 mil milhões de euros que o esforçado primeiro-ministro demissionário nos deixou como herança). Sócrates deixa uma factura de 9,5 mil milhões de euros para pagar até 2015. O que quer dizer que o próximo Governo terá de acarretar a responsabilidade por estes encargos, assumidos pelos últimos dois (des)governos socráticos.

Mais de dois terços deste valor dizem respeito às PPP rodoviárias. Aparentemente, as sete SCUT, construídas durante o último (des)governo socialista de António Guterres, e as nove concessões rodoviárias lançadas desde que Sócrates chegou ao poder, em 2005, são as culpadas pela dimensão dos encargos financeiros do Estado. 

sábado, 23 de abril de 2011

"Os Doze" - um romance invulgar

William Gladstone é responsável por um dos romances mais originais editados já neste século. "Os Doze" é a obra a que me refiro. O livro narra a história de Max que, ao longo de cerca de sessenta anos da sua vida, é literalmente lançado pelo destino numa viagem à descoberta do segredo por detrás da antiga profecia Maia sobre o final dos tempos (previsto para 21 de Dezembro de 2012). 

Aparentemente, esta sinopse evidencia um material narrativo susceptível de resvalar para uma série de reflexões superficiais e pseudo-filosóficas, típicas de tanta literatura esotérica (com Paulo Coelho à cabeceira). Todavia, em "Os Doze", Gladstone consegue a proeza de criar uma aventura literária invulgar, combinando elementos do thriller (sobretudo, na relação de Max com o seu irmão), do romance iniciático (há qualquer coisa em Max que tem a ver com o herói de "O Fio da Navalha", de Somerset Maugham*) e até de alguma (boa) literatura esotérica (Eckhart Tolle, por exemplo) de forma harmónica e prendendo o leitor da primeira à última página.

Além disso, há no romance em análise uma simples, mas profunda reflexão filosófica que procura, uma vez mais, dar um sentido metafísico à existência da humanidade. O segredo acaba por residir na nossa capacidade de amar o próximo, elevando finalmente cada homem e mulher a uma consciência cósmica universal.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Banda sonora para a Primavera (9)

Tiago Guillul, através da sua originalíssima editora - Flor Caveira -, tem assinado um rock de inspiração cristã e lançado vários artistas que aproveita como colaboradores para a sua própria obra. Em V, Guillul apresenta uma dúzia de canções limpas e de guitarras bem afinadas, que bem mereceriam maior airplay nas ondas hertzianas cá do burgo. "São Sete Voltas Para a Muralha Cair" ou "O Meu Carcereiro" são hinos construídos com uma precisão e um sentido de harmonia superlativos, a ouvir repetidamente.

"O Meu Carcereiro" - Tiago Guillul


segunda-feira, 11 de abril de 2011

"Wall Street: O Dinheiro Nunca Dorme" - de Oliver Stone

Nos tempos da minha cinefilia adolescente, Oliver Stone era o símbolo do cineasta politicamente comprometido com os ideais fundadores da esquerda norte-americana, lutando activamente pela denúncia dos crimes de guerra cometidos por políticos republicanos corruptos, pela CIA, pelo Pentágono e por corporações empresariais que mandariam efectivamente na grande nação americana e, por consequência, no mundo. Assim, qualquer nova película deste realizador constituía um dos acontecimentos cinematográficos do ano. A década de 80 foi, aliás, a mais prolífica de Stone. Senão vejamos: "Salvador", "Platoon", "Talk Radio", "Wall Street" e "Nascido a 4 de Julho", são cinco obras-primas assinadas por aquele autor. E a verve criativa não acabaria aí - a década seguinte seria também marcada por outras obras de referência de Stone: "The Doors", "Entre o Céu e a Terra", "JFK", "Assassinos Natos", "Nixon" e "Sem Retorno", são a continuidade natural da reflexão do cineasta sobre a história recente dos Estados Unidos da América.

Curiosamente, a personagem mais mítica filmada por Oliver Stone acabou por ser o maior dos vilões da sua obra: Gordon Gekko (magistralmente interpretado por um Michael Douglas inspiradíssimo). A recente crise financeira internacional acabou por motivar o realizador a regressar a "Wall Street", constatando que, afinal, o mundo da alta finança - o capitalismo - não mudou: os tubarões da banca continuam a mandar no mundo, ditando a agenda e as decisões políticas; o dinheiro é o meio e o fim orientador da civilização; a ecologia não é, na verdade, encarada como um sério (e talvez o único) problema filosófico por quem compra, gere e vende empresas; num mundo dominado pela moeda, o ser humano só tem valor enquanto for capaz de produzir e gerar dinheiro.

Não sendo a obra-prima que foi o filme homónimo dos anos 80, "Wall Street: O Dinheiro Nunca Dorme" é a continuação possível, mais de vinte anos depois. Os espectadores mais jovens são diferentes daqueles que viram a fita original, daí talvez a suavidade (diria até, o tom um pouco meloso) da última incursão de Stone pelo universo da bolsa de Nova Iorque. Ainda haverá yuppies?

Uma última nota para a fabulosa banda-sonora composta por Craig Armstrong e com canções originais de David Byrne e Brian Eno - um must para os melómanos.

terça-feira, 5 de abril de 2011

"Lost" - a melhor série de sempre merecia outro final

"Lost" durou 6 temporadas. As cinco primeiras são geniais. Dificilmente encontramos uma série tão interessante, pensada com rigor milimétrico, mas sem nunca descurar a alma das personagens. John Locke, David Hume e Sawyer são alguns dos emblemáticos nomes dos personagens centrais da série criada por J. J. Abrams. Só é pena que a última temporada nos dê a certeza de que os argumentistas perderam o fio narrativo e, afinal, não sabiam mesmo como dar sentido às diversas ocorrências. A conclusão é metafísica, mas esse não é o problema. Aliás, acho as soluções filosóficas sempre mais interessantes que as empíricas. O problema reside no recurso à metafísica mais evidente e fácil. Não adianto mais nada, de modo a não privar o espectador incauto do prazer que poderá ter em desfrutar de tal final.


Breves notas sobre o cinema de Wong Kar Wai (6) - "Disponível Para Amar" (2000)

E, no ano da graça de 2000, Wong Kar Wai alcançou o zénite da sua (sétima) arte com a obra-prima Disponível Para Amar . É (mais) uma históri...