Um dos grandes filmes do Ano da Graça de 2015 vem sob a forma de filme de terror. Assinado por uma jovem promessa, David Robert Mitchell, cineasta com mão segura e olhar firme, Vai Seguir-te é uma película com escola por trás - saltam à memória obras de John Carpenter (a banda sonora explicita essa referência), David Lynch (a adolescente loira de Veludo Azul), Stanley Kubrick (os travellings circulares e os corredores com as portas abertas) e Brian de Palma (os longos silêncios logo na primeira aparição da protagonista, a boiar na piscina e a mirar-se ao espelho).
A metáfora sexual (típica dos filmes do género) - no presente caso, de doenças sexualmente transmissíveis - é evidente: Jay, uma adolescente que vive nos cinzentos subúrbios de Detroit, é perseguida por uma maldição que lhe foi passada no banco de trás de um carro; trata-se, portanto, de uma maldição sexualmente transmissível, que ganha corpo na figura de um ser sobrenatural que só ela consegue ver, que regularmente muda de feições, que a persegue por todo o lado e que só vai parar quando a conseguir matar.
Os enquadramentos aproximam-se da genialidade e a interpretação de Maika Monroe (à semelhança da intensa performance de Essie Davis em O Senhor Babadook, de Jennifer Kent) é extraordinária, comprovando que o cinema de terror pode ser um tour de force emocional para os atores.