Rara abordagem do cinema português à ficção científica (de repente, só me vem à memória o cinema de António de Macedo), Gelo é uma película tecnicamente perfeita, com um argumento ousado mas sem alma - o elan vital que transforma um exercício de estilo numa obra que, exaltando sentidos e razão, justifica suspendermos a vida quotidiana durante cerca de duas horas para nos envolvermos em outra(s) vida(s).
Sim, o argumento contém múltiplas camadas (uma história dentro de outra história que está dentro de outra história; o que é, no filme, real e o que é sonho?; será a própria vida um sonho?; coexistiremos em vidas alternativas e simultâneas?; haverá vida depois da morte?); sim, Ivana Baquero flirta naturalmente com a câmara numa fotogenia digna de ícones do cinema clássico; sim, a direção de fotografia é rigorosa (sem ser deslumbrante); mas, por melhores que sejam as intenções da família Galvão Teles, o filme não penetra na pele e nunca nos faz acreditar naquela vida futura, que permanece somente uma caricatura da ideia que lhe subjaz.
[Uma nota à parte: o anotador de Gelo é o meu velho amigo Paulo Milhomens, que recentemente concluiu o filme Axilas, de José Fonseca e Costa.]
Sim, o argumento contém múltiplas camadas (uma história dentro de outra história que está dentro de outra história; o que é, no filme, real e o que é sonho?; será a própria vida um sonho?; coexistiremos em vidas alternativas e simultâneas?; haverá vida depois da morte?); sim, Ivana Baquero flirta naturalmente com a câmara numa fotogenia digna de ícones do cinema clássico; sim, a direção de fotografia é rigorosa (sem ser deslumbrante); mas, por melhores que sejam as intenções da família Galvão Teles, o filme não penetra na pele e nunca nos faz acreditar naquela vida futura, que permanece somente uma caricatura da ideia que lhe subjaz.
[Uma nota à parte: o anotador de Gelo é o meu velho amigo Paulo Milhomens, que recentemente concluiu o filme Axilas, de José Fonseca e Costa.]
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