Roman Polanski regressa aos grandes filmes e, sobretudo, ao género a que melhor se adapta - o thriller. Estamos perante um policial de artesanato, tal a depuração formal e o despojamento de efeitos visuais modernos. Aquilo que interessa ao cineasta é a história e a forma - soberba, diga-se - clássica de a filmar. Importam os actores, que aqui apresentam uma segurança e uma encarnação dos personagens como raramente vimos na filmografia de Ewan McGregor e Pierce Brosnan. De facto, "O Escritor Fantasma" podia ter sido realizado há 20 ou 30 anos atrás, o que só demonstra que a presente obra será, com certeza, um clássico do cinema daqui a duas ou três décadas.
"The Ghost Writer" adapta uma obra de Thomas Harris, partindo de um dispositivo narrativo deveras interessante: um antigo primeiro-ministro britânico (a persona política de Tony Blair serve de inspiração) contrata um escritor fantasma (magnífico Ewan McGregor) para escrever a sua biografia. O escriba rapidamente se vê envolvido numa conspiração política que envolve o governo inglês, a indústria de armamento e a CIA.
Com "O Escritor Fantasma", Polanski lega-nos um interessante documento para se perceber a política ocidental da primeira década do século XXI. Obrigatório!
Trailer de "O Escritor Fantasma", de Roman Polanski