sábado, 31 de dezembro de 2016

Banda sonora para o inverno (28) - The Heather Findlay Band: "I Am Snow"

Editado neste mês frio de dezembro, I Am Snow é um disco de inverno, sendo esta, simultaneamente, a sua maior virtude e a sua intrínseca limitação. São 46 minutos distribuídos por 9 canções pastorais e melancólicas precisamente dedicadas ao inverno. Com I Still Do de Eric Clapton e Blackstar de David Bowie, é um dos melhores álbuns editados no ano da graça de 2016.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

"Natal Branco" - um clássico de Michael Curtiz

Natal Branco foi o 1º filme realizado para o formato VistaVision
Em 1954, Michael Curtiz já havia assinado há muito Casablanca. Também nesse ano, Bing Crosby e Danny Kaye eram já, há muito, estrelas maiores da música e do cinema. Natal Branco recuperava uma canção popularizada por Crosby muitos anos antes, consumando-se como uma obra icónica da época de ouro de Hollywood.

Repleto de coreografias inesquecíveis, de cenários como só a Hollywood do studio system conseguia pensar e executar, com uma fotografia de um rigor incomparável, incluíndo interpretações de atores completos (eram expressivos, cantavam, dançavam, moviam-se com graciosidade) e uma realização segura, que privilegiava enquadramentos e movimentos de câmara verdadeiramente antológicos, Natal Branco é uma fita exemplar de uma época - precisamente, a golden age - que jamais retornará a Hollywood.

O plano de abertura é uma autêntica declaração de intenções: em 1944, uma divisão do exército norte-americano, estacionada numa aldeia em Itália, aproveita um momento de tréguas natalícias para relembrar o Natal vivido em tempos de paz. Os cenários de guerra, com casas destruídas e um céu escurecido pelas bombas (em tempo de guerra não se vê luz), serve de homenagem perfeita aos homens que lutaram durante aquele terrífico conflito armado. E nós, espetadores passivos, na sala de cinema ou no conforto do lar, aproveitamos a cena inicial para viajar até àquele ténue momento de luz por entre as trevas e nos deixarmos deleitar com semelhante paleta estética. E - porque não? - com a voz perfeita de Bing Crosby.


quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Estado da Nação (15) - máfia do sangue

Luís Cunha Ribeiro, ex-Presidente do INEM, suspeito de corrupção
A corrupção no Portugal democrático atingiu níveis perturbadores, tendo chegado até ao sistema de saúde, facto que denota uma falta de controlo escandalosa (diria até, vergonhosa) e um desleixo absoluto na escolha do perfil moral, ético e comportamental dos respetivos dirigentes, por parte dos sucessivos Governos de Portugal.

terça-feira, 27 de dezembro de 2016

"Em Teu Ventre" - maternidade(s) num livro menor de um escritor maior

A reinvenção das aparições de Nossa Senhora aos pastorinhos nos idos da década de 10 do século XX, na Cova da Iria, serve de pretexto para uma, por vezes esotérica, reflexão de José Luís Peixoto em torno da maternidade. Todavia, fica a sensação de que tal meditação serve mais para compensar as parcas ideias do autor (talvez na tentativa de ser mais fiel aos factos, não os deturpando) do que um claro propósito de servir a história. Que não pense o leitor que não tem em mãos um livro bem escrito. Claro que há harmonia nas palavras, simplesmente parece tudo mais forçado e menos solto que as obras anteriores.

Percebo que este devia ser um projeto antigo do autor, porventura uma resposta a Morreste-me (obra dedicada ao pai), mas enquanto que esta obra era indubitavelmente um exercício de luto e catarse, Em Teu Ventre transparece procura racional da(s) palavra(s) certa(s), pelo que é um livro menos apaixonado e espontâneo.

sábado, 24 de dezembro de 2016

Natal

Foto de Rui Louro Mendes.

Na altura em que se comemora o Nascimento de Jesus Cristo, desejo a todos os meus familiares, amigos, leitores e a todos os homens e mulheres de Boa Vontade, um Santo Natal.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Natal (?)

A Festa da Família, símbolo maior da Paz e da Harmonia, momento de encontro do Homem com a Beleza Divina da Natividade, transformou-se numa orgia materialista. A Ternura e o Carinho do Reencontro deram lugar ao ruído do efémero. A mensagem transcendente do Amor foi substituída pela vaidade, pela marca, pelo preço, pela ostentação. Multidões cegas de consumidores compulsivos deambulam, como que hipnotizadas, pelos palácios do desperdício e perdem a alma num labirinto cheio de nada.

Urge restaurar a Natividade no coração do homem ocidental e trazer de novo, à sua Casa de Família, o Espírito que liberta e o Sopro do que está para Além. O Espírito de Verdadeiro Natal.

Breves notas sobre o cinema de Wong Kar Wai (6) - "Disponível Para Amar" (2000)

E, no ano da graça de 2000, Wong Kar Wai alcançou o zénite da sua (sétima) arte com a obra-prima Disponível Para Amar . É (mais) uma históri...