quinta-feira, 30 de junho de 2016

"007 Spectre" - (mais) um James Bond gélido


Quinto 007 interpretado por Daniel Craig. Segundo filme da série sob o olhar pretensamente negro e denso de Sam Mendes. Tentativa de recapitalização da humanização do agente secreto operada em Skyfall.


O problema é que Daniel Craig, no seu corpo danone, nunca nos convence de que é um agente ao serviço de sua majestade; sob o seu olhar gélido, a intimidade nunca chega à alma, ficando apenas à flor da pele. Como diz o meu filho, Craig parece-se demasiado com o estereótipo de um elemento da máfia russa.

Por sua vez, Sam Mendes anda a ganhar a vida. Faz bem. Por si, mas não pela sétima arte.


"Star Wars: O Despertar da Força" - homenagem George Lucas, por J. J. Abrams


O episódio VII da saga Star Wars traz a assinatura de J. J. Abrams, cineasta herdeiro de Spielberg e Lucas. Escolha óbvia e acertada, portanto.


O filme foi fabricado nos estúdios da Disney e recupera o espírito aventureiro, romântico e despretensioso do primeiro tomo da série (na verdade, o episódio IV), dirigido em 1977 por George Lucas.

É comovente assistir ao reencontro entre Han Solo (Harrison Ford) e a Princesa Leia (Carrie Fisher), que torna também este novo opus numa rara oportunidade para apreciar um breve tratado sobre o tempo, made in Hollywood.


terça-feira, 28 de junho de 2016

"A Ponte dos Espiões" - a Guerra Fria, por Steven Spielberg


Há cineastas que aprendem a reforçar o seu estatuto de clássicos à medida que os anos passam. Steven Spielberg talvez seja o mais sublime e coerente da geração dos movie brats, o clássico dos clássicos, o verdadeiro herdeiro de John Ford (Lincoln, O Cavalo de Ferro), Howard Hawks (Sempre, O Resgate do Soldado Ryan), King Vidor (A Cor Púrpura, Terminal de Aeroporto) ou Vincente Minnelli (ET, Hook).

Veja-se A Ponte dos Espiões, drama profundamente humano em tempos de Guerra Fria, com o Muro de Berlim a ser edificado, para se constatar a discreta mestria de um cineastia que preza cada vez mais os silêncios e os atores. Tom Hanks torna-se o mais spilbergiano dos atores: um homem bom a fintar os determinismos da História. Uma obra-prima.


segunda-feira, 27 de junho de 2016

"As Sufragistas" - de Sarah Gavron

Filme digno em torno da luta das mulheres pelo direito ao voto, no início do século XX. Realização segura de Sarah Gavron e interpretação superlativa de Carey Mulligan. Não ganhou o Oscar de melhor atriz, nem sequer esteve nomeada, mas merecia.


Breves notas sobre o cinema de Wong Kar Wai (6) - "Disponível Para Amar" (2000)

E, no ano da graça de 2000, Wong Kar Wai alcançou o zénite da sua (sétima) arte com a obra-prima Disponível Para Amar . É (mais) uma históri...