Lucy marca o regresso ao genuíno cinema de Besson: o thriller como premissa maior, a mulher como símbolo da criação, um argumento que parece juntar demasiadas ideias em simultâneo, como se de um puzzle narrativo se tratasse, mas com peças a menos e outras fora do sítio, personagens vulgares em situações-limite, e um ritmo feérico, embora mais implosivo que explosivo. Mas desenganem-se aqueles que pensem que estamos perante um filme despretensioso. Bem pelo contrário, Lucy é percorrido por inserts filosóficos (imagens e palavras) acerca da criação do mundo, dos primórdios da existência humana (a Lucy do título não serve apenas para identificar a personagem brilhantemente interpretada por Scarlet Johanson), das potencialidades do cérebro humano e do destino da humanidade.
De algum modo, é legítimo compararmos a película de Besson com o mais recente filme de Terry Gilliam, O Teorema Zero. São duas obras filosóficas mascaradas de filmes de ficção científica, sendo também duas obras formalmente arriscadas.
De algum modo, é legítimo compararmos a película de Besson com o mais recente filme de Terry Gilliam, O Teorema Zero. São duas obras filosóficas mascaradas de filmes de ficção científica, sendo também duas obras formalmente arriscadas.