Em noite de derrota da selecção portuguesa, parece-me pertinente apelar a uma mudança de mentalidades e interesses: é preciso que o povo lusitano se aperceba, de uma vez por todas, que o futebol não é a compensação da nossa pequenez e atraso. São tantos os indígenas cá da praça que sonham em ter Cristianos Ronaldos entre os filhos, que a moda das academias e escolas de futebol causou uma frenética corrida às secretarias dos clubes da terreola. O que a maioria dos nativos não sabe, pois são pouco dados à reflexão e não gostam de ir à escola aprender, é que a realidade não está aí à medida dos nossos sonhos ou ambições.
Vem isto a propósito de um estudo divulgado em Bruxelas, que revela que um terço da população portuguesa manifesta total desinteresse nas descobertas científicas e desenvolvimentos tecnológicos, o que coloca Portugal entre os europeus menos interessados nesta área. De acordo com os resultados de Eurobarómetro sobre a atitude dos europeus relativamente à ciência e tecnologia, 35 por cento dos portugueses dizem não se interessar de todo por descobertas científicas e progresso tecnológico, pelo que apenas 14 por cento da população deste rectângulo à beira-mar plantado se revelam "muito interessados" no assunto (o terceiro valor mais baixo da UE e muito aquém da média comunitária de 30 por cento).
Mesmo assim, lideramos no que toca ao consumo e utilização de telemóveis... Provincianos de nós!