terça-feira, 29 de junho de 2010

Portugueses continuam a desvalorizar o conhecimento


Em noite de derrota da selecção portuguesa, parece-me pertinente apelar a uma mudança de mentalidades e interesses: é preciso que o povo lusitano se aperceba, de uma vez por todas, que o futebol não é a compensação da nossa pequenez e atraso. São tantos os indígenas cá da praça que sonham em ter Cristianos Ronaldos entre os filhos, que a moda das academias e escolas de futebol causou uma frenética corrida às secretarias dos clubes da terreola. O que a maioria dos nativos não sabe, pois são pouco dados à reflexão e não gostam de ir à escola aprender, é que a realidade não está aí à medida dos nossos sonhos ou ambições.

Vem isto a propósito de um estudo divulgado em Bruxelas, que revela que um terço da população portuguesa manifesta total desinteresse nas descobertas científicas e desenvolvimentos tecnológicos, o que coloca Portugal entre os europeus menos interessados nesta área. De acordo com os resultados de Eurobarómetro sobre a atitude dos europeus relativamente à ciência e tecnologia, 35 por cento dos portugueses dizem não se interessar de todo por descobertas científicas e progresso tecnológico, pelo que apenas 14 por cento da população deste rectângulo à beira-mar plantado se revelam "muito interessados" no assunto (o terceiro valor mais baixo da UE e muito aquém da média comunitária de 30 por cento).

Mesmo assim, lideramos no que toca ao consumo e utilização de telemóveis... Provincianos de nós!

sábado, 26 de junho de 2010

Ministério da "Inducasão" (3)


"As agressões a professores e funcionários aumentaram quase 40 por cento no ano passado. Contudo, contrariamente, a violência contra alunos diminuiu mais de 20 por cento no mesmo período. Estes dados fazem parte do balanço do programa Escola Segura, divulgado pelo Ministério da Educação. Durante os anos lectivos de 2007/08 e 2008/09, foram agredidos quase 500 docentes e registadas cerca de três centenas de casos de agressão contra pessoal não docente. Entre os tipos de violência mais frequentes estão actos contra a liberdade e integridade física das pessoas (em 44,7 por cento dos casos) e actos contra os bens e equipamentos escolares (20,6 por cento)."
Focus, nº 558

quinta-feira, 24 de junho de 2010

José Saramago (1922-2010)


José Saramago morreu, ou como ele próprio gostaria de dizer, deixou de estar aqui, mas continua presente no imenso e valioso legado que nos deixou. Desapareceu um homem extraordinário, fica uma obra singular, plena de humanismo, coerência, profundidade e que escapa a qualquer tentativa de classificação estilística ou de género. Foi/é literatura no seu estado mais puro.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Banda sonora para o Verão (9)


"American IV: The Man Comes Around" foi o último álbum editado por Johnny Cash ainda em vida ("American V" e "American VI" foram já álbuns póstumos). Que não restem dúvidas: trata-se de uma obra-prima absoluta do cancioneiro americano, em particular, e da música universal, em geral. A voz grave e sofrida de Cash dão nova vida a uma série de canções com génese na pop ("Personal Jesus", dos Depeche Mode), no rock ("Hurt", dos Nine Inch Nails), na country ("I'm So Lonesome I Could Cry", de Hank Williams) e no jazz ("We'll Meet Again", de Ross Parker e Hughie Charles).

Ouça-se este verdadeiro monumento estético e deixemo-nos comover com estas simples mas intensas interpretações de um Cash, que contava já 70 anos de vida quando gravou o disco.

"Hurt" - Johnny Cash


segunda-feira, 21 de junho de 2010

Em prol de uma melhor Educação


"Não podemos esquecer que os professores de todo o mundo estão a adoecer colectivamente. Os professores são cozinheiros do conhecimento, mas preparam o alimento para uma plateia sem apetite. Qualquer mãe fica um pouco triste quando os seus filhos não se alimentam. Como exigir saúde dos professores, se os seus alunos têm anorexia intelectual?"
Augusto Cury

domingo, 20 de junho de 2010

"Robin Hood" - a versão de Ridley Scott


Robin Hood é um daqueles heróis da mitologia medieval que faz parte da nossa memória colectiva, povoando o terreno fértil do imaginário infantil. Que adulto não brincou na sua meninice ao "Robin dos Bosques" ou nem sequer sonhou vestir no Carnaval os trajes do heróico arqueiro, fiel a Ricardo, Coração de Leão?

Grande parte desta nossa memorabilia afectiva deve-se ao clássico maior da sétima arte, "As Aventuras de Robin dos Bosques", assinado pelo grande Michael Curtiz em 1938 e protagonizado com estilo por Errol Flynn. Esqueçam-se as versões realizadas por Kevin Reynolds (1991) e por Ridley Scott (2010) e reveja-se a película de Curtiz que, de resto, acabou de sair em DVD numa cópia restaurada do filme original.

Ridley Scott é inegavelmente um bom cineasta, capaz de se mover com segurança nos mais diversos géneros cinematográficos, mas demasiado irregular na qualidade dos argumentos que escolhe filmar. Se "O Duelo" (1977), "Alien" (1979), "Blade Runner" (1982), "Thelma e Louise" (1992), "Gladiador" (2000) e "Cercados" (2001) são obras incontornáveis em qualquer enciclopédia de cinema, já "1492" (1992), "G.I. Jane" (1997), "Reino dos Céus" (2005) ou o último "Robin Hood" são autênticos tiros ao lado (muito ao lado!...) do que seria de esperar de um artesão tão experiente (já leva mais de 4 décadas a fazer cinema) e competente ("Blade Runner" é, ainda hoje, considerado o melhor filme de ficção científica de sempre). Scott é um cineasta demasiado sério e pretensioso para assinar um filme sobre uma figura lendária com o estatuto de Robin Hood, optando pela desnecessária tentativa de contar a história do homem real por detrás do mito. A este propósito, refira-se a curiosa versão assinada em 1991 por John Irvin, com Patrick Bergin no papel do aventureiro, filme bem mais convincente que o de Ridley Scott. Robin Hood não foi um rei, presidente ou messias, foi/é um herói que, com o recurso ao seu arco e flecha e sorriso galanteador, roubava aos ricos para dar aos pobres. Ponto!

Trailer de "Robin Hood", de Ridley Scott

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Estado da Nação (20) - ontem como hoje


"Nós estamos num estado comparável somente à Grécia: mesma pobreza, mesma indignidade política, mesma trapalhada económica, mesmo abaixamento de carácteres, mesma decadência de espírito. Nos livros estrangeiros, nas revistas quando se fala num país caótico e que, pela sua decadência progressiva, poderá vir a ser riscado do mapa da Europa, citam-se a par, a Grécia e Portugal."
Eça de Queiroz, As Farpas (1872)

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Ministério da "Inducasão" (2)


Isabel Alçada - Boa tarde. Sabe-me dizer se esta escola tem menos de 21 alunos?

Professora - Tem, sim.


Isabel Alçada - Muito obrigada.


quarta-feira, 16 de junho de 2010

Para reflectir:


Esta é a imagem do contribuinte português na 2ª década do século XXI.

Moral do post: não interessa o quanto o fisco te tenha depenado... O importante é andar sempre de cabeça erguida!

terça-feira, 15 de junho de 2010

Ministério da "Inducasão" (1)


O Ministério da Educação socialista, em nome das mui nobres estatísticas, decidiu que alguns alunos do 8º ano podem concluir o Ensino Básico, transitando directamente para o Ensino Secundário. Para tal, basta passarem nos exames do 9º ano (dificílimos, como se sabe!). Trata-se de uma ideia facilitista e injusta para quem é obrigado a frequentar o 9º ano com sucesso e aproveitamento escolar, bem como um péssimo exemplo moral, que vem dar razão a quem não acredita que o mérito resultante do trabalho e da vontade em aprender é o melhor e mais justo - o único! - caminho para o sucesso.

terça-feira, 8 de junho de 2010

"O Mentalista"


"O Mentalista" estreou em Setembro de 2008 na CBS, a cerca de um mês antes das eleições presidenciais norte-americanas, e alcançou logo qualquer coisa como 17 milhões de espectadores que acompanharam a 1ª temporada da série. Trata-se de um procedural (género que se foca na investigação de um acontecimento - clínico, policial ou judicial), que parte de um dispositivo tradicional, a saber:

i) um protagonista (bem defendido por Simon Baker) com um talento especial (é um exímio leitor de personalidades), mas atormentado por uma tragédia familiar;
ii) cada episódio apresenta um novo caso, resolvido nos 40 minutos de duração;
iii) histórias muito simples e - por isso mesmo - viciantes!

Depois de ter andado a fingir que era médium e de ter trabalhado como mentalista (alguém que finge ser capaz de ler mentes, quando na verdade usa poderes de observação e sugestão), Patrick Jane trabalha numa unidade de investigação criminal como consultor, resolvendo os casos de forma singular.

Fazendo uso de fórmulas que fizeram o sucesso de séries clássicas, como "Colombo" ou, mais recentemente, "Dr. House" e "The Closer", "O Mentalista" prende o espectador do primeiro ao último minuto, cumprindo com eficácia a sua função - entreter.

domingo, 6 de junho de 2010

Ser deputado (2) - "it's a dirty job, but somebody's got to do it"


Apesar do salário ser idêntico para todos os deputados, são pagas despesas de representação variáveis em função do cargo ocupado: a segunda figura do Estado, o Presidente da Assembleia da República, recebe 2370 euros, parcela do seu salário de 6104 euros. Noutros postos da hierarquia parlamentar, as despesas de representação descem para 740 euros, no caso dos líderes parlamentares, e 555 euros, no caso dos vice-presidentes de bancadas com mais de 20 deputados. Os presidentes de comissões permanentes da AR têm também direito a este último valor. Já os vice-presidentes do Parlamento têm direito a 930 euros, assim como os membros do Conselho de Administração. São ainda atribuídas viaturas oficiais com motorista ao Presidente e vice-presidentes da Assembleia da República; aos deputados que tenham exercido as funções de Presidente da AR; ao Presidente do Conselho de administração e ao gabinete dos secretários de mesa.
Fonte: Focus, nº 554

sábado, 5 de junho de 2010

sexta-feira, 4 de junho de 2010

quinta-feira, 3 de junho de 2010

1 de Junho - Dia Mundial da Criança


Há 60 anos, a 1 de Junho de 1950, foi celebrado, pela primeira vez, o Dia Mundial da Criança. Após a 2ª Guerra Mundial, vários países enfrentaram grandes dificuldades: a alimentação era deficiente e os cuidados médicos escassos. Muitos países da Europa e do Médio Oriente entraram em crise. Sem meios de subsistência e sem dinheiro, muitos pais viram-se obrigados a tirar os seus filhos da escola para estes irem trabalhar. Mais de metade das crianças na Europa não sabia ler nem escrever e estavam submetidas a várias horas de trabalho árduo. Em 1946, um grupo de países da Organização das Nações Unidas (ONU) tentou unir esforços para apoiar as crianças a nível mundial. Assim, surgiu a UNICEF, uma agência com o objectivo principal de defender os direitos das crianças e servir as suas necessidades primárias. Mas só quatro anos depois se celebrou o Dia da Criança, com o objectivo de chamar a atenção da população mundial sobre as condições precárias em que as crianças viviam e em prol da sua protecção e segurança.

"Heal The World" - Michael Jackson

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Somos Todos Um

Numa altura em que é urgente repensar a ecologia, perceber o que ela significa, entender que é o principal problema filosófico da contemporaneidade, é obrigatório ver este filme, tantas e quantas vezes forem necessárias, até termos consciência de que, na Natureza, tudo está interligado. Afinal, somos uma família.


terça-feira, 1 de junho de 2010

Banda sonora para a Primavera (7)


Depois de "Boxer", os The National acabam de editar "High Violet", álbum mais negro e orgânico que o anterior, o que o torna mais interessante. Trata-se de um disco pleno de ambiências cinematográficas, aproximando-se, por vezes, das imagens filmadas por David Lynch. Será, com certeza, um dos melhores registos discográficos de 2010.

"Little Faith" - The National

Breves notas sobre o cinema de Wong Kar Wai (6) - "Disponível Para Amar" (2000)

E, no ano da graça de 2000, Wong Kar Wai alcançou o zénite da sua (sétima) arte com a obra-prima Disponível Para Amar . É (mais) uma históri...