A primeira cena introduz logo o conflito numa sequência longa (filmada quase num só grande plano) e aterradora. Uma mulher acaba de estacionar o carro na garagem de casa quando é atacada por um assassino, que a agarra pelas costas e lhe exige que roube cem mil dólares do banco onde trabalha sob pena de assassinar a sua irmã adolescente. A voz do agressor é cavernosa, denunciando que sofre de asma. Nós, os espectadores, saímos da cena com a sensação de que o chão vai desabar por baixo dos nossos pés.
Os planos de Uma voz na escuridão são desenhados com o rigor de um arquiteto; a banda sonora de Henry Mancini (habitual colaborador de Edwards) é arrepiante; Glenn Ford (no papel do agente do FBI responsável pela investigação do caso) e Lee Remick (na pele da mulher ameaçada) são soberbos na arte da contenção, nunca se sobrepondo à narrativa; e a sequência final no estádio de baseball é uma lição de realização ao nível de mestres como Hitchcock ou Brian de Palma.

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