Agora que está prestes a estrear o novo filme de Cronenberg, "Um Método Perigoso", que vem reatualizar a longa relação entre as teorias de Freud e a ficção cinematográfica, convém recordar um dos mais emblemáticos filmes sobre o perigoso método psicoterapêutico criado pelo médico austríaco. Refiro-me à obra-prima de Joseph L. Mankiewicz, "Bruscamente no verão passado", que adapta a peça de Tennesse Williams (reescrita para o grande ecrã em parceria com Gore Vidal, outro monstro sagrado das letras do século passado).
Catherine Holly é uma jovem que parece estar à beira da loucura, depois de ter presenciado a morte do seu primo, Sebastian, durante uma viagem à Europa. A sua tia, Violet Venable, tenta fazer tudo para esconder a verdade sobre a homossexualidade do seu filho e a forma trágica como morreu, chegando até a tentar que um médico lobotomize a sobrinha de modo a ocultar a verdade.
A realização de Mankiewicz é de uma modernidade arrepiante (recorde-se que a película é de 1959), sendo ainda hoje capaz de provocar as mentalidades mais conservadoras pelo modo como aborda temas como a homossexualidade, a violação, a antropofagia e, claro está, as psicoterapias. O cineasta decompõe a narrativa numa sucessão de cenas que, progressivamente, vão revelando a verdade. No entanto, o que ainda hoje muito contribui para a grandiosidade do filme é o trabalho dos atores, aqui no auge da sua maturidade artística - refiro-me a Montgomery Clift, Elizabeth Taylor e Katherine Hepburn.
Trailer de "Bruscamente no verão passado"

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