domingo, 24 de fevereiro de 2013

"Lincoln" - Spielberg, uma vez mais, sublime

Não há cineasta contemporâneo que melhor percebeu o espírito dos grandes autores clássicos do que Steven Spielberg. Depois de ter assinado duas obras-primas de uma assentada (a aventura pelo cinema de animação em "As Aventuras de Tintin: o segredo do Licorne", e a incursão na 1ª Guerra Mundial no lindíssimo "Cavalo de Guerra"), "Lincoln" vem confirmar a crescente maturidade e mestria do maior autor da Sétima Arte dos últimos 40 anos, revelando-o como o maior herdeiro do cinema de John Ford e Victor Fleming.

Tendo como ponto de partida o livro "Team of Rivals: The Political Genius of Abraham Lincoln", de Doris Kearns Goodwin, em "Lincoln", Spielberg encena uma reconstituição minuciosa do esforço do mais amado Presidente norte-americano da História em fazer aprovar a 13ª Emenda, que aboliria a escravatura em prol do respeito pela dignidade da pessoa humana independentemente da cor de pele. A interpretação de Daniel Day-Lewis é sublime na entrega total do ator a tão emblemática figura histórica; mas os atores que o secundam têm também aqui o papel das suas vidas, destacando-se Sally Field, Tommy Lee Jones, David Strathairn e James Spader.

Em noite de Óscares, é bom saber de que falamos quando nos referimos às 12 nomeações da obra majestosa que é "Lincoln", e, de uma vez por todas, respeitarmos Spielberg como autor incontornável. Temos também neste filme (como já haviam sido "A Lista de Schindler", "Amistad" ou "Inteligência Artificial") um excelente complemento didáctico para aulas de História ou Filosofia, desde que professores e alunos (bem como os responsáveis pelos programas disciplinares) se predisponham a ver definitivamente o Cinema como Arte e veículo pedagógico privilegiado, capaz de transformar o Mundo.


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