sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Educação cultural - in aefetivamente.blogspot.pt

Está a tornar-se cada vez mais difícil lecionar conteúdos culturais aos alunos. Muito mais do que  as dificuldades linguísticas de alguns, e da falta de jeito para a língua estrangeira, é o total desconhecimento de história, geografia, cinema, cultura em geral que é tremendamente assustador e desmotivante. 
Naturalmente que há um fosso geracional que se vai acentuando com a passagem do tempo, cá do meu lado. Eles continuam na mesma faixa etária de sempre e eu não. A nível da música isso é notoriamente percetível. Falam de coisas que desconheço, ainda que o meu fator idade não explique tudo. Podia ter à mesma os anos que tenho e saber tudo acerca das novidades musicais. 
Mas numa era em que a tudo têm acesso, nomeadamente através deste mundo fascinante que é a internet, tem vindo a agravar-se o desconhecimento generalizado sobre aspetos culturais, nacionais e ainda mais mundiais. O seu mundo é pequeno, cada vez mais pequeno, diria. Porque há um desinteresse total por saber mais e mais, mesmo que sejam apenas curiosidades ou conhecimentos extra aquilo que é necessário para terem boas notas e especializarem-se na sua área.
Todos nós temos lacunas várias e podemos sempre saber mais acerca de determinado assunto ou esfera. Há quem saiba muito de pintura mas não de cinema, por exemplo. Ou que saiba de ciências e nada de literatura. Ou muito de escultura e nada de geografia. E por aí adiante. Mas há um conhecimento geral, de nomes, figuras, lugares, acontecimentos, que é ou pode ser acessível à maior parte de nós. Com os condicionalismos vários do nosso quotidiano ou meio, educação e percurso profissional. 
Aquilo que angustia é que estes condicionalismos hoje estão mais esbatidos com um simples toque no rato do computador. Está lá praticamente tudo e tempo não parece ser algo que falte aos miúdos, comparativamente com os adultos e as responsabilidades do dia a dia. O desinvestimento nos conhecimentos culturais é enorme, e a falta de curiosidade também. Muitas vezes dizem não sei nada disso, ao que respondo não tem mal, hoje vais ficar a saber. Menos mal. Pior é quando dizem não me interessa nada disso. Porque é verdade.
Há também um aspeto que salta à vista da minha experiência pessoal. As raparigas perdem, se compararmos os dois géneros em termos de conhecimentos de cinema, geografia, política, sociedade, cultura geral. Porque será? Porque a coquetterie pessoal, os namoricos e os media de fraca qualidade levam avante? Os media, nomeadamente a televisão e alguma televisão privada, têm arrasado as gerações mais novas culturalmente. E isto serve para ambos os sexos, certamente. Apenas me dá a ideia que as miúdas se distraem com outras coisas mais  e são várias.
Não querendo generalizar muito, porque posso errar, a minha experiência é a que, de facto, tive sempre mais rapazes a partilhar e a mostrar curiosidade em aprender do que meninas, com muita pena minha. Há exceções, felizmente, mas tem sido assim. Por outro lado, uns e outros cada vez sabem menos, e parece-me que será transversal a muitas escolas, muitas mesmo. Ora isto é uma realidade dos diabos. Porque a angústia e a preocupação não se confinam a uma sala de aula, elas estendem-se a toda uma sociedade futura.

(Sempre defendi a ideia de haver uma disciplina de cultura geral obrigatória, uma vez por semana, com avaliação e tudo. Nunca a pude apresentar em lado nenhum, claro.)

1 comentário:

  1. Olá, colega:)
    Obrigada pela referência, descobri o seu blogue, gosto do título e, decerto, do resto. Voltarei. :)

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