quinta-feira, 15 de março de 2012

Alguns filmes para noites de um inverno quente (2) - "Gilbert Grape"

Em 1993, Lasse Hallstrom representava a sempiterna atração de Hollywood pelo cinema europeu, que, atenta ao trabalho de cineastas do velho continente, procurava manter uma certa tradição dos estúdios, a saber: criar grandes filmes de matriz popular. Foi neste contexto que aquele realizador assinou "Gilbert Grape". Johnny Depp e Julliette Lewis eram estrelas em ascensão, mas o verdadeiro furacão do filme era um jovem ator desconhecido que dava pelo nome de Leonardo DiCaprio (foi, aliás, nomeado pelo papel neste filme para o Óscar de Melhor Ator Secundário).

A película situa a ação numa pequena localidade no Iowa, contando a história de uma família destroçada pelo suicídio do patriarca. Desde então, Gilbert Grape (Johnny Depp) tornou-se o chefe da família, sem tempo para si próprio, já que vive para garantir a satisfação das necessidades da sua mãe obesa, emocionalmente perturbada e desastrosa como dona de casa, das suas irmãs e do seu irmão mais novo, Arnie (uma interpretação inesquecível de DiCaprio), que sofre de um atraso mental que o torna completamente dependente dos cuidados de Gilbert.

A realização de Hallstrom nunca nos aproxima demasiado dos personagens; tem sido, de resto, esse o registo a que este autor nos habitou ao longo de uma carreira já longa e, apesar de alguns filmes menores ("Casanova", por exemplo), sempre com temáticas recorrentes (a importância dos laços de vinculação) e normalmente em torno de famílias disfuncionais ("As Regras da Casa", "Chocolate"). A direção de fotografia é da responsabilidade do experiente Sven Nykvist, salientando aqui a luz de verão ao entardecer e reforçando, desse modo, a leve melancolia que atravessa "Gilbert Grape". 

Trailer de "Gilbert Grape", de Lasse Hallstrom

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