domingo, 15 de agosto de 2010

"A Rainha no Palácio das Correntes de Ar" - para acabar de vez com os romances policiais


Stieg Larsson concluiu a trilogia "Millennium" com a obra-prima "A Rainha no Palácio das Correntes de Ar". O livro é brilhante, envolvendo o leitor da primeira à última página (e são mais de 700 páginas!). Construído em espiral e pleno de espessura dramática, acaba por ser o inevitável opus de uma série iniciada com "Os Homens que Odeiam as Mulheres" e prolongada no violentíssimo "A Rapariga que Sonhava com uma Lata de Gasolina e um Fósforo". A teia de personagens está bem urdida e chegando ao fim do livro o leitor inevitavelmente se questiona: "Como é que Larsson conseguiu tamanha proeza"? De facto, a dedicação à criação de semelhante monumento literário deve ter esgotado o autor que, infelizmente, faleceu sem assistir ao sucesso da sua trilogia (pelos vistos, tinha programado escrever dez tomos).

A série "Millennium" atinge um patamar inultrapassável na sua última parte, que parece acabar de vez com todos os romances policiais. Leia-se e perceba-se porque se trata de uma obra tão actual e permanecerá como tal nas próximas décadas. O Clube Zalachenko (nome dado pelo jornalista-herói de "Millennium" ao caso por si investigado e revelado nas páginas da revista onde trabalha) bem podia ser uma metáfora dos casos "Freeport", "Casa Pia" ou "Apito Dourado". Tomara a nossa justiça funcionar como a sueca e o desfecho de tais escândalos seria bem diferente. Para o bem e para o mal!

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