The french connection é talvez o melhor policial da história do cinema. Pleno de grão, de rugosidade, de névoa, de uma luz escura, é um filme cru. Sem contemplações com a beleza estética ou interessado em agradar ao público, Friedkin constrói uma película assertiva, roçando por vezes a forma do cinema documental direto ao osso (veja-se a cena inicial no bar repleto de clientela pouco recomendável e no modo como o realizador filma o grupo de soul music que nele atua).
Nesta obra não há propriamente bons e maus, há sim narcotraficantes e polícias empenhados na sua missão. E há um Gene Hackman, como sempre, a interpretar como se disso dependesse a redenção da humanidade. Ah!, e há uma cena verdadeiramente antológica, em que o icónico detetive Popeye Doyle persegue, de automóvel, o metro pelas ruas sujas da Nova Iorque da década de 70. De um realismo pulsante e capaz de envergonhar qualquer sequência de perseguição da série Velocidade Furiosa. Curiosamente, esta cena só tem paralelo na de outro filme de Friedkin, realizado na década seguinte, Viver e morrer em Los Angeles.
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