Passa-se quase tudo em cenários noturnos e a um ritmo feérico e vertiginoso, embora a segunda história seja mais luminosa e divertida do que a primeira (mais negra e pessimista). Trata-se de um jogo de luz e sombras (não necessariamente por esta ordem) que revela um amor incondicional pelas personagens, mesmo quando elas caminham, de modo ambíguo, entre o bem e o mal. Mas o amor maior de Wong Kar Wai é, em boa verdade, o cinema na sua procura permanente em fazer algo de novo da sétima arte, seja na escolha do melhor enquadramento, seja na precisão do trabalho de montagem.
Como é que um filme pode ser, ao mesmo tempo, tão claustrofóbico e tão (desesperadamente) romântico? Chungking Express mostra-nos essa possibilidade. Que fique claro, sobretudo para quem contactar com esta obra magnífica pela primeira vez: o que se passou aqui foi uma autêntica revolução estética, uma nova nouvelle vague, desta vez em Hong Kong e com um nome que viria a tornar-se incontornável: Wong Kar Wai. Um artista enorme!
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