segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

O Haiti também somos nós (1)


O terramoto no Haiti não é surpreendente. A Ilha Hispaniola, com o Haiti a leste e a República Dominicana a ocidente, é uma das zonas sismicamente mais activas do Planeta. É o local de embate de três placas tectónicas, as norte e sul-americanas, e a caraíbica. A norte-americana move-se para ocidente, em relação às Caraíbas, a dois centímetros por ano. Na região do Haiti, as suas placas embatem uma contra a outra e a tensão criada resulta em falhas e fissuras na crosta terrestre. O terramoto de 12 de Janeiro deu-se numa dessas fissuras.

No entanto, a gravidade da situação está intrinsecamente ligada à pobreza do país. A apenas 90 minutos de voo de Miami, o país das Caraíbas é o mais pobre da América Latina e do Hemisfério Norte. Mais de metade dos quase dez milhões de haitianos ganha menos de um dólar por dia. Enquanto os turistas procuram a República Dominicana, quase nenhum se atreve a entrar no Haiti. Os distúrbios nas ruas, devido à fome, têm afastado os turistas e, assim, o dinheiro. Por fim, durante a crise alimentar de há dois anos, quando um saco de 23 quilos de arroz passou subitamente a custar 70 dólares em vez dos normais 35, o conflito armado chegou às ruas. A violência na política também é uma tradição. Desde a sua independência, já houve 33 ditaduras...

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