
"Second Life", de Alexandre Valente, é mais uma tentativa falhada para reconciliar o público com o cinema português. Há pouco tempo postei aqui um texto crítico sobre "A Esperança Está Onde Menos Se Espera", último filme de Joaquim Leitão, com pretensões semelhantes ao de Alexandre Valente mas bem-sucedido no equilíbrio entre arte e comércio. Senão vejamos: o filme de Leitão, à semelhança de outros filmes do cineasta, tem uma boa realização, um argumento simples mas sólido e actores em estado de graça; pelo contrário, "Second Life" é o típico filme de produtor que se apressa a mostrar aos realizadores como-se-faz-um-filme-de-sucesso, com um argumento desinspirado pleno de pretensões filosóficas e morais, actores sem personagens, vedetas de televisão - e até do futebol - a brincarem aos actores, mas sem nunca se conseguirem descolar das suas personas...
Alexandre Valente parece ter lido à pressa um breve manual de introdução à linguagem cinematográfica antes de ter decidido meter mãos à obra na realização deste filme, de tal forma se prende a um dispositivo formal televisivo cujo único objectivo é levar público à sala de cinema ou à loja de DVD mais próxima. Devia ter aprendido com os grandes produtores da época do cinema clássico americano, que se faziam rodear de cineastas e artesãos que sabiam bem o seu ofício. Para criar um filme de sucesso made in Portugal, não basta juntar vedetas da televisão, paisagens deslumbrantes, misturar - pasme-se! - português, inglês e italiano numa salgalhada linguística mais confusa que a mítica Torre de Babel. O cinema não é fast-food!... É preciso ter-se alma de artista e, acima de tudo, amar a Sétima Arte.
A única nota positiva em "Second Life" (para além, claro, das belíssimas actrizes que aqui se despem para aumentar os números do box-office nacional) vai para a banda sonora de Bernardo Sassetti, que desperdiça o seu talento ao serviço de uma fita medíocre que não merecia tão boa música. É precisamente um excerto da banda sonora que deixo a seguir.
"The Raven King" - Bernardo Sassetti
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