Nova Iorque deve muito do seu encanto à ternura com que Woody Allen filmou a cidade nas suas obras mais emblemáticas. "Manhattan", "Ana e as suas Irmãs", "Alice", "Annie Hall", entre tantas outras películas, conferiram à big apple uma aura romântica que nenhum outro cineasta conseguiu captar.
Em "Tudo Pode Dar Certo", Larry David surge como o Allen-actor de outros tempos, o pessimista auto-obcecado em torno do qual acontecem todas as peripécias. Ele é o neurótico que acredita estar dentro de um filme, que teima em falar para os espectadores do outro lado da tela, perante a incredulidade e estupefacção das restantes personagens. Um dia, cruza-se com uma belíssima e ingénua rapariga vinda dos confins do sul dos Estados Unidos, a quem acaba por dar guarida. Na união mais improvável, tornam-se marido e mulher. Mas ainda menos provável é a viragem da vida da mãe da rapariga, uma fanática religiosa que surge em Nova Iorque à procura da filha, após ter sido abandonada pelo marido.
"Tudo Pode Dar Certo", o nome adoptado em Portugal para o filme, embora também se enquadre dentro da história, fica bastante aquém do original - "Whatever Works" - que consegue transmitir bastante melhor a mensagem subjacente, segundo a qual "tudo o que funcione para ti", por mais inapropriado ou absurdo que possa parecer, "desde que te faça feliz"... é o que interessa.
É um Woody Allen sem o fulgor de "Crimes e Escapadelas" ou "Os Dias da Rádio", mas, ainda assim, vale mais um Woody Allen menor que a maioria dos filmes norte-americanos em cartaz.
Trailer de "Tudo Pode Dar Certo", de Woody Allen
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