"Visto do Céu" acompanhou-me por estes dias de Páscoa. Trata-se de um romance interessante, em torno da violação e assassínio de uma adolescente, a qual, depois de morta, e já no céu (no seu céu, único e singular), observa as consequências do seu desaparecimento nas relações familiares (a dor nunca superada do pai, o afastamento da mãe, o crescimento dos seus irmão e irmã mais novos, as possibilidades que se lhe deparariam se estivesse viva), nos colegas de escola e até no psicopata que a matou.
Alice Sebold consegue a proeza de entrar por territórios paranormais e metafísicos sem cair na tentação do misticismo fácil e da filosofia de cordel. Pelo contrário, revela-se uma romancista a ter em conta, suscitando no leitor reflexões sobre a natureza humana, os laços afectivos, conseguindo comover sem ser lamechas.
O filme de Peter Jackson, que adapta o livro, anda por aí, nas salas de cinema. Ainda não o vi, apenas sei que foi arrasado pela crítica internacional. Se está à altura da obra literária que aqui se destaca, será com certeza uma película a ver. No entanto, da leitura do livro fica a sensação de ser uma obra dificilmente adaptável à sétima arte. Quanto ao livro, recomenda-se.
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