Marco Bellocchio é um cineasta genial (talvez o mais interessante cineasta italiano no activo) e, em tempos de crise também no cinema europeu, ele é um dos poucos sobreviventes do que se convencionou chamar de cinema de autor. "Vencer", a sua última e multipremiada obra, é um ensaio operático visionário que toma Mussolini como pretexto para uma profunda parábola sobre a megalomania política.
O ponto de partida de "Vencer" é a relação amorosa do egocêntrico ditador italiano com Ilda Dalser, mãe do primeiro e renegado filho de Mussolini, que vendeu todos os seus bens em prol da ascensão do homem que amava obsessivamente. Separados à força, Ida Dalser e o seu filho, viveram os últimos anos num manicómio sob uma violenta clausura.
O filme de Bellochio assume-se também como reflexão sobre a forma como o poder corrompe o amor. A montagem, os planos, a luz, são soberbos, transmitindo ao espectador uma sensação de asfixia, tal a densidade e aproximação da câmara à loucura e paranóia esquizofrénica do par romântico da obra.
Trailer de "Vencer", obra de Marco Bellochio

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