Cada novo filme de Woody Allen é um acontecimento cinematográfico e todos as suas obras - insisto: todas! - são verdadeiros deleites para os sentidos e a razão. Desde o argumento, à fotografia, passando pelo jazz e swing da banda sonora, até ao elenco de luxo (e sempre a comprovar que, como bem dizia Hitchcock, não há maus atores mas sim maus realizadores) o visionamento das fitas do cineasta nova-iorquino são sempre um dos grandes momentos de cinefilia do ano.
Que fique claro: "Meia-Noite em Paris" vai ficar como um dos melhores filmes do ano que está prestes a findar, assim como uma das películas maiores da extensa filmografia de Allen.
Depois de, na década de 90, ter dançado com Goldie Hawn na margem do Sena em "Toda a Gente Diz que te Amo", o realizador faz agora de Owen Wilson o seu alter-ego e atira-o pelos espaços mais emblemáticos de Paris e pelas eras mais notórias que esta cidade viveu. Aquele ator interpreta o papel de Gil, um escritor fascinado pela carga romântica de Paris e que tem como objetivo de vida mudar-se para esta capital. Todavia, a sua noiva, Inez, é uma irritante americana, que não partilha nem das aspirações de Gil a tornar-se romancista, nem da sua atração pela cidade das luzes. No auge do choque de interesses entre os dois, Gil entra num velho táxi que, surpreendentemente, o conduz até aos loucos anos 20 e até encontros com escritores e artistas ilustres (Ernest Hemingway, F. Scott Fitzgerald, Picasso, Dalí, Buñuel, Cole Porter, entre outros).
Formalmente, "Meia-Noite em Paris" é uma insólita e romântica viagem no tempo construída diálogos precisos e caricaturas hilariantes das celebridades que habitavam Paris no início do século XX; mas, na sua essência, trata-se de uma reflexão sobre como todos lamentamos o presente e desejamos ter vivido num passado mais glamoroso. Belíssimo!
Trailer de "Meia-Noite em Paris", de Woody Allen
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