Dirijo um grupo de teatro no colégio onde trabalho. O grupo chama-se GAEDE e este ano letivo estou a encenar uma adaptação da obra "Morreste-me", de José Luís Peixoto. Trata-se de um pequeno livro delicado, simultaneamente forte e frágil como todas as grandes obras literárias que emanam do coração do seu autor. Há cerca de 2 meses atrás contactei aquele escritor no sentido de lhe pedir autorização para mexer na referida obra, de modo a levá-la a palcos com a dignidade que tem e merece. José Luís Peixoto demonstrou imediatamente toda a sua generosidade, mostrando entusiasmo e aceitando ser cúmplice desta aventura. Progressivamente, "Morreste-me" está a tornar-se em algo diferente, mas sempre com o maior respeito pelo texto, daí o nome da peça que conto levar à cena durante o primeiro semestre do próximo ano - "Nunca te deixei partir". É a obra do escritor, agora reinterpretada por um encenador e por vários jovens atores.
Na sexta-feira tive a honra de conhecer o mais interessante escritor português da minha geração. Aconteceu numa livraria de Vila Nova de Gaia, onde José Luís Peixoto esteve a promover o seu novo livro, "Abraço". Constatei ali, naquela noite fria de dezembro, se alguma dúvida restasse, que este autor é alguém que mantém a atitude de sabedoria que nasceu com a Filosofia da Grécia Antiga e expressa na humildade socrática "só sei que nada sei". Leia o "Abraço" fraterno, verdadeiro e sincero e descubra a honestidade de um brilhante artesão da palavra. São crónicas e contos vincadamente autobiográficos, que nos agarram da primeira à última palavra.
José Luís Peixoto nunca se cansa de dizer "obrigado" e preza abraços quentes, peito com peito. Zé Luís, eu é que agradeço e envio aquele abraço, na expectativa de um caloroso reencontro.
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