Nada é um romance polémico (chegou a ser proibido, vejam lá, na Dinamarca), no qual Teller ensaia uma narrativa cruel e amarga em torno da perceção que as crianças ocidentais têm acerca da dignidade humana e do sentido da existência.
A história arranca com um rapaz de doze anos, de nome Pierre Anthon, que acha que nada vale a pena e que a vida, tal como a morte, não tem qualquer sentido. No primeiro dia de aulas do ano letivo, manifesta isso mesmo aos colegas, abandonando a sala de aula para se refugiar, desse dia em diante, no ramo de uma ameixeira. Em vão, os seus colegas recorrem a um sem-número de subterfúgios para o tirar da árvore, pelo que decidem então pôr em prática um plano: fazer uma "pilha de significado". O que significa que cada um deve dar algo que tenha significado para si, mas com uma condição: devem ser os outros a decidir. A partir daqui as personagens criam as condições para se imporem exigências extremas e colocar-se em prática a instrumentalização do outro, num microcosmos sedento de vontade em humilhar e até violar a dignidade da pessoa humana.
Trata-se de uma obra literária que deveria constar do Plano Nacional de Leitura do Ministério da Educação. Talvez propondo-se esta opção de leitura, seguida de debate, no décimo ano de escolaridade.

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