sábado, 8 de agosto de 2009

Alberto Caeiro por Nuno Meireles


Esta noite fui assistir à leitura integral e encenada dos quarenta e nove poemas de "O Guardador de Rebanhos", de Alberto Caeiro, pelo actor, encenador e professor Nuno Meireles.

Aconteceu no coração do Porto, numa magnífica noite de Verão, numa sala lindíssima do Palacete dos Viscondes de Balsemão. Foram cerca de noventa minutos de leitura dramatizada em que os versos sublimes de Caeiro se tornaram poesia de Nuno Meireles, tal a contenção de gestos e expressões (apenas os estritamente necessários) a que o actor recorreu para encarnar o heterónimo de Fernando Pessoa, acabando por confundir-se com ele. Dito de outro modo: à medida que a leitura avançava, nós, público, acabámos por deixar de ver Meireles e passar a ver só Caeiro em toda a complexa simplicidade da sua obra poética. No meu caso, vi a Natureza e aprendi que afinal Ela não existe; apercebi-me que toda a Metafísica é vã e que, como escreveu Nietzsche em "A Gaia Ciência", o filósofo fala pela boca do poeta (neste caso, pela voz serena de Caeiro/Meireles).

Pudéssemos nós ter mais e tão boas oportunidades - como esta - de ver e ouvir os grandes poetas e, assim, passarmos a viver e compreender a poesia como um corpo de palavras pleno de alma.

[Para mais informações sobre este e outros trabalhos de Nuno Meireles façam o favor de consultar: http://poesiaemvozalta.blogspot.com]

1 comentário:

  1. Rui, muito obrigado pelas tuas palavras, estas e as pós-leitura, muito obrigado também por seres um ouvinte-espectador tão sensível. Um grande Abraço
    Nuno

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