terça-feira, 4 de agosto de 2009

"L'Heure d'eté" - a Família e a inexorabilidade do Tempo


Desde "Irma Vep", filme de 1996, Olivier Assayas passou a ocupar um lugar cimeiro entre os cineastas franceses da sua geração. A sua mais recente obra, "L'Heure d'eté", esteve para ser uma curta-metragem encomendada pelo Museu d'Orsay por alturas do seu 20º aniversário, mas Assayas encontrou na ideia original matéria-prima para criar uma longa-metragem.

Drama familiar, intimista e nostálgico, a película conta a história de três irmãos que, por tradição, se (re)encontram todos os anos, no Verão, em casa da mãe. No dia do 75º aniversário de Helène, a matriarca, esta decide elaborar o seu testamento, prenunciando, talvez, a proximidade da sua morte. Refira-se que esta mulher dedicou grande parte da sua vida à preservação da obra e património do tio, um famoso pintor já falecido. A morte súbita de Helène, algum tempo mais tarde, obrigará os três filhos a confrontarem-se com a divisão dos bens e memórias do passado.

Olivier Assayas posiciona a câmara nos pormenores (conversas familiares, objectos, lugares) num registo estético próximo do ensaio fílmico, conferindo um cunho realista ao drama familiar. Interessa ao cineasta suscitar no espectador uma reflexão em torno da passagem do tempo e das feridas que, entretanto, ele abre, mas também pensar acerca do valor relativo da arte (estético, afectivo, moral e material) e da família como núcleo central de emoções e afectos positivos.

"L'Heure d'eté", não sendo um filme obrigatório, é um objecto cinematográfico único e merece um visionamento.

Trailer de "L'Heure d'eté", de Olivier Assayas


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