Eis uma pérola cinematográfica: um filme urbano pleno de humanismo.
Com enquadramentos simples e poucos mas bons actores, Thomas McCarthy conta-nos a história de um professor universitário de meia-idade que, após ficar viúvo, tenta recuperar a chama da vida aprendendo a tocar piano. É que este instrumento simboliza, no filme, o esforço por tornar presente a sua falecida esposa, já que ela era pianista profissional. No entanto, a existência do protagonista só ganha novo sentido ao deslocar-se a Nova Iorque para uma conferência. Na Big Apple ele regressa ao apartamento onde já não ia há alguns anos (provavelmente, desde a morte da mulher) e, inesperadamente, encontra-o habitado por um casal de imigrantes clandestinos (um sírio e uma senegalesa). É a relação de profundo amor e amizade que vai sendo construída entre os três personagens (que incluirá, mais tarde, a mãe do imigrante) que, progressivamente, irá transformar a vida do protagonista do filme.
Thomas McCarthy, realizador e argumentista, consegue um olhar delicado e inteligente sobre os quatro personagens, ao mesmo tempo que nos dá um retrato das relações interculturais na América do pós-11 de Setembro. Além disso, oferece a Richard Jenkins o papel da sua vida - justamente, aliás, nomeado este ano para o Oscar de melhor actor. O plano final com o professor viúvo, sozinho, a tocar jambé em plena estação do metro em Nova Iorque é particularmente comovente.
Trata-se de uma película equilibradíssima, sem um único plano ou diálogo a mais, que se recomenda pela excelência da realização, pelos actores em estado de graça e pela mensagem profundamente humanista: todo o ser humano tem direito a lutar pela sua dignidade e, acima de tudo, a viver em paz.
Trailer de "O Visitante", de Thomas McCarthy
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