sábado, 29 de agosto de 2009

Três Livros (1): "Os Bosques de Whitethorn" - regresso ao folhetim


Maeve Binchy é uma escritora irlandesa multipremiada por várias obras mas, sobretudo, muito estimada por milhares de leitores espalhados um pouco por todo o mundo. Lendo qualquer um dos seus livros ficamos a perceber a razão de tantos prémios e carinho por parte do seus fiéis leitores: escreve sempre com sentido de humanidade, humor e compaixão pelos seus personagens, quer se tratem de boas ou más pessoas. Aliás, este é um aspecto sui generis da sua obra: nunca ninguém é completamente mau; há é pessoas que cometeram actos por vezes hediondos, mas pensando que estavam a praticar uma acção plenamente justificada. São personagens que rapidamente se arrependem do mal que causaram ou que querem praticar o bem por meios moralmente duvidosos.

Não é fácil criar personagens assim. É necessário ter um conhecimento profundo da humanidade para conseguir fazê-lo de um modo convincente. Dito de outro modo: é mais fácil dividir os personagens em bons e maus em absoluto.

Serve esta longa introdução para me referir ao romance "Os Bosques de Whitethorn", livro em que Maeve Binchy revela todas as suas capacidades como narradora de excelência, uma construtora de histórias que se cruzam num mosaico literário pleno de sensibilidade e substância, capaz de nos fazer sorrir ao longo de um capítulo, para nos comover no seguinte. Trata-se de várias histórias de pessoas que vivem em Rossmore, pequena cidade no interior da Irlanda, ou simplesmente visitaram o poço de Santa Ana na expectativa de um milgare, uma vez que esse é um local tido como sagrado pela população local. Entretanto, o projecto de construção de uma nova estrada coloca os habitantes de Rossmore em alvoroço, já que, a ser concretizada, a obra destruirá os Bosques de Whitethorn - precisamente o local onde se situa o poço sagrado.

Construída em forma de folhetim, trata-se de uma obra leve, simples na sua estrutura, onde sagrado e profano se cruzam com mestria.

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